Mercados

Gringos na B3: Novembro animou, mas entradas ainda não chegam perto de 2022; entenda

04 dez 2023, 12:20 - atualizado em 05 dez 2023, 12:30
gringos na b3
O saldo no ano na B3 é de R$ 27 bilhões contra R$ 119,8 em 2022. (Imagem: Money Times/Diana Cheng)

Os investidores estrangeiros compraram mais ações na B3 na última semana de novembro. No último dado divulgado, de quinta-feira (30), os gringos entraram com R$ 2,5 bilhões na bolsa. No mês, o saldo é de R$ 21 bilhões.

No ano, esse valor chega a R$ 27 bilhões, com janeiro sendo o segundo mês com maior aporte, de R$ 12,5 bilhões.

No entanto, o valor ainda é bem abaixo do saldo obtido em 2022, de R$ 119,8 bilhões, quando atingiu sua máxima histórica.

Por que 2022 fechou com um saldo tão alto?

Mesmo com uma eleição no meio do caminho, o saldo de 2022 foi um dos maiores visto desde o início da série histórica em 2008. Este tipo de evento, normalmente, afasta investidores de países emergentes como o Brasil, mas não foi o que aconteceu naquele ano.

Para a Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, a entrada de recursos neste período se deu por uma pressão do cenário externo.

“O Brasil acabou ganhando as atenções dos investidores e isso se refletiu como uma questão benigna que a gente acabou ganhando os mercados dentro dos nossos pares (os emergentes). Isso corroborou para que a gente tivesse um fechamento praticamente histórico ali em 2022”, explicou.

O número alto de entradas não se manteve por muito tempo em 2023

Contudo a animação dos gringos se manteve por pouco tempo na virada de um ano para o outro. Em janeiro, eles chegaram a comprar R$ 12,5 bilhões, mas logo sinais de fraqueza começaram a derrubar os números estrondosos de antes. 

Isso aconteceu, segundo Benedito, devido a três fatores que eram imprescindíveis para que a bolsa chamasse atenção dos investidores estrangeiros durante o ano todo. Era necessário, portanto:

  1. uma melhora sobre a trajetória da política fiscal do país, que tardiamente foi solucionada;
  2. continuidade da recuperação econômica, que ficou de lado durante um tempo; e
  3. um cenário positivo para as commodities, que foram abaladas por conta da China.

Agora, no final de ano, com uma melhora na perspectiva fiscal, a aprovação de pautas econômicas importantes e a reforma tributária, os gringos voltaram a ter confiança no país e maior apetite a risco, aportando quantias volumosas.

“O Brasil está muito à frente do restante do mundo em relação ao cenário macroeconômico. O que impossibilitou que esse fluxo entrasse antes na conta brasileira foi, de fato, as incertezas fiscais e o aumento do risco país, devido às incertezas da dívida pública. Se a gente tivesse essas resolutivas antes de novembro, a gente talvez teria visto o fluxo melhorar”, analisou a economista.

Vale lembrar que durante o ano de 2023, os Estados Unidos também enfrentaram alguns impasses que fizeram com que os investidores preferissem os títulos americanos ao mercado de capitais brasileiro. Os treasuries de 10 anos chegaram a atingir uma marca histórica acima dos 5% que não se via desde a crise de 2008.

O que esperar para o fluxo de capitais estrangeiro em 2024

A preocupação de Benedito agora fica por conta dos países desenvolvidos que não trazem uma certeza ainda aos mercados de que irão iniciar um afrouxamento monetário logo no início do ano que vem.

“Se a gente pegar só em comparação ao ano passado, que tínhamos os riscos principalmente com as eleições, e que não impediram o fluxo positivo, talvez agora sem esses vetores de estresse, a gente seja favorecidos”, disse.

No entanto, a economista ainda ressalta que, para os primeiros meses de 2024, fica a dúvida se a haverá essa continuidade de entradas porque a questão do cenário internacional continua muito incerta.

Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.