Economia

Fitch corta nota dos EUA: Veja as 7 razões para rating baixar de AAA para AA+(e um alento)

01 ago 2023, 23:33 - atualizado em 02 ago 2023, 7:17
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Fitch puxa orelha dos EUA: enquanto democratas e republicanos não se entendem, dívida cresce e nota de risco piora (Imagem: Unsplash/David Everett Strickler)

A Fitch rebaixou a nota dos EUA nesta terça-feira (1) de AAA para AA+. Já a perspectiva do rating foi elevada de negativa para estável, sinalizando que a agência de classificação de risco, uma das três maiores do mundo, não pretende revisar a situação tão rápido.

No comunicado da decisão, a Fitch afirmou que o rebaixamento da nota americana “reflete a esperada deterioração fiscal nos próximos três anos, um elevado e crescente endividamento geral do governo, e a erosão da governança em comparação a pares com notas AA e AAA, nas últimas duas décadas, que se manifesta em repetidos impasses sobre o limite da dívida e decisões em cima da hora.”

A agência prossegue, listando sete argumentos para sustentar sua decisão de puxar a orelha da maior economia do mundo. Veja quais são:

1. Erosão da governança dos EUA

Segundo a Fitch, a capacidade dos EUA de administrarem suas contas públicas está se deteriorando nos últimos 20 anos. Para a agência, as evidências dessa corrosão da governança são os constantes embates políticos sobre temas fiscais e as decisões tomadas de última hora.

A Fitch acrescenta que essa situação “erodiu a confiança na gestão fiscal”. Pesam contra os americanos, também, a falta de uma estrutura fiscal de médio prazo, e a complexidade do processo de elaboração do orçamento.

2. Déficits públicos crescentes

A Fitch estima que o déficit público do governo central seja de 6,3% do PIB neste ano, ante os 3,7% do ano passado. O aumento do rombo será impulsionado por fatores cíclicos de redução das receitas, bem como ao aumento das despesas e ao impacto dos juros mais altos sobre as dívidas. Em 2024, o buraco deve ser de 6,6% do PIB, chegando a 6,9% em 2025.

Para a agência, a lei de responsabilidade fiscal dos EUA terá apenas um impacto “modesto” sobre a evolução do déficit fiscal. Em 2024, por exemplo, a agência calcula que a lei gere uma economia de US$ 70 bilhões, subindo para US$ 112 bilhões em 2025. “Não esperamos novas medidas substanciais de consolidação fiscal antes das eleições de novembro de 2024”, adverte.

3. Aumento da dívida pública

Os pequenos déficits e o elevado crescimento nominal do PIB reduziram a relação Dívida/PIB dos EUA para 112,9% neste ano, ante o pico de 122,3% em 2020. Embora positiva, a queda está longe dos níveis pré-pandemia, de acordo com a Fitch. Em 2019, por exemplo, a relação era de 100,1%.

Para piorar, a perspectiva é de alta nos próximos anos, alcançando 118,4% do PIB em 2025. A Fitch lembra que a relação Dívida/PIB americana é mais que 2,5 vez maior que a de outros países com nota AAA (39,3% do PIB) e AA (44,7%). Além disso, à medida que essa relação sobe, os EUA se tornam cada vez mais vulneráveis a eventuais choques econômicos.

4. Falta de política fiscal de médio prazo

Para a Fitch, os EUA não estão atacando problemas estruturais que comprometem sua saúde fiscal. Na próxima década, os cofres americanos serão pressionados, de um lado, por juros maiores e pelo aumento da dívida pública que elevarão os custos do serviço da dívida, e, de outro, pelo envelhecimento da população, que pressionará os gastos com saúde e seguro social. O Congresso projeta que os custos com juros da dívida dobrarão até 2033 para 3,6% do PIB, bem como um aumento com gastos de saúde e seguro social que chegará a 1,5% do PIB no mesmo período.

5. Recessão no horizonte, alerta Fitch

O aperto dos juros, a queda dos investimentos privados e a desaceleração do consumo arrastarão os americanos para uma “leve recessão” entre o quarto trimestre deste ano e o primeiro trimestre de 2024, projeta a Fitch. O crescimento do PIB deve recuar para 1,2% em 2023, ante os 2,1% do ano passado. No ano que vem, os EUA devem crescer apenas 0,5%.

6. Alta dos juros

A Fitch lembra que o Federal Reserve aumentou a taxa básica de juros dos EUA em 0,25 ponto percentual nas reuniões de março, maio e julho. A agência espera uma nova alta em setembro, que levaria a taxa dos atuais 5,5% ao ano para 5,75%.

O problema, de acordo com a agência, é que a resiliência da economia e o mercado de trabalho ainda aquecido complicam a tarefa do Fed de trazer a inflação para a meta de 2%. A Fitch destaca que, apesar da queda da inflação em junho para uma taxa acumulada de 3%, seu núcleo permanece “teimosamente” alto de 4,1% nos últimos 12 meses. “Isso provavelmente impedirá cortes na taxa de juros até março de 2024”, avalia.

7. O alento da Fitch

Nem tudo é um desastre no cenário desenhado pela Fitch, que destaca “diversas forças estruturais que sustentam os ratings dos EUA”. Entre elas, está a “grande, avançada, bem diversificada economia de alta renda, apoiada por um dinâmico ambiente de negócios”. Além disso, o fato de o dólar ser a principal moeda que compõem as reservas do mundo ao governo americano “uma extraordinária flexibilidade de financiamento”.

 

 

 

 

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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