Brasil

‘Escolha de caciques’, eventual troca de Doria por Tebet é irrelevante para eleitorado

23 maio 2022, 16:13 - atualizado em 23 maio 2022, 16:19
terceira via Simone Tebet
O PSDB apoiará a candidatura de Simone Tebet (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A saída de João Doria (PSDB) da corrida presidencial não deve aumentar as chances da chamada terceira via nas eleições presidenciais de 2022, segundo especialistas ouvidos pelo Money Times nesta segunda-feira (23).

O ex-governador de São Paulo, que vinha sofrendo resistências de partidos de “terceira via” e dentro do próprio PSDB, anunciou a desistência mais cedo, em pronunciamento em São Paulo.

A liderança tucana optou pela desistência de Doria para possivelmente apoiar a candidatura de Simone Tebet (MDB) como uma opção que busque romper a polarização entre Luis Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

“Vamos dar um passo à frente agora. A construção agora não é só definir o nome da Simone, mas construir o projeto de compromisso de programa com o Brasil”, afirmou Bruno Araújo, presidente do PSDB, à imprensa.

Araújo, em seu pronunciamento, também não descartou a hipótese de colocar nomes como o do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) para jogo, bem como a possibilidade de uma união com Ciro Gomes (PDT).

Terceira via continua sem forças

Para Marcelo Coutinho, professor da FGV e ex-CEO do Ibope Inteligência, a substituição do nome de Doria pelo de Tebet não deve alterar o desempenho da terceira via nas eleições.

“É completamente irrelevante no jogo eleitoral”, disse.

O cientista político e diretor do Ipespe Antonio Lavareda também não vê potencial de mudança nas chances dos partidos que buscam alternativa ao ex-presidente Lula e Bolsonaro.

“Tudo continua igual antes”, afirmou.

A última pesquisa Ipespe, divulgada na sexta-feira (20), mostra Lula com 44%, Bolsonaro com 32%, Ciro Gomes (PDT) com 8% e João Doria (PSDB) com 4%. Simone Tebet (MDB) e André Janones (Avante) apareceram com 2% cada.

‘Cálculo político’ dos caciques

Para ambos os especialistas, a expectativa para a escolha do nome de Simone Tebet para substituir Doria ocorre devido a cálculos internos entre os partidos, e não necessariamente porque ela seria um nome mais forte.

“Quando você vai selecionar um nome para eleição, existem três caminhos: o eleitoral, pensando no candidato mais forte, que no caso nem mesmo o Doria que estava à frente tinha força para gerar consenso; o das prévias, que simplesmente não deu certo no PSDB; e, por fim, o caminho do cálculo político. Foi o o que ocorreu, uma escolha política”, analisou Lavareda, do Ipespe.

“Vejo a escolha da Simone Tebet como a escolha da conveniência para os caciques. Para os do MDB, é bom porque ela é uma mulher, e afasta algumas imagens que se têm do partido como um grupo de senhores de cabelos brancos. Também é conveniente para os caciques do PSDB, que não engoliram Doria desde o princípio, pois para eles Doria sempre foi um estranho no ninho”, afirmou Coutinho, da FGV.

Tebet se posiciona

Em nota divulgada após o pronunciamento de Doria, Tebet afirmou que o ex-governador “nunca foi seu adversário”.

“Sempre foi aliado. Sua contribuição com a luta pela vacina jamais será esquecida. Vamos conversar e receber suas sugestões para nosso programa de governo”.

“Gostaria muito de ter o PSDB e o Cidadania junto conosco. Vamos aguardar a decisão das direções partidárias. Vamos continuar nossa Caminhada da Esperança. Vamos unir o país e tratar de sua reconstrução moral, institucional e política. O povo tem pressa e precisamos semear esperança”, afirmou.

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Estagiária
Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
laura.intrieri@moneytimes.com.br
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