Moedas

Dólar devolve perdas e passa a subir em meio a temores políticos locais

15 set 2020, 13:03 - atualizado em 15 set 2020, 13:03
dólar
Às 12:22, o dólar avançava 0,37%, a 5,2940 reais na venda, enquanto o principal contrato de dólar futuro tinha alta de 0,41%, para 5,2945 reais (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

Depois de ter operado em queda no início do pregão com o exterior benigno, o dólar à vista passou a mostrar leve alta contra o real nesta terça-feira, após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que o governo não irá mais criar o programa Renda Brasil.

Em um vídeo publicado na manhã desta terça-feira em suas redes sociais, Bolsonaro disse que “até 2022 no meu governo está proibido falar em Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”.

Enquanto isso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, adiou a participação em um evento para se encontrar com o presidente ainda nesta terça-feira, embora a pauta da reunião não tenha sido informada.

Na esteira das manchetes, os mercados rapidamente adotaram postura mais cautelosa, que refletia preocupações sobre a permanência de Guedes no comando da equipe econômica do governo Bolsonaro.

“Há apreensão política, muito receio”, disse à Reuters Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, citando temores sobre a possibilidade de Guedes deixar o cargo depois da decisão do presidente de enterrar o programa –que o governo via como o caminho para deixar sua marca e atrair a fidelidade das famílias mais pobres.

“Enquanto não houver alguma notícia em relação a essa reunião, a tendência é o dólar continuar subindo”, completou.

Às 12:22, o dólar avançava 0,37%, a 5,2940 reais na venda, enquanto o principal contrato de dólar futuro tinha alta de 0,41%, para 5,2945 reais.

Mais cedo, a moeda norte-americana spot havia registrado queda, chegando a tocar 5,2210 reais na venda na mínima do dia (-1,02%), patamar que teria sido o mais baixo para fechamento desde 31 de julho (5,2185 reais na venda).

O apetite por risco inicial no mercado de câmbio refletiu otimismo global depois de dados desta manhã mostrarem que a produção industrial da China acelerou no ritmo mais forte em oito meses em agosto, enquanto as vendas varejistas cresceram pela primeira vez no ano, sugerindo que a recuperação na segunda maior economia do mundo está ganhando terreno.

“Tudo que envolve a China tem um impacto muito forte e efeito de tração para o bom humor, mostrando que a economia chinesa cresceu de forma mais célere do que se imaginava”, explicou Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

Mas, “apesar dos dados, o mercado fica um tanto cauteloso à medida que os investidores aguardam decisões de juros”, acrescentou.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil iniciou nesta terça-feira sua reunião de decisão de juros de dois dias. Na quarta-feira, ao final de seu encontro, o BC provavelmente vai manter a taxa básica de juros Selic na mínima recorde de 2,0%, adotando uma visão neutra que deve continuar até que um ciclo de aperto monetário comece no segundo semestre de 2021, mostrou uma pesquisa da Reuters.

Já nos Estados Unidos –em sua primeira reunião de política monetária desde que o chair do Fed, Jerome Powell, anunciou uma postura mais acomodatícia sobre a inflação–, o banco central pode mudar suas compras de Treasuries para dívidas de prazo mais longo de forma a manter baixos os rendimentos de vértices mais dilatados, disseram alguns estrategistas.

No exterior, moedas arriscadas pares do real –como rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano– apresentavam alta contra a divisa norte-americana nesta manhã.

No entanto, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes –que recentemente tem apresentado fraqueza, ajudando mercados emergentes– abandonou perdas registradas no início do pregão para registrar variação positiva de 0,07%.

Na segunda-feira, o dólar spot registou queda de 1,10% contra o real, a 5,2747 reais na venda.

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