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Em 2021 conseguiu, mas em 2022 a Agrifatto tem dúvidas se Marfrig (MRFG3) terá margem nos EUA

17 mar 2022, 9:55 - atualizado em 17 mar 2022, 9:55
Boi Carnes Agronegócio Agropecuária
Encurtamento do rebanho nos EUA ficará mais evidente em 2022 e pressionará a Marfrig (Imagem: Unsplash/@nighthawkshoots)

2021 já foi um ano de oferta de boi mais restrita para os frigoríficos dos Estados Unidos, tanto que resultou em alta das importações de carne, inclusive do Brasil. Mesmo assim empresas como a National Beef, da Marfrig (MRFG3), conseguiram transferir os custos para os preços, respaldadas pelo aumento do consumo per capita (26,3 kg) ao maior nível em 12 anos.

A dúvida é se para 2022 a situação se repetirá do ponto de vista de aceitação pelo consumidor, porque, segundo prevê a Agrifatto, as companhias terão maior aperto de matéria-prima.

A consultoria, que iniciou a cobertura dos frigoríficos recentemente, concorda com várias corretoras, ao estimar dificuldades, neste ano, para Marfrig manter as margens operacionais nos Estados Unidos que levou a “receita líquida da operação a se expandir 37% no quarto trimestre de 2021 e 24% nos 12 meses”, conforme o balanço da companhia.

Por fora, haverá o alargamento do corredor inflacionário do país – já reclamado pela Casa Branca contra as indústrias de carnes -, na esteira da guerra da Ucrânia.

E com o Federal Reserve (Fed) elevando em 25 pontos base a taxa de juros e praticamente jurando novas altas futuras, tentando contrair a inflação de demanda, embora na história de todos os ciclos de contracionismo monetário nos EUA nunca tenha havido impacto no consumo de alimentos.

Lygia Pimentel, CEO da casa de análise especializada em ativos agropecuários, lembra, porém, que o ciclo da pecuária se inverte para os frigoríficos brasileiros. O Brasil deverá ter uma maior oferta de boi, sobretudo no segundo semestre, o que poderá descongestionar um pouco o consumo interno pressionado pelo desemprego, renda baixa e inflação em alta.

Mas a Marfrig, que se destacou também ao “consolidar no balanço a participação na BRF (BRFS3) e adicionou R$ 6,1 bilhões na dívida líquida da companhia”, é das indústrias de bovinos a que mais depende das operações americanas.

Não surpreendeu, portanto, em nenhum dos balanços trimestrais de 2021, a efetiva compensação que as operações nos EUA proporcionaram sobre as operações brasileiras. Se não tivesse ocorrido o congelamento das exportações à China, no 4T21, o máximo que se conseguiria seria o encurtamento dessa dependência.

Daí o truísmo muito usado pelo mercado, segundo o qual a Marfrig é uma “empresa americana listada no Brasil”.

 

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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