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Engie vê coronavírus impactar obra de eólica e contratos no mercado livre

31 jul 2020, 14:27 - atualizado em 31 jul 2020, 14:28
Engie Brasil EGIE3
A companhia, líder privada em capacidade de geração no país, viu a produção de suas hidrelétricas despencar 50% na comparação anual entre abril e junho (Imagem: Facebook/Engie)

A unidade da elétrica francesa Engie no Brasil sofreu impactos negativos da pandemia de coronavírus que incluíram um leve atraso nas obras de um parque eólico, renegociações de contratos de venda de energia a clientes e um menor acionamento de suas hidrelétricas, disse um executivo nesta sexta-feira.

Esses efeitos, no entanto, não impediram a Engie (EGIE3) Energia de quase dobrar o resultado no segundo trimestre, com lucro de 765,8 milhões de reais, quase 99% a mais que no mesmo período do ano anterior.

A companhia, líder privada em capacidade de geração no país, viu a produção de suas hidrelétricas despencar 50% na comparação anual entre abril e junho, em meio a uma forte redução da demanda por energia associada a medidas de isolamento adotadas contra o coronavírus e a uma seca na região Sul.

Mas isso foi compensado parcialmente por um aumento de 10% na geração das termelétricas da empresa e por um mecanismo regulatório de mitigação de riscos de geração para as hidrelétricas, o chamado mecanismo de realocação de energia (MRE), disse o presidente da elétrica, Eduardo Sattamini.

“Neste ano, especialmente, estamos nos beneficiando mais desse ‘seguro'”, disse ele, em teleconferência com investidores e analistas sobre os resultados.

A companhia também precisou renegociar contratos com clientes no mercado livre de energia, onde grandes empresas como indústrias negociam suprimento e preços diretamente com geradores e comercializadoras, uma vez que muitos negócios foram obrigados a fechar no segundo trimestre devido a quarentenas adotadas para reduzir a disseminação do coronavírus.

As renegociações de prazos de pagamento envolveram 273 megawatts médios em energia, para aliviar momentaneamente clientes de setores mais impactados.

Obras da Engie também foram afetadas em alguma medida pelas medidas de isolamento, principalmente o parque eólico Campo Largo Fase 2, em construção na Bahia.

“Tivemos 82 dias de paralisação das obras em função de decretos municipais e que vão impactar nosso cronograma em cerca de 60 dias”, disse Sattamini.

Ele afirmou, no entanto, que esse atraso não resultará em retorno abaixo do previsto para o ativo.

“A gente entende que esse atraso come todas as gorduras que a gente tinha, mas ainda possibilita a entrega de resultado como esperado em nosso plano de negócios”, garantiu ele.

A companhia também está construindo dois projetos de transmissão de energia, sendo que um deles, Gralha Azul, tem conclusão prevista para setembro de 2021, sem impactos devido à pandemia.

Obras da Engie também foram afetadas em alguma medida pelas medidas de isolamento, principalmente o parque eólico Campo Largo Fase 2, em construção na Bahia. (Imagem: REUTERS/Charles Platiau)

Já o projeto Novo Estado, que compreende linhas de transmissão entre Pará e Tocantins e foi comprado junto à indiana Sterlite, iniciou obras civis em maio e tem operação projetada para dezembro de 2021.

Renováveis e Carvão

Planos divulgados globalmente pela Engie de focar negócios em renováveis e infraestrutura e desinvestir de ativos não essenciais não impactam a operação no Brasil, que já está alinhada a essas diretrizes, mas podem até dar um impulso adicional, afirmou Sattamini durante a teleconferência.

“Para nós é um reforço de nossa estratégia. É uma expectativa, inclusive, de mais atenção e mais disponibilidade de recursos para crescimento”, disse o CEO.

A unidade brasileira da Engie, inclusive, já havia anunciado ainda em 2017 a contratação de assessores financeiros para buscar se desfazer de ativos a carvão, incluindo uma termelétrica operacional, o complexo Jorge Lacerda, e uma então em construção, a usina Pampa Sul, hoje em funcionamento.

Mas esses planos não avançaram até o momento, apesar de negociações com possíveis compradores.

Sattamini disse que esforços mais intensos para a venda de Pampa Sul devem ser retomados após alguns ajustes operacionais na usina, que passou a operar recentemente.

“Quando estiver com a operação mais redonda, devemos reiniciar o processo de venda. A gente vem analisando as possibilidades, conversando com alguns potenciais interessados. Mas ainda não conseguimos encontrar uma solução que seja satisfatória para nós”, disse ele, após pergunta de um analista.

“Enquanto isso, a gente vai operando, da maneira que a gente pode, de forma lucrativa, gerando caixa”, acrescentou.

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