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O que é o BioTrade e o produto de base biológica?

28 set 2022, 8:00 - atualizado em 27 set 2022, 9:41
ESG
BioTrade é a nova base de dados com foco no comércio internacional de produtos de base biológica lançado pela ONU (Imagem: Pixabay/ Geralt)

*Por Denny Thame

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma nova base de dados estatística focada em comércio internacional de produtos de base biológica. Chamada BioTrade, contém informação sobre fluxos comerciais bilaterais e multilaterais de 1.814 produtos desde 2010.

Mas o que é produto de base biológica? São produtos de origem natural, incluindo plantas e animais:

– em um estágio não processado ou de baixo processamento por exemplo, folhas (chá); frutas inteiras (manga, banana, abacaxi) ou moída (café);

– quando utilizados como insumos, são produtos processados que utilizam exclusiva ou principalmente ingredientes biológicos, por exemplo, camisas de algodão, móveis de madeira ou barras de chocolate; e

– quando são derivados, são à base de recursos biológicos por exemplo, glicerol de óleos e gorduras naturais.

Desenvolvimento sustentável

Esses produtos são essenciais para o atingimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável. A cadeia produtiva deles deve equilibrar ganhos econômicos, sociais e ambientais.

Uma visualização de dados específica para esses produtos é importante para facilitar uma melhor governança, direcionar políticas públicas nesse setor e possibilitar maior transparência que ajude na tomada de decisões.

O Brasil é um dos principais exportadores e importadores desses produtos. Veja a baixo a comparação que a ferramenta permite entre Brasil, China e Estados Unidos.

BioTrade e o desafio global

Portanto, a BioTrade retrata todo o comércio internacional de produtos biológicos. A iniciativa é muito útil, mas ainda falta informações sobre qual volume deste comércio atende as exigências de sustentabilidade.

E isso é um desafio e tanto, principalmente porque falta uma coleta sistemática de dados sobre quais produtos são certificados. E os critérios são muito variados, o que dificulta análises abrangentes e comparáveis em nível regional e/ou global.

Isso se deve a vários motivos, incluindo questões como a proliferação de normas voluntárias de sustentabilidade, cada uma seguindo seus próprios critérios e sendo verificadas da forma como melhor entender os criadores dessas normas. O que gera uma dificuldade de controle estatal ou da sociedade e a falta de harmonização.

Além disso, uma série de dados usados para controle das normas voluntárias de sustentabilidade são tratados como confidenciais e sensíveis. Assim, mesmo quando solicitados certos tipos de dados não são fornecidos o que compromete a transparência do sistema.

Apenas dentro cadeia produtiva, as certificadoras, ou as empresas líderes acabam tendo acesso e ainda assim com muitas assimetrias.

De qualquer maneira, a Biotrade é um avanço em direção a transparência. E tomara que em breve seja possível integrar o qualitativo sobre quanto deste comércio de produtos de base biológica é mesmo sustentável.

*Denny Thame pesquisa bioeconomia circular sustentável na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo.

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