Coluna da Roberta Scrivano

John Paz: ‘Tornar-se uma fintech está cada vez mais vantajoso para empresas’

13 dez 2022, 10:00 - atualizado em 12 dez 2022, 18:44
John Paz é COO e Country Manager Brasil da Pomelo, startup que desenvolve infraestrutura serviços financeiros próprios (Foto: Divulgação)

John Paz é COO e Country Manager Brasil da Pomelo, startup que desenvolve infraestrutura para que qualquer empresa lance e escale seus próprios serviços financeiros. Com menos de dois anos de fundação, a Pomelo conquistou a confiança de grandes investidores e já captou US$ 60 milhões para aumentar o acesso a produtos bancários na América Latina.

Na entrevista a seguir, o executivo comenta a tendência de “fintechzação“, o futuro dos meios de pagamento, o papel da web3 nesse processo e como tudo isso contribui para a democratização dos serviços financeiros.  Confira:

Por que cada vez mais empresas – em todo o mundo – desejam se tornar uma fintech, ou seja, uma plataforma de oferta de serviços financeiros?

“Toda empresa será uma fintech”. Essa frase da Angela Strange faz total sentido porque todas as empresas participam de alguma forma do envio (para seus parceiros) ou recebimento (de seus clientes) de dinheiro em seu negócio.

A grande pergunta é: quando essas empresas vão querer ser uma parte mais ativa agregando serviços financeiros? As grandes companhias já possuem forte relacionamento com milhões de usuários e parceiros, além de entendimento das necessidades e características de gastos de seus clientes. Então, por que não melhorar essa relação com serviços financeiros adicionais?

Ao agregar esses produtos, é possível melhorar a experiência e o relacionamento com o cliente, trazendo maior vínculo, monetização em etapas adicionais, possibilidade de pagamentos mais rápidos, antecipação de crédito, criação de outros produtos. São muitas vantagens de ser uma fintech. Hoje está muito mais fácil e rápido se tornar uma.

Como vocês têm observado esse movimento no Brasil? Há espaço para oferta de mais produtos financeiros?

Bill Gates já falava, em 1994, que “serviços financeiros são necessários, bancos, não”. Uma fintech nada mais é do que a descentralização de serviços bancários que antigamente eram fornecidos apenas por bancos.

Hoje não precisamos mais de agências bancárias, por exemplo, o que já reduz a barreira de entrada de novas empresas. O dinheiro, antes investido nessas estruturas físicas, passa a ser direcionado à tecnologia. A criação de novas fintechs tem permitido maior acesso a serviços bancários, de maneira mais prática e ágil, e isso tem gerado inclusão financeira.

No Brasil, a população desbancarizada é ainda enorme – ao redor de 34 milhões, segundo o Instituto Locomotiva. São pessoas sem acesso a produtos básicos, como crédito ou meios de pagamento mais seguros, que poderiam encontrar mais facilidade no seu dia a dia.

Estamos avançando em direção a possibilidades cada vez melhores para o consumidor. O open banking, por exemplo, vai possibilitar melhores tarifas e ofertas customizadas para cada pessoa. Nesse ponto, a tecnologia surge como aliada nesse processo, facilitando ao usar a licença de um parceiro seguindo as necessidades do regulador e sem a necessidade de criar a infraestrutura do zero, por meio de soluções já existentes.

O que uma empresa precisa ter ou fazer para implementar essas soluções?

Para lançar uma fintech é preciso se atentar a três pilares fundamentais: regulação; infraestrutura de tecnologia; e customer experience.

Empresas como a Pomelo resolvem os dois primeiros pontos, de modo que a empresa foca apenas na experiência do seu usuário final. Assim, o tempo de implementação dos serviços financeiros é acelerado, reduzindo drasticamente os custos e necessidade de operacionalizar tudo isso.

Em dois anos de existência, o PIX se tornou o queridinho dos brasileiros, ultrapassando as demais formas de pagamento no país. Ainda há espaço para os pagamentos em cartão? Como as duas tecnologias se relacionam?

No começo deste ano, o número de transações realizadas via Pix superou as movimentações por cartão, demonstrando o alto sucesso da ferramenta. No entanto, o cartão é, muitas vezes, visto como a tangibilização do negócio. Para o usuário final, persiste a associação entre receber o cartão e a conta estar liberada para uso.

Mesmo que hoje em dia se possa acessar o aplicativo e fazer transações virtuais quase imediatamente após a liberação da conta, ainda existe essa percepção de que só ocorre a habilitação dos serviços quando o cartão físico chega. Vimos uma disparada no uso do Pix, mas também vimos um crescimento significativo no uso de cartão. O número de desbancarizados é tão grande que há, de fato, bastante mercado para todas as soluções, inclusive cartão.

O mundo tem avançado para a chamada web3, de economias descentralizadas e maior uso de criptomoedas, por exemplo. Quais são as perspectivas para produtos financeiros no futuro e como as empresas podem se preparar para esse cenário?

O mercado de web3 é extremamente interessante e continuará a crescer rapidamente. Fintechs de cripto e players de embedded finance estão criando produtos e serviços financeiros para pagamento. Vemos a regulação do ecossistema avançando, e o entendimento dos consumidores sobre esse cenário crescendo.

O comportamento do mercado também está mudando, deixando de tratar as criptomoedas como apenas investimento e enxergando os ativos como uma proteção contra a inflação e os movimentos macroeconômicos do mundo.

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