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Federal Reserve divulga nova pesquisa sobre riscos e promessas de stablecoins

01 fev 2022, 9:32 - atualizado em 01 fev 2022, 9:32
Federal Reserve
O documento identifica as potenciais ameaças à estabilidade da política monetária do Federal Reserve dos EUA e examina os meios pelos quais essas ameaças podem ser minimizadas (Imagem: REUTERS/Chris Wattie)

Nessa segunda-feira (31), o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos divulgou um novo relatório de pesquisa sobre stablecoins, observando os riscos e o potencial de ativos digitais emergentes. 

No relatório, os pesquisadores Gordon Liao e John Caramichael examinaram o atual ecossistema de stablecoins e o impacto que esse tipo de moeda pode ter na intermediação de crédito e no balanço do Banco Central americano.

O documento identifica as potenciais ameaças à estabilidade da política monetária do Federal Reserve dos EUA e examina os meios pelos quais essas ameaças podem ser minimizadas.

Ativos tidos como “porto seguro”

O relatório revelou que as stablecoins com lastro ao dólar exibiram “qualidades de ativos seguros”, em comparação com outros criptoativos.

O preço das stablecoins ocasionalmente sobe acima do lastro durante eventos estressantes para o mercado, o que leva à maior emissão dessas moedas em comparação com outros ativos digitais que caem.

Essencialmente, quando o preço de criptomoedas, como o bitcoin (BTC), cai, negociadores buscam segurança nas stablecoins.

“Esses episódios demonstram o potencial das stablecoins de servirem como um porto seguro digital durante períodos de estresse no mercado”, apontou o relatório.

No entanto, uma corrida desses ativos ou uma redenção em massa de ativos seguros poderia comprometer seriamente os mercados.

Os autores recomendam auditorias e exigências de liquidez para evitar os efeitos adversos de uma possível corrida dos ativos digitais. Segundo reguladoras, Tether (USDT), a maior stablecoin, evita, historicamente, a oferta de uma auditoria final. 

“Acreditamos que esse tipo de instabilidade é solucionável com as orientações regulatórias e institucionais adequadas, como auditorias financeiras transparentes e exigências adequadas quanto à liquidez e qualidade das reservas de stablecoin”, consta no documento do Fed.

Sistemas pela estabilidade

A pesquisa do Fed mergulha ainda mais na intermediação de crédito, essencialmente em como a ampla adesão de stablecoins pode impactar os balanços de instituições financeiras e como isso impactaria as interações entre consumidores e bancos.

O documento compara o “narrow banking” de stablecoins, em que dinheiro físico é tokenizado e tem reservas totais no banco central com a intermediação em duas camadas, em que as stablecoins têm reservas em depósitos que emissoras têm em bancos comerciais.

“Entre os vários cenários, um sistema bancário em duas camadas pode suportar tanto a emissão de stablecoin e manter formas tradicionais de criação de crédito”, aponta o relatório. “Em contraste, uma estrutura de ‘narrow-bank’ em stablecoin pode trazer maior estabilidade, mas com o potencial custo de desintermediação de crédito”. 

Pesquisadores descobriram que um sistema em duas camadas cria menos risco para a estabilidade financeira dos Estados Unidos.

Uma abordagem “narrow bank” garante que o lastro permaneça intacto, mas eventos de estresse financeiro podem criar uma situação em que grande quantidade de pessoas movimentam seu dinheiro de depósitos de bancos comerciais para stablecoins, o que coloca o sistema em risco.

“Apesar deste efeito de disrupção de crédito, o efeito poderia ser minimizado pelos limites em reservas de stablecoin e taxas de juros de reserva diferenciadas, a estrutura geral da abordagem do ‘narrow banking’ é potencialmente desestabilizadora para o sistema bancário”, disse o relatório.

“Além disso, a abordagem ‘narrow banking’ pode levar a uma expansão do balanço do banco central, a fim de acomodar a demanda por saldos de reserva de emissoras de stablecoin”.

Quanto ao futuro, o documento divulgado pelo Fed nota que as stablecoins podem apresentar outros casos de uso além de negociação.

“Em conclusão, o uso atual de stablecoins é, primeiramente, motivado pela negociação de criptomoedas, pagamentos de ponta a ponta limitados e finanças descentralizadas (DeFi)”, observou o relatório.

“Pensando mais adiante, as stablecoins podem ter um crescimento ainda maior por meio da facilitação de sistemas financeiros e de pagamento mais inclusivos”.  

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