‘Erro que deu certo’: Como ganhar (e proteger) seu dinheiro com stablecoins?
As stablecoins, criptoativos lastreados em ativos do mundo real (como o ouro e o dólar, por exemplo), ganham cada vez mais relevância no mercado cripto. Ao todo, o segmento já supera US$ 300 bilhões em valor de mercado. Só a Tether Holdings, uma das maiores detentoras de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, possui quase US$ 120 bilhões.
Apesar do crescimento, por natureza, as stablecoins são moedas estáveis. A dúvida que surge é: é possível lucrar com esse universo?
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Em um evento realizado pelo Crypto Times nesta sexta-feira (24), mediado pelo editor-assistente do Money Times, Renan Sousa, os convidados Guilherme Prado (Country Manager do Brasil da Bitget) e Valter Rebelo (especialista de criptoativos na Empiricus) falaram sobre as perspectivas e as formas de ganhar e também proteger investimentos nesse mercado de stablecoins.
De acordo com Rebelo, para quem investe em cripto, as stablecoins servem não apenas para manter um caixa de liquidez, mas também um caixa dolarizado. De quebra, o investidor pode se proteger da volatilidade.
“Se você quiser se expor a essa tese, existem alguns cases dentro de DeFi que te possibilitam se expor mais diretamente a essa tecnologia”, lembra o analista.
Ele afirma, ainda, que há opções de comprar ações ligadas a esse nicho, como as da Circle, que teve resultados expressivos. Nos últimos seis meses, a empresa — ligada ao mercado cripto e que fez IPO neste ano — teve retorno de oito vezes.
“Esse mercado está ganhando cada vez mais corpo e há uma estratégia por trás da aprovação e do fomento dessa indústria: a criação de demanda para os Treasuries americanos”, destaca Rebelo.
Para quem busca exposição ao dólar, esses ativos também podem ser uma boa opção.
‘Erro que deu certo’
Para Guilherme Prado, a stablecoin foi um erro que deu certo.
“Imagina que, naquela época, as pessoas começaram a fazer trade de bitcoin e queriam investir em outra criptomoeda, digamos o Ethereum. Como você balizava seus ganhos? A stablecoin surgiu como uma forma de equalizar isso — as corretoras passaram a utilizá-las para equilibrar as operações.”
Com o crescimento do mercado cripto, porém, o ativo passou a ter outras finalidades ainda mais rentáveis e interessantes.
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“Em países subdesenvolvidos, principalmente no Cone Sul, há um problema muito grande chamado inflação. Então, em países como Argentina, Turquia, Brasil e, de certa forma, Venezuela, você vê uma forte adoção de stablecoins — uma forma de exportar o uso do dólar através da tecnologia”, afirma Prado.
Como ganhar com stablecoin?
De acordo com Prado, a forma mais simples de ganhar dinheiro com stablecoins é colocar os dólares para render, utilizando títulos do Tesouro norte-americano, por exemplo, e emitir tokens na proporção de um para um.
“Mas essas empresas também, de certa forma, te dão uma porcentagem quando você está em uma corretora — como a Bitget, por exemplo. E há também as Yield Stablecoins, que repassam uma grande parte desse yield — desse rendimento — para o usuário”.
Porém, há um desafio importante: a distribuição, destaca o especialista.
“Quem chega primeiro, obviamente, domina o mercado. A Tether hoje, digamos, domina o mercado. Claro que temos a Circle, que também é muito relevante, listada em Bolsa e tudo mais, e vem trabalhando para conquistar esse espaço, mas é muito difícil”.
Risco sistêmico?
Um dos principais questionamentos do mercado é o fato de a Tether ser uma das maiores compradoras de títulos do Tesouro norte-americano, o que poderia representar risco sistêmico em caso de desequilíbrios.
Rebelo, no entanto, afasta essa hipótese. Ele lembra que a empresa já foi auditada por grandes firmas globais e tem margem financeira ampla, o que garante solidez.
A Tether, diz o analista, chegou primeiro, tokenizou o dólar e cresceu atuando em zonas cinzentas da regulação, mas hoje é uma das estruturas mais lucrativas do setor — com cerca de 100 funcionários e receita superior à de muitos bancos médios.