Dólar tem alta a R$ 5,69 com ata do Fed e debate entre Congresso e governo sobre IOF

Depois de um breve alívio, o dólar ganhou força ante as moedas fortes e emergentes, com os investidores mais avessos a risco em meio às negociações dos Estados Unidos com vários países sobre tarifas e reação à ata da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). Dados econômicos brasileiros também movimentaram o mercado de câmbio, mas não o suficiente para a valorização do real.
Nesta quarta-feira (28), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6952, com alta de 0,88% ante o real. Durante a sessão, a divisa chegou a ser cotada a R$ 5,7178.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, subia 0,38%, aos 99,903 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
Nesta quarta-feira (28), o mercado de câmbio foi movimentado por dados econômicos no Brasil e a ata da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed).
No cenário doméstico, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) concentraram as atenções. Em abril, o Brasil criou 257.528 vagas formais de trabalho, acima da expectativa de economistas de 175 mil empregos formais.
Para o economista-chefe do BMG, Flávio Serrano, o Caged acima do esperado reforça a visão de que o mercado de trabalho continua aquecido no Brasil.
“A dinâmica extremamente robusta do emprego continua sendo um contraponto ao cenário de desaceleração da atividade econômica, que é necessária – mas não suficiente – para a acomodação da inflação doméstica”, afirmou Serrano.
Para ele, o dado de hoje, aliado a outras informações sobre o mercado de trabalho, como taxa de desemprego e rendimento médio real, segue sendo um desafio para o Banco Central na condução da política monetária.
Além disso, o mercado continuou a acompanhar os desdobramentos das negociações sobre as mudanças do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em Brasília. O Congresso Nacional já articula projetos para derrubar o aumento do imposto sobre crédito para empresas, previdência privada e câmbio.
O Ministério da Fazenda informou hoje que o governo federal vai resgatar R$ 1,4 bilhão de fundos garantidores que possuem recursos da União para compensar a perda de arrecadação gerada com o recuo de parte das medidas do IOF na semana passada.
Segundo a pasta, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, enviará ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal um ofício solicitando o resgate dos recursos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também se reuniu com os presidentes dos principais bancos privados e com o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Após o encontro, o secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, disse que o governo está aberto ao diálogo e aceita discutir alternativas ao aumento das alíquotas do IOF.
Dólar também sobe no exterior
No exterior, os investidores concentraram as atenções na ata da última reunião do Federal Reserve, que manteve os juros inalterados no intervalo entre 4,25% a 4,50% ao ano.
No documento, o BC norte-americano afirmou que Estados Unidos (EUA) podem enfrentar “trade-offs difíceis” nos próximos meses caso a inflação suba e as perspectivas de crescimento e de emprego enfraqueçam.
O Fed disse que “quase todos os membros comentaram sobre o risco de a inflação se mostrar mais persistente do que o esperado”, conforme a economia do país se adapta às tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump.
“Espera-se que as tarifas aumentem significativamente a inflação este ano e proporcionem um impulso menor em 2026”, dizem os participantes do Fomc na ata.