Economia

Estados precisarão subir ICMS para compensar perdas; entenda impacto na inflação

06 dez 2022, 15:38 - atualizado em 06 dez 2022, 15:38
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Teto do ICMS, sancionado por Jair Bolsonaro, impactou em R$ 124 bilhões nas arrecadações. (Imagem: Shutterstock)

Em junho, o presidente Jair Bolsonaro sancionou um projeto de lei que estabelece um teto para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações.

No entanto, isso gerou uma perda de arrecadação para os governos estaduais que impactam na prestação dos serviços públicos. Caso os Estados queiram compensar essa perda, será necessário reverter essa limitação do ICMS.

Pelo menos é isso que indica uma pesquisa realizada pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz). De acordo com os cálculos, o impacto nas arrecadações foi de R$ 124 bilhões.

Para recompor o orçamento, os governos estaduais teriam que elevar a alíquota média padrão do ICMS em quatro pontos porcentuais a partir de 2023, passando de 17,5% para 21,5%.

Segundo a Comsefaz, a elevação da alíquota do ICMS poderia proporcionar R$ 33,5 bilhões aos cofres públicos.

Dos 20 Estados pesquisados, 18 registraram queda na arrecadação das blue chips (combustíveis, energia elétrica e comunicação) de R$ 17 bilhões para R$ 10 bilhões.

Em relação ao total do ICMS arrecadado pelos estados pesquisados, energia elétrica passou a corresponder a 7% da arrecadação e comunicação a 2 %.

Já a gasolina corresponde a 6% da arrecadação e o etanol a 0,7%. O diesel, por sua vez, passou a responder por 5,6% da arrecadação e os demais combustíveis a 3,4%.

Veja quanto cada Estado teria que elevar a alíquota do ICMS para compensar perda de arrecadação

Estado

ICMS atual ICMS ideal

Valor recuperado

Acre 17% 20% R$ 203 milhões
Ceará 18% 21,4% R$ 2,16 bilhões
Distrito Federal 18% 22,5% R$ 1,15 bilhão
Espírito Santo 17% 21,1% R$ 1,64 bilhão
Goiás 17% 24,2% R$ 5,32 bilhões
Mato Grosso do Sul 17% 20,7% R$ 1,20 bilhão
Mato Grosso 17% 20,2% R$ 1,10 bilhão
Pará 17% 21,5% R$ 1,99 bilhão
Paraíba 18% 23,6% R$ 1,05 bilhão
Pernambuco 18% 20,5% R$ 2,43 bilhões
Piauí 18% 24,1% R$ 779 milhões
Paraná 18% 23,5% R$ 4,92 bilhões
Rio Grande do Norte 18% 22,3% R$ 867 milhões
Roraima 17% 19,6% R$ 76 milhões
Rio Grande do Sul 17% 20,9% R$ 4,25 bilhões
Santa Catarina 17% 20,7% R$ 3,44 bilhões
Sergipe 18% 22,7% R$ 450 milhões
Tocantins 18% 22,8% R$ 499 milhões
Brasil 17,5% 21,5% R$ 33,5 bilhões 

Impacto do ICMS na inflação

A limitação do ICMS foi promovida pelo governo federal como uma forma de controlar os preços dos combustíveis que estava alto e pressionando a inflação.

Isso resultou em três meses consecutivos de deflação no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador apresentou resultados negativos em julho (-0,68%), agosto (-0,36%) e setembro (-0,29%).

Em outubro, a medida perdeu força, resultando em uma alta de 0,59%. Caso a alíquota volte a subir, a inflação também deve ganhar um impulso.

O Banco Central está de olho nas movimentações inflacionárias e a projeção é de que haja um reajuste de 0,25 ponto percentual na Selic em fevereiro ou março do ano que vem, dependendo dos efeitos da PEC de Transição.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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