Economia

Haddad diz que “nenhum aumento de gasto é bem-vindo” e que alta de juros foi “contratada” com Campos Neto no BC

25 jun 2025, 4:07 - atualizado em 25 jun 2025, 2:57
Haddad
Haddad afirmou que o governo vai congelar o debate sobre aumento de gastos (REUTERS/Adriano Machado)

O governo federal pretende “congelar” as discussões sobre a elevação das despesas públicas e neste momento nenhum gasto é bem-vindo, disse nesta terça-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à Record.

“Aumento de gasto público é quando tem necessidade de fazer, em que se faz necessário. Estamos num momento que vamos congelar o debate sobre aumento de gastos, até encontrar o caminho da sustentabilidade dos gastos. Neste momento, nenhum aumento de gasto é bem-vindo, a não ser os imprescindíveis”, disse Haddad ao veículo, conforme texto prévio publicado no R7.

Este mês, o governo Lula editou uma medida provisória com uma série de medidas para garantir o cumprimento da meta fiscal de déficit zero deste ano, depois que um decreto de maio — que havia elevado as alíquotas do IOF para diversas operações para alcançar esse mesmo objetivo — foi revogado, após reações negativas de vários setores.

Com a MP, o governo tem focado principalmente em medidas arrecadatórias, mas parte do mercado continua a criticar a falta de ajustes pelo lado das despesas e a demonstrar desconfiança em relação ao compromisso do governo com as metas fiscais.

Taxa selic

Haddad disse ainda que está preocupado com o nível atual da taxa básica Selic e que a considera muito restritiva em relação às projeções de inflação.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, para 15,00% ao ano, o patamar mais elevado desde julho de 2006, destacando a resiliência da atividade econômica. Na ata da reunião, divulgada na manhã desta terça-feira, o colegiado ponderou que boa parte do impacto dos aumentos da Selic ainda está por vir e, por isso, o ciclo de alta deve ser interrompido no futuro.

Segundo Haddad, o prosseguimento do ciclo de alta visto na decisão mais recente do Copom é uma herança do ex-presidente do BC Roberto Campos Neto que o atual chefe da autarquia, Gabriel Galípolo, não pode desfazer.

“Essa alta, sendo muito honesto, quem é do ramo sabe, foi contratada na última reunião da qual participou o Roberto Campos, em dezembro. É como se tivesse estabelecido uma contratação futura da taxa. Não dá para dar cavalo de pau em política monetária, vai perder credibilidade. Tem que ter muita cautela”, disse à Record.

A última reunião do Copom da qual Campos Neto participou foi a de dezembro, quando a Selic foi fixada em 12,25% ao ano. Desde então, houve quatro reuniões com Galípolo — indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — no comando do BC, em janeiro, março, maio e junho. Em todos os encontros a Selic subiu, acumulando uma elevação de 2,75 pontos percentuais no período.

Estímulo ao crédito

Durante a entrevista à Record, conforme trecho veiculado pelo canal, Haddad também confirmou que o governo Lula estuda formas de alavancar o crédito imobiliário no Brasil.

“O Brasil tem o crédito imobiliário na casa de 10% do PIB. Tem país como o Chile que é 30%. Tem países como a Austrália que é mais de 100% do PIB. Então, nós temos uma avenida para percorrer”, comentou Haddad.

“E neste momento, nós tivemos uma longa reunião com o presidente Lula… para explorar novos instrumentos de crédito imobiliário, com garantia, para que o juro seja baixo, para que a gente possa alavancar uma indústria fundamental para o desenvolvimento do país, que é a indústria da construção civil”, acrescentou.

A íntegra da entrevista será veiculada pela Record News.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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