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É tarde demais para comprar as ações da Tesla?

05 fev 2020, 14:26 - atualizado em 05 fev 2020, 14:41
A alta da Tesla nos últimos cinco pregões marcou a melhor sequência de ganhos da ação em cinco dias desde maio de 2013 (Imagem: Pixabay)

É difícil imaginar uma ação que esteja gerando mais entusiasmo entre os investidores neste momento do que a Tesla (TSLA). Depois que a empresa divulgou bons resultados nos últimos dois trimestres, seus papéis dobraram de valor neste ano, obrigando os analistas a correr para atualizar seus preços-alvo.

A disparada foi tão forte que os papéis da Tesla já subiram 118% até agora em 2020, superando o desempenho de todas as outras ações do S&P 500.

Não é por acaso que a alta da Tesla nos últimos cinco pregões marcou a melhor sequência de ganhos da ação em cinco dias desde maio de 2013, quando a companhia registrou o primeiro lucro trimestral da sua história. Somente na quinta-feira, as ações da empresa subiram 14%, alcançando US$ 887,06.

Preços Mensais Tesla
Preços Mensais Tesla

Esse impressionante rali fez com que a capitalização de mercado da Tesla atingisse cerca de US$ 160 bilhões, ultrapassando os valuations da General Motors (GM), Fiat Chrysler e Volkswagen juntos.

Se você ainda não investiu nas ações da Tesla ou não tem acompanhado de perto essa história, pode estar se perguntando se o bonde já passou e agora é tarde demais para comprar o papel, depois de um disparada tão forte.

Não existe uma resposta simples para essa questão. E a verdade é que Wall Street ainda está bastante dividida com a Tesla. De um lado, os investidores da Tesla estão aproveitando o impulso gerado pelas entregas recordes que a empresa fez no quarto trimestre e por seus planos de entregar mais carros globalmente em 2020.

Além disso, a conclusão da fábrica em Xangai e o sucesso da companhia em superar seu ambicioso plano de vender 360.000 veículos no ano são um sinal veemente de que a Tesla pode rapidamente se tornar um player de destaque na indústria se continuar atingindo suas metas.

Mudança nos fundamentos

E como os números da Tesla estão melhorando diante da promessa do seu fundador e CEO, Elon Musk, de gerar lucro em todos os trimestres a partir de agora, a indústria automotiva também está passando por uma mudança nos fundamentos.

De acordo com uma reportagem da Bloomberg, essa ideia estabelecida de que as fabricantes tradicionais de automóveis vão alcançar a Tesla no mercado de veículos elétricos é equivocada. Na verdade, Musk pode estar ampliando sua liderança, ao garantir o predomínio da empresa em um dos mercados com perspectivas reais de crescimento mundial nos próximos anos.

“Existe o reconhecimento de que a Tesla está em uma posição proeminente em termos de tecnologia de veículos elétricos”, declarou Peter Rawlinson, CEO da Lucid Motors Inc., no evento BloombergNEF Summit, em São Francisco. “Eles inclusive estão bem mais à frente do que vem sendo divulgado, e acredito que essa lacuna está aumentando, e não diminuindo.”

Além disso, diversos analistas estão atualizando suas projeções para as ações da Tesla, alimentando ainda mais o rali. Bill Selesky, analista da Argus, elevou seu preço-alvo de US$ 556, para US$ 808, citando a “posição dominante [da companhia] na indústria de veículos elétricos”.

Recomendações de cautela

Por outro lado, em meio a toda essa fervorosa reavaliação dos papéis da Tesla, diversos analistas estão recomendando cautela e não acreditam que a história da Tesla seja um mar de rosas como parece.

O Citron Research, site sobre ações administrado pelo operador Andrew Left, que ganhou fama por suas posições de venda a descoberto no mercado, tuitou que até mesmo o próprio CEO da Tesla apostaria contra a ação se fosse um gestor de fundo, classificando os papéis da empresa como o “novo cassino de Wall Street”.

Comentando a alta meteórica da Tesla, Gordon Johnson, da GLJ Research, declarou que a disparada da ação seria “efetivamente um Bitcoin sobre rodas”, ou seja, uma bolha prestes a estourar.

Diversos analistas estão recomendando cautela e não acreditem que a história da Tesla seja um mar de rosas como parece (Imagem: /unsplash/@torbjornsandbakk)

O Índice de Força Relativa (IFR) de 14 dias, que indica a magnitude e a persistência dos movimentos de preço, está agora em impressionantes 92,5 para a fabricante de automóveis.

Em dezembro de 2017, quando o Bitcoin, conhecido por sua alta volatilidade, era negociado a US$ 19.511, o IFR de 14 dias não conseguiu romper a casa dos 91, de acordo com dados da Bloomberg. Via de regra, os analistas consideram que um ativo está sobrecomprado quando o IFR ultrapassa 70.

Pelo lado da demanda, ainda não está claro se a China vai se tornar rapidamente um empreendimento lucrativo para a Tesla. As vendas de carros elétricos se enfraqueceram nos últimos trimestres no país, à medida que o governo começou a retirar os subsídios aos veículos movidos por energias alternativas.

A desaceleração do mercado automotivo chinês, a eliminação dos créditos tributários nos EUA para os clientes da Tesla e o risco de Musk deixar de cumprir novamente suas promessas são alguns dos obstáculos que podem enfraquecer o rali nos papéis da empresa em 2020.

Resumo

Não há dúvidas de que a Tesla voltou com tudo depois de elevar sua produção e construir uma fábrica na China, o que pode virar o jogo para a companhia em termos de lucratividade no longo prazo.

Mas a fabricante de automóveis só apresentou alguns trimestres lucrativos em sua história e nunca foi lucrativa no período de um ano. Sem esse histórico, não recomendamos comprar as ações da Tesla em níveis tão extremos, principalmente com o histórico de fortes ciclos de alta e baixa do papel.

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