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GPA: esqueça a queda do Assaí; venda do Extra é boa para as duas partes (e pode gerar mais dividendos)

15 out 2021, 17:31 - atualizado em 01 nov 2021, 13:39
Pão de Açúcar
Os papéis do Assaí, que chegaram a cair quase 6%, amenizaram o tombo e fecharam em queda de 1,6% (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

A venda do Extra pelo Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) para o Assaí (ASAI3) foi considerada um golaço do GPA. Mas e a rede atacadista: como fica nessa jogada?

Os papéis do Assaí, que chegaram a cair quase 6%, amenizaram o tombo e fecharam em queda de 1,6%. 

A operação dividiu analistas: enquanto alguns questionaram o valor pago pelas 71 lojas do Extra, por R$ 5,1 bilhões, outros afirmam que a compra dará gás para o Assaí continuar sua expansão.

Segundo o especialista da Ativa Investimentos, Pedro Serra, a transação promete ganhos expressivos para o Assaí, que reforça seu plano de expansão de lojas pelo Brasil e garante a abertura de lojas de forma mais rápida.

“Ademais, a operação possibilitará a entrada do Assaí em localizações estratégicas do país, onde a marca ainda não está presente”, afirma.

Na visão do analista Pedro Galdi, da Mirae Asset, a queda do Assaí e a disparada do Pão de Açúcar é natural, já que, a primeira vista, é uma troca de dinheiro de um bolso para outro.

“Mas quando o mercado olhar para frente verá que a operação será boa para as duas”, completa.

Já Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset, afirma que a queda dos papéis teve um certo exagero.

“Óbvio que é um risco até que o ponto o Assaí vai conseguir tornar essa transação rentável nos próximos, mas o valor foi mais alto porque não foram todos os hipermercados do Pão de Açúcar que foram comprados, só os que o Assaí julgou interessante”, completa.

Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos, afirma ainda que as lojas compradas pelo Assaí são bem localizadas, e mais importante, sem sobreposição com as atuais propriedades.

“Além disso, esperamos um aumento robusto nas vendas do Assaí. A reação negativa é muito mais relacionada com problemas de governança, principalmente por conta de acionistas minoritários”, diz. 

Os analistas da XP afirmam, porém, que o Assaí tem um histórico de execução sólido, enquanto a transação faz sentido estrategicamente.

“Portanto, acreditamos que os investidores devem dar o benefício da dúvida para a companhia”, completam.

A XP lembra também que as lojas do Extra totalizam uma área de vendas de 470 mil m², com a loja média tendo 6,6 mil m² e 600-700 vagas de estacionamento.

“Acreditamos que as lojas maiores devem permitir ao Assaí oferecer uma experiência melhor, com maior sortimento de produtos e ofertas de alguns serviços (ex: açougue)”, pontua.

Extra
Sem Extra, GPA ganha grande reforço de caixa (Imagem: Money Times/Vitória Fernandes)

Mais dividendos?

Com a venda do Extra, o GPA ganhará um grande reforço de caixa, o que deverá se traduzir em distribuição forte de proventos aos seus acionistas, que de certa forma irá ajudar o Casino.

A XP calcula que dos R$ 4 bilhões recebidos pelo GPA, R$ 1,2 bilhão serão usados ​​para reinvestir no negócio, principalmente nos planos de expansão do GPA no Brasil e na aceleração das iniciativas digitais, R$ 500 milhões serão pagos em forma de dividendos (6,7% de rendimento) e o restante será destinado para desalavancagem.

“Notamos que o Extra Hiper tem tido um desempenho ruim (margem EBITDA de ~3%), pois tem perdido participação principalmente para o formato de Atacarejo, com o GPA colocando muito esforço em sua recuperação. Com a transação, a empresa deixará de operar o formato e concentrará seus esforços no Pão de Açúcar”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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