Política

Governadores serão responsáveis por preço alto de medidas contra coronavírus, diz Bolsonaro

16 abr 2020, 19:23 - atualizado em 16 abr 2020, 19:23
Jair Bolsonaro-Nelson Teich
Bolsonaro voltou a afirmar que as quarentenas e demais medidas de isolamento implantadas nos Estados para conter a disseminação do vírus estão sendo responsáveis por uma alta no desemprego (Imagem: Marcello Casal JrAgência Brasil)

Ao anunciar nesta quinta-feira a troca no comando do Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou para atacar novamente governadores por medidas de isolamento social determinadas no âmbito de combate ao coronavírus, e disse que aqueles que cometeram excessos serão responsabilizados pelos preços altos.

Bolsonaro voltou a afirmar que as quarentenas e demais medidas de isolamento implantadas nos Estados para conter a disseminação do vírus estão sendo responsáveis por uma alta no desemprego, e criticou governadores e prefeitos pelo que afirmou serem medidas em excesso e exagero.

“A vida não tem preço, mas a economia, o emprego, têm que voltar à normalidade, não o mais rápido possível, mas tem que começar a ser flexibilizado para que exatamente não venhamos a sofrer mais com isso”, disse Bolsonaro em pronunciamento no Palácio do Planalto.

“Em nenhum momento eu fui consultado sobre medidas adotadas por grande parte dos governadores e prefeitos. Temos certeza que eles sabiam o que estavam fazendo. O preço vai ser alto. Tinham que fazer alguma coisa? Tinham. Mas se por ventura exageraram, não botem essa conta, não no governo federal, não botem mais essa conta nas costas do nosso sofrido povo brasileiro”, acrescentou.

Bolsonaro demitiu Luiz Henrique Mandetta do comando do Ministério da Saúde justamente por discordar da postura do então ministro sobre o enfrentamento à pandemia.

O presidente defende que somente os integrantes do grupo de risco deveriam ficar isolados, enquanto Mandetta publicamente recomendava à população que seguisse as orientações dos governadores — que também são defendidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo Bolsonaro, o remédio pode se tornar um veneno devido aos impactos econômicos da paralisação provocada pelo isolamento.

Bolsonaro não citou especificamente nenhum governador no pronunciamento, mas no passado já atacou diretamente João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, que se tornaram seus desafetos após a eleição de 2018. Os dois governadores foram os primeiros a implementar medidas de restrição de circulação.

O presidente, no entanto, fez referência a pessoas sendo detidas por autoridades policiais por descumprirem regras de isolamento, como já aconteceu no Rio de Janeiro. Em São Paulo, Doria ameaçou adotar medidas desse tipo.

STF
Na quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal garantiu que Estados e municípios têm poderes para tomar medidas no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus (Imagem: Twitter/STF)

“Os excessos que alguns cometeram que se responsabilizem por eles. Jamais eu mandaria as minhas Forças Armadas prenderem quem quer que seja que estivesse nas ruas. Jamais eu, como chefe do Executivo, vou tirar o direito constitucional de ir e vir, seja qual for o cidadão”, afirmou.

Na quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal garantiu que Estados e municípios têm poderes para tomar medidas no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, como fixar regras de isolamento social, quarentena e restrição no uso de transporte público, na prática derrubando medida provisória do governo Bolsonaro que visava a concentrar poderes no Executivo Federal de tomar determinadas decisões durante a pandemia.

A disputa do presidente com governadores também chegou ao Congresso, onde tramitam projetos de ajuda financeira aos entes para o enfrentamento ao coronavírus.

Uma proposta da Câmara considerada como mais favorável aos Estados enfrentou a rejeição da equipe econômica do governo federal, que articulou mudanças para endurecer o texto no Senado.

Em uma carta endereçada ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), divulgada na noite da quarta-feira, 17 governadores defenderam a aprovação do projeto da Câmara, argumentando que é necessária a “manutenção do adequado funcionamento do Estado” para a proteção da vida, a defesa de empregos e de empresas.

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