Bancos

Fiscal limita reação de ativos à retomada forte, diz Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco

31 ago 2020, 9:26 - atualizado em 31 ago 2020, 9:26
Bandeira do Brasil
O Brasil deve fechar 2020 com uma contração do PIB menos intensa do que chegou a ser previsto em meio à pandemia (Imagem: Flickr/Isac Nóbrega/PR)

A incerteza fiscal impede os ativos brasileiros de refletirem a recuperação “bastante forte” da economia, diz Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco (BBDC4)  em entrevista por telefone.

Ele afirma que o governo terá de retomar as reformas para deixar claro que a trajetória da dívida será controlada após a pandemia do coronavírus. “O que permitiu ao país enfrentar essa crise com juros muito baixos foram as reformas, inclusive o teto de gastos.”

Honorato diz que os receios sobre a situação fiscal deixam o dólar em nível acima do que deveria ante o real, considerando o desempenho das demais moedas emergentes, além de pressionar os juros longos.

“Se avançamos na PEC emergencial ou na reforma administrativa, podemos ter uma história interessante, com melhora forte nos preços dos ativos.”

O economista-chefe do Bradesco prevê o dólar em R$ 5,10 e taxa Selic mantida em 2% no fim do ano. A moeda americana pode recuar ainda mais dependendo das reformas, mas a recíproca também é verdadeira. “Nós trabalhamos com hipótese de manutenção do regime fiscal. Se não tiver compromisso com o fiscal, vamos ter câmbio pior, mais inflação e deterioração nos juros.”

O aumento dos gastos para o combate à pandemia fará o Brasil registrar déficit fiscal recorde de cerca de R$ 800 bilhões neste ano e a dívida bruta deve se aproximar de 100%, segundo as projeções do governo. “Não teremos como manter uma dívida na casa de 100% do PIB”, diz Honorato. “Passada a pandemia, para seguirmos na trajetória de juro baixo e melhora gradual da economia, é preciso voltar com o ajuste fiscal.”

Retomada

O Brasil deve fechar 2020 com uma contração do PIB menos intensa do que chegou a ser previsto em meio à pandemia, em razão do conjunto de estímulos adotados pelo governo e da melhora das commodities.

O Bradesco estima uma queda de 4,5%, menor do que os 5,3% projetados segundo a mediana dos economistas do mercado pesquisados pelo Banco Central.

“Estamos vendo uma retomada bastante forte da economia e com intensidade crescente”, disse Honorato.

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