Internacional

Europa retoma lockdowns sem garantia de que irão funcionar

31 out 2020, 16:05 - atualizado em 29 out 2020, 11:20
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Cada dia registra um recorde de casos, e os estados membros – em pânico – buscam respostas. Não estão certos de que o que funcionou da primeira vez funcionará novamente (Imagem: Reuters/Charles Platiau)

Uma cúpula virtual de líderes da União Europeia se transformou em uma reunião sobre crise depois que suas duas maiores economias impuseram rigorosas restrições que muitos juraram não fazer. É um momento de acerto de contas com o coronavírus, que em sua segunda onda pegou o bloco na defensiva.

Em videoconferência na quinta-feira, haverá a sensação inevitável de que os líderes estavam errados ao pensar que o pior havia passado e que a pandemia poderia ser contida com medidas específicas.

Cada dia registra um recorde de casos, e os estados membros – em pânico – buscam respostas. Não estão certos de que o que funcionou da primeira vez funcionará novamente. A Covid-19 já não é tão mortal, mas os casos estão aumentando.

No bloco de 27 países, onde mais de 210 mil pessoas morreram da doença e quase 6,5 milhões foram infectadas, o padrão agora parece ser o fechamento de restaurantes e toques de recolher nas cidades, mas com a insistência em manter as escolas abertas. A Alemanha, motor econômico do bloco, vai impor uma paralisação parcial de um mês a partir de segunda-feira, enquanto a França declarou lockdown nacional a partir de sexta-feira.

A Itália também avalia lockdowns regionais, de acordo com autoridades do governo que não quiseram ser identificadas. Os novos casos saltaram para um recorde nesta semana, e as hospitalizações atingiram o nível mais alto desde maio.

Irlanda e Portugal também impuseram medidas para conter a propagação, mas muitas das novas restrições são menos rigorosas do que as anteriores na primavera, e foram anunciadas depois que o número de casos já havia aumentado. A preocupação é que, como as pessoas se acostumaram com a pandemia, podem não aderir às regras com tanta disciplina.

A UE diz que os países membros desperdiçaram os bons resultados iniciais na primavera, quando confinamentos rigorosos impediram a propagação da doença.

“As medidas foram relaxadas muito cedo”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a repórteres em Bruxelas na quarta-feira. O virologista Peter Piot, conselheiro de der Leyen, disse em conferência de imprensa conjunta: “Se relaxarmos demais, haverá uma terceira onda”.

Também no Reino Unido, aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro Boris Johnson para impor medidas mais duras à medida que o ritmo de casos continua a aumentar.

Um relatório do Imperial College London e Ipsos Mori concluiu que o governo não está fazendo o suficiente para conter a pandemia e que o ressurgimento atingiu um “estágio crítico”.

Mesmo países que inicialmente administraram a pandemia com eficiência baixaram a guarda. A Grécia, que ganhou aplausos globais durante o surto inicial, foi palco de uma série de eventos sociais transmissores do coronavírus, como casamentos e batizados permitidos durante o verão.

As medidas de rastreamento em alguns países chegaram ao limite. Desde 21 de outubro, a Bélgica interrompeu testes em pessoas sem sintomas de Covid-19, pois a capacidade dos laboratórios diminuiu e grupos prioritários, como trabalhadores de lares de idosos, tinham que esperar até cinco dias para obter resultados, agravando a falta de profissionais.

A pandemia de coronavírus atingiu o que é uma espécie de calcanhar de Aquiles para a UE: a responsabilidade primordial de governos nacionais pelas políticas de saúde que, em uma crise, podem minar o valorizado e próspero mercado único do bloco.

Fechamentos de fronteiras nacionais e restrições à exportação de equipamento médico dentro da UE durante a primavera levaram o braço executivo do bloco a tomar ações destinadas a criar uma resposta mais coerente.

A comissão intensificou esses esforços na quarta-feira, pedindo um melhor intercâmbio nacional de dados epidemiológicos e um maior uso de aplicativos de rastreamento móvel, juntamente com um foco em testes rápidos.

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