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Fiagros são alternativa para reconstrução de áreas devastadas por clima

23 out 2023, 15:34 - atualizado em 23 out 2023, 15:34
fiagros
Rio Grande do Sul deve registrar perdas acima de R$ 1,181 bilhões na agropecuária, de acordo com a Emater; Fiagros são a solução? (Imagem: Divulgação)

O surgimento dos Fiagros foi uma das melhores notícias para o mercado nos últimos anos, na minha visão.

Os fundos geram oportunidades para os investidores lucrarem ao lado do setor mais próspero da economia brasileira, e que surgem como mais um mecanismo de financiamento da cadeia produtiva.

Essa nova “engrenagem” será muito útil para os produtores rurais do Sul do Brasil, após um ciclone extratropical atingir o Rio Grande do Sul e provocar perdas de R$ 1,181 bilhões na agropecuária, de acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater)

Segundo a empresa, o ciclone matou mais de 29 mil animais de criação, entre bovinos de corte e de leite, suínos e aves. Na agricultura, a perda foi maior nos cultivos de grãos, principalmente milho e trigo.

O número de produtores afetados ultrapassa 1,6 mil. Estima-se que 327,5 mil litros de leite não foram coletados.

E para quem pensa que o prejuízo se limita ao momento da tragédia, vale a informação de que os efeitos da tormenta ainda devem perdurar.

Como 1.880 hectares de pastagens foram atingidos, alimentar os animais que sobreviveram não será tarefa fácil. Lavouras de hortaliças, uva, tabaco e laranja também sofreram perdas, e parte da infraestrutura foi destruída. Uma quantidade enorme de galpões, armazéns, silos, estufas, chiqueiros, aviários, entre outros equipamentos foram destruídos.

Todo esse prejuízo não afeta apenas os produtores rurais, já que resulta em perdas para toda cadeia.

Recursos do governo serão suficientes?

A partir daí, surge a daí surgem algumas questões: Será que o governo tem recursos para ajudar a todos? Será que os meios tradicionais de financiamento têm capacidade de emprestar dinheiro a custos acessíveis?

Mesmo que parte dos produtores conte com seguros, o dinheiro das indenizações ajuda na reconstrução, mas não é o suficiente para reiniciar a produção.

Considerando esse cenário, podemos afirmar que os Fiagros não são apenas uma das melhores notícias, como também foram criados na hora certa. O ciclone que tanta destruição causou não é um evento comum, mas sim fruto das mudanças climáticas.

Pior, qualquer estado brasileiro e qualquer país do mundo está sujeito a situações extremas como esta. E até nesse ponto os Fiagros podem dar sua contribuição para mitigar danos ambientais.

É sabido que várias cidades rio-grandenses terão sua geografia alterada. Muito do que será reconstruído mudará de local, pois não há confiança de refazer tudo no mesmo lugar, devido à vulnerabilidade.

Sustentabilidade e os fiagros

Essas mudanças podem ser feitas dentro dos conceitos de sustentabilidade. Não se trata apenas de mudar o endereço do empreendimento, mas de refazê-lo visando a mitigação dos impactos ambientais.

E os Fiagros, junto com outras formas de crédito, pode ser protagonista nesta mudança, que não é só física, mas de gestão e de métodos de produção dentro do modelo ESG.

Desta forma, gera-se novas oportunidades para quem perdeu tudo, mas também para a cadeia produtiva como um todo e para os investidores, que terão retornos ao colocarem parte do capital em fundos focados na recuperação e no desenvolvimento.

Pensando nisso, a ideia da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de criar uma regulamentação que viabilize Fiagros que abrangem investimentos em créditos de carbono do mercado voluntário, é mais que acertada e parece acontecer no momento mais adequado para ser posto em prática.

Sócio e gestor da MAV Capital
Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
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Formado em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo, André Ito tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Além de sócio responsável pelo time de Structured Finance e DCM na XP Investimentos ele também atuou em Investment Banking no BTG Pactual e como superintendente comercial dos bancos Pine e Pan. Além disso foi sócio responsável pelo Corporate Desk do Banco BBM.
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