Gol (GOLL54): ‘Algo parece fora do lugar’, vê BTG Pactual; entenda os movimentos recentes da ação da companhia aérea

Uma semana atrás, a Gol (GOLL54) anunciava ao mercado a conclusão do seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, o Chapter 11. De lá para cá, a companhia tomou os holofotes com mudanças em sua negociação, movimentação das ações e valor de mercado. Na avaliação do BTG Pactual, algo parece fora do lugar.
A equipe de analistas liderada por Lucas Marquiori evidencia os R$ 240 bilhões de valor de mercado implícito da Gol no fechamento do pregão de quinta-feira (12). Esse valor considera a nova quantidade de ações, após a companhia aprovar um plano de capitalização de R$ 12 bilhões, que envolve a emissão de 8,1 trilhões de ações ordinárias (a R$ 0,00029 por ação) e 968 bilhões de ações preferenciais (a R$ 0,01 por ação).
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“Sabemos que o setor aéreo costuma envolver finanças complexas e que a Gol tem um histórico de estruturas financeiras complicadas, mas desta vez até nós ficamos impressionados com o tamanho da distorção”, dizem os analistas.
Com esse valor de mercado, o BTG destaca que a Gol passar a estar entre as empresas mais valiosas do Brasil. Ficando na frente, inclusive, que nomes como a WEG, mesmo que a companhia tenha acabado de sair do Chapter 11.
“Algo claramente está fora do lugar. Acreditamos que isso se deve, principalmente, ao volume muito baixo de negociação das ações, o que tem impedido o mercado de fazer uma avaliação adequada da companhia”, pondera o banco.
Além disso, os analistas não descartam que a conversão em novas ações possa ter gerado alguma confusão.
Uma vez que o BTG acredita em uma convergência para o valor intrínseco em algum momento, mantém recomendação de venda para a companhia aérea.
A mudança nas ações da Gol
O plano de capitalização da Gol prevê que os acionistas da companhia tenham direito de preferência na subscrição.
Devido a esses direitos de subscrição, desde o dia 12 de junho as ações são negociadas na B3 sob nova cotação (valor em reais por 1.000 ações), novo lote padrão de negociação (1.000 ações) e novos códigos de negociação (GOLL53 para ações ordinárias e GOLL54 para ações preferenciais).
Tendo em vista a complexidade das mudanças, o banco elenca o seguinte passo a passo para explicar a operação:
- Passo 1: devido à implementação do direito de preferência, desde ontem, as ações da Gol a ser negociadas “ex-direito” e com o novo fator de cotação (R$ por 1.000 ações) na B3. Além disso, passaram a ser negociadas com um novo lote padrão (1.000 ações) e com os novos códigos de negociação.
- Passo 2: os antigos códigos GOLL3 e GOLL4 foram convertidos em GOLL53 e GOLL54, respectivamente, ambos adotando um fator de cotação e lote padrão de negociação de 1.000 ações.
- Passo 3: com o início das negociações dos direitos de preferência na B3, passou a vigorar um lote padrão de negociação de 1.000 direitos, com fator de cotação em R$ por lote de 1.000 direitos.
- Passo 4: os bônus de subscrição da Gol, que eram negociados na B3 sob o código GOLL13, também foram convertidos para GOLL80.
- Passo 5: esses bônus de subscrição estão sendo negociados em lotes de 1.000, com fator de cotação em R$ por lote de 1.000 bônus.
“Também queremos enfatizar que todo o capital social da Gol Investments é de propriedade da New GOL Parent (NGP), uma sociedade de capital fechado constituída de acordo com as leis de Luxemburgo. Além disso, aproximadamente 80% do capital total e com direito a voto da NGP pertence ao Abra Group Limited”, diz o BTG Pactual.
Nesta sexta-feira (13), as ações GOLL54 entraram em leilão no início do pregão com duração por toda a sessão. Dessa maneira, não houve negociação ao longo do dia. Na véspera, primeiro dia da nova operação, as ações dispararam 406,43%, a R$ 52,01.