Coluna do Beto Assad

Dólar se aproxima (de novo) de R$ 5. Hora de comprar ou vender?

01 set 2022, 15:22 - atualizado em 01 set 2022, 15:22
Dólar
Saiba o que pode acontecer com o dólar nas eleições e reuniões do Federal Reserve. Leia a coluna do Beto Assad, analista e consultor para o Kinvo. (Imagem: Reuters/Dado Ruvic)

Se você quer complicar a vida de um economista ou analista de mercado, pergunte a ele quanto acha que o dólar valerá no futuro. Se no curto e no médio prazo já é difícil de se prever, quem dirá então para prazos mais longos.

São tantas as variáveis que afetam o preço da moeda norte-americana, que o máximo que analistas de mercado conseguem fazer é colocar uma estimativa, com base no que está acontecendo no momento e com a probabilidade de eventos que possam ocorrer no futuro.

Mas quando falamos de probabilidade, qual era a chance de acontecer uma pandemia em 2020? E logo depois, quando as economias mundiais estavam em franca recuperação, quem iria esperar por um conflito envolvendo a Rússia, capaz de reacender discussões a respeito de uma nova guerra fria?

Isso mostra o quanto é difícil traçar cenários para uma moeda utilizada em escala global como reserva de valor.

No caso brasileiro, se o cenário interno turbulento já fez com o que o dólar disparasse nos últimos anos, a economia americana também deu sinais problemáticos, trazendo ainda mais volatilidade para a principal moeda do mundo.

Cenários para o dólar

Quando olhamos as projeções de economistas, temos um cenário otimista que coloca a moeda trabalhando entre R$ 4,70 e R$ 5,10. Nos cenários mais pessimistas, a moeda pode chegar próximo de R$ 5,50 até o fim de 2022.

Analisando as últimas versões do Boletim Focus, a mediana das projeções têm apontado o dólar a R$ 5,20, uma espécie de meio-termo entre os analistas.

Mas, ao meu ver, um valor da moeda norte-americana tem se mostrado simbólico nos últimos tempos, o tão falado R$ 5,00.

Sempre que o preço do dólar se aproxima dessa região, começam as perguntas se chegou a hora de comprar ou vender a moeda. Parece que o número redondo possui uma aura, onde abaixo dele o mercado só cai e acima o céu é o limite.

Claro que as coisas não são tão simples assim, mas a faixa do “5” realmente tem atraído a atenção de investidores e pessoas que precisam da moeda.

Quando olhamos o gráfico do dólar, ele vem trabalhando em tendência de baixa no curto prazo. Mas quando marcou nessa semana a mínima a R$ 5,01, a força compradora que entrou foi impressionante, levando rapidamente a moeda para cima de R$ 5,20 novamente.

Eleições e Federal Reserve

Quando olhamos os cenários econômico e político, a situação fica ainda mais curiosa.

Primeiro temos as nossas eleições presidenciais, que estão cada vez mais próximas. Depois temos o próprio cenário econômico dos EUA, que promete mais um aumento da taxa de juros na próxima reunião do Fed, o equivalente ao Banco Central deles.

Em evento na última sexta-feira, Jerome Powell, o presidente do Fed, deixou claro que eles não vão poupar esforços para controlar a inflação no país, mesmo que isso custe o crescimento econômico.

As bolsas lá fora responderam de maneira bem negativa desde sexta. Aqui o Ibovespa caiu na sexta, se manteve estável na segunda, e acabou perdendo força nos últimos pregões.

Com tudo isso acontecendo, muita gente se pergunta, então, para que lado vai o dólar afinal.

Dólar cai ou sobe?

Caso a tendência de queda no curto prazo se mantenha e ele realmente volte pra baixo de 5 reais, abre-se a possibilidade dele ir, quem sabe, até os valores mínimos do ano, perto de 4,60. É um cenário bem otimista, considerando tudo o que tem para acontecer em 2022.

A verdade é que a nossa taxa de juros, perto de 14% ao ano, está bem atrativa para investidores estrangeiros. E isso estava ajudando a nossa moeda a se manter mais forte frente ao dólar nos últimos dias.

Mas a chance dos juros americanos subirem 0,75 ponto percentual ganhou força, voltando a pressionar o nosso real.

Agora, com as eleições bem próximas de acontecer, vão ganhar importância também as palavras de cada candidato a respeito de como eles pretendem lidar com a dívida pública a partir do próximo ano.

E se o mercado não gostar do que ouvir, essa alta atual do dólar dos últimos dias pode se estender bem. Agora é aguardar e esperar por boas notícias. E continuar fazendo projeções com o que temos em mãos.

Aproveite para conferir todas as colunas do Beto Assad aqui no Money Times.

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Analista e consultor financeiro no Kinvo
Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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