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Fim do home office piora perspectiva profissional das mães

16 jun 2021, 10:04 - atualizado em 16 jun 2021, 10:04
A falta de creches e aulas presenciais expulsou milhões de mulheres da força de trabalho nos EUA desde março de 2020 (Imagem: Bloomberg/. Photographer: Chona Kasinger)

A pandemia abalou as perspectivas profissionais de muitas mães. A volta ao escritório está se mostrando tão prejudicial quanto.

A falta de creches e aulas presenciais expulsou milhões de mulheres da força de trabalho nos EUA desde março de 2020. Agora, a situação piorou.

Embora empregadores como Microsoft, Amazon.com e Netflix tenham oferecido ajuda para o cuidado das crianças e licença emergencial, os benefícios geralmente têm caráter temporário e estão chegando ao fim.

Os US$ 53 bilhões em recursos do governo federal para manter creches funcionando e reabrir as que estavam fechadas foram apenas paliativos.

Muitas empresas reconhecem o dilema diante dos pais, enquanto procuram novos funcionários e tentam reter os que já têm. Companhias como a International Business Machines (IBM) já falam sobre esperar até setembro — início do ano escolar nos EUA —para trazer os empregados de volta ao escritório.

Mas trabalhar de casa exige que alguém cuide das crianças e essa volta ao trabalho presencial acarretou um aumento na demanda, enquanto as vagas disponíveis em creches, acampamentos e outros programas ainda estão bem abaixo dos níveis pré-pandêmicos.

Para muitas famílias, a única solução imediata é um expediente de meio período ou, no caso dos casais que vivem juntos, um deles abandonar o emprego — geralmente a mãe.

Kelly Brinkman, de Prairie Ronde, Louisiana, deixou o trabalho contra sua vontade. Ela era funcionária de uma prestadora de serviços de saúde que eliminou o home office em março e deu prazo de menos de duas semanas para ela se organizar.

Como não encontrou quem ficasse de seus três filhos, foi demitida. Brinkman gostaria de achar outra ocupação, mas concluiu que teria de pagar mais para alguém cuidar deles do que ganharia no emprego.

Mas trabalhar de casa exige que alguém cuide das crianças e essa volta ao trabalho presencial acarretou um aumento na demanda, enquanto as vagas disponíveis em creches, acampamentos e outros programas ainda estão bem abaixo (Imagem: Pixabay/Free-Photos)

“Eu desisti porque simplesmente não adiantava”, lamentou.

Encontrar creches ou babás a valores acessíveis nos EUA já era difícil antes da pandemia. Agora, outros fatores complicam o retorno dos pais ao trabalho presencial.

Primeiramente, ainda não foi autorizada a vacinação de crianças pequenas e existe a preocupação de que sejam infectadas pelo coronavírus pelos pais, mesmo que estejam vacinados.

Em segundo lugar, boas intenções e benefícios emergenciais oferecidos por empregadores são temporários e não dão confiança aos pais sobre uma solução mais permanente. Por último, achar babás e creches ficou ainda mais difícil.

As ramificações são globais. Um estudo publicado este mês por pesquisadores da Northwestern University, University of California San Diego e Mannheim University verificou a devastação profissional para as mulheres durante a pandemia nos EUA, Canadá, Alemanha, Holanda, Espanha e Reino Unido.

Em todos esses países, foi observado o mesmo padrão de mulheres que abandonaram o emprego para cuidar dos filhos enquanto os homens continuaram trabalhando.

Nos EUA, o número de mulheres empregadas em maio de 2021 era 1,8 milhão menor do que em fevereiro de 2020, a última leitura antes de a maioria dos escritórios ter fechado no país.

bloomberg@moneytimes.com.br