Fed mais duro leva à queda do dólar; confira quais podem ser os próximos passos de Powell

A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve, que ocorreu em 13 de dezembro do ano passado e foi divulgada ontem (03), continua gerando repercussões.

Antes da divulgação, diversos setores da economia global já estavam ansiosos: o ouro fechou em queda, assim como as bolsas europeias e os Treasuries. Hoje, os índices de bolsas da Ásia fecharam no vermelho e o índice do dólar DXY opera em queda de -0,05%, às 11h10, enquanto as bolsas da Europa se recuperaram.

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O que foi divulgado no documento foi a permanência das taxas de juros dos Estados Unidos, que estão entre 5,25% e 5,5%, enquanto os cortes prometidos para 2024 ainda estão sem data definida. Mas por que as taxas foram mantidas e como o mercado está vendo essa situação?

O que está por trás da decisão do Fed?

O documento divulgado pelo Fed explica que a decisão de manter a taxa de juros foi realizada para analisar com cautela o cenário de aperto monetário vivido pelo país. De acordo com o comitê: “os participantes observaram que a incerteza associada às suas perspectivas econômicas era elevada e que os riscos para as perspectivas de inflação permaneciam inclinados para o lado ascendente”.

Um dos agentes que influenciam a decisão do Federal Reserve são os postos de trabalho, citados na ata do Fomc. Conforme a ata, “Os ganhos de emprego moderaram-se desde o início do ano, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa”.

O levantamento da American Data Processing (ADP), divulgado hoje (04), cita a criação de 164 mil postos de trabalho no setor privado, ultrapassando a previsão de 125 mil. O aumento salarial anual desacelerou nos últimos meses de 2023, de 5,6% para 5,4%, e o setor de lazer e hospitalidade foi o que mais realizou contratações líquidas.

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Apesar disso, o número de vagas de emprego apresentou uma diminuição. De acordo com o Jolts, o relatório de emprego e vagas, foram abertos 8,790 milhões de postos de trabalho abertos, uma queda em relação ao número de 8,852 milhões.

A taxa de desemprego nos EUA permanece em 3,7%. Nos últimos 4 anos, a maior porcentagem foi de 14,7%, em maio de 2020.

As opiniões sobre o cenário

De acordo com o CME FedWatch Tool, que traz dados sobre a probabilidade de alterações de juros nas próximas reuniões do Fomc, a expectativa ainda é de cortes. O cenário continua otimista, com 64,6% apostando na diminuição dos juros em março contra 35,4% que acreditam na permanência.

A atuação do Fed é aplaudida pelo presidente do conselho do Morgan Stanley, James Morgan. Em entrevista à Bloomberg Television, ele acredita que as chances de redução de juros ocorrerem esse ano são altas e que a probabilidade de recessão é muito baixa.

Para Thomas Monteiro, editor principal da seção de Opinião e Análise do Investing.com, o mercado permaneceu pouco alterado após a divulgação da ata e o cenário no geral é positivo para os ativos de risco, que sofrem em cenários de recessão.

Monteiro reafirma o tom mais sóbrio do documento, que tentou controlar as expectativas mais otimistas que eram vistas anteriormente, e aposta em uma data: “Embora não seja explicitamente declarado, penso que isto indica que é quase certo que veremos um corte nas taxas já na reunião de março”.