Mercados

Falências atingem recorde bimestral nos EUA; número final para 2023 assusta

05 abr 2023, 16:28 - atualizado em 05 abr 2023, 16:33
EUA falência juros
EUA têm maior ritmo de falências desde os anos da última crise global financiera. (Imagem: Pexels)

Os EUA testemunham uma onda de pedidos de falência nos dois primeiros meses de 2023, em meio ao processo de alta de juros que vem encarecendo despesas e secando a torneira do crédito.

De acordo com o levantamento feito pela agência S&P, somente entre janeiro e fevereiro, 111 empresas precisaram recorrer ao temido Capítulo 11 (a lei de Recuperação Judicial nos EUA). O número supera a média dos últimos 12 anos para este mesmo período e confere um presságio sombrio do que está por vir para a maior economia do mundo.

Mantido este ritmo, analistas da publicação financeira semanal Kobeissi Letter avaliam que os EUA caminham passos largos em direção à marca dos 670 pedidos de falência corporativa ao fim de 2023, em um paralelo nítido com os piores dias da crise financeira de 2008.

Entre os pedidos de falência detectados pela S&P, três deles superam 1 bilhão em dívidas não realizadas a credores.

Os maiores pedidos de falência nos dois primeiros meses de 2023

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Pedidos de falência que superam US$ 1 bi [Fonte: S&P]

Vale frisar que o levantamento não considera o fatídico mês de março, quando o mundo presenciou a queda do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, dois bancos regionais dos Estados Unidos.

Somente no caso do SVB, que entrou com a sua ‘RJ’ no meio do mês passado, há o registro de mais de US$ 10 bilhões em dívidas não realizadas.

Outra consequência relacionada do ambiente macroeconômico mais árido é a maior chance de calotes. No relatório, a S&P diz esperar aumento de “defaults [calotes] para empresas com baixa nota de crédito, em razão da contração da receita corporativa, maior desemprego e política monetária mais apertada”.

Entre os setores primários mais atingidos pela quebradeira estão o de consumo discricionário, industrial, finanças, saúde e de tecnologia.

Temores da chegada de uma recessão vem norteando o temperamento dos mercados americanos nos últimos dias, ao mesmo tempo que os investidores buscam digerir uma bateria de dados de emprego central à decisão do Federal Reserve no próximo mês.

Até o momento, o cenário mais provável é que o BC recorra a mais um aumento de 0,25 ponto-percentual na taxa-base americana.

CEO do JP Morgan falou: ‘Vem mais por aí’

Em comunicado feito ontem aos acionistas, o presidente-executivo do JPMorgan Chase & Co Jamie Dimon fez questão de alertar que a crise bancária que levou à falência do SVB e do Signature — e deixou tantos outros mais próximo de um precipício financeiro — ainda “está em andamento e terá efeitos nos próximos anos”.

“A crise atual ainda não acabou e, mesmo quando estiver para trás, haverá repercussões nos próximos anos”, comenta Dimon na carta.

Apesar dos problemas a frente, o CEO do JP Morgan minimiza um cenário ‘estilo 2008’. Embora o crash daquela época tenha atingido grandes bancos, financiadores imobiliários e seguradoras com interconexões globais, “a atual crise bancária envolve muito menos atores financeiros e menos questões que precisam ser resolvidas”, disse Dimon.

 

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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