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Hapvida (HAPV3) precisa mesmo de um aumento de capital? Entenda o problema

16 mar 2023, 17:44 - atualizado em 16 mar 2023, 17:44
Hapvida
Ações da Hapvida enfrentam período de elevada volatilidade (Imagem: Reprodução/Hapvida)

A Hapvida (HAPV3) vive as emoções de uma montanha-russa na Bolsa. As ações da companhia estão altamente voláteis, alternando entre tombos e disparadas desde a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2022.

Após derreter mais de 30% ao reportar reversão de lucro (desconsiderando ajustes), os papéis da operadora de planos de saúde voltaram a despencar 33% quinta-feira passada (9) com a notícia de que a empresa está avaliando alternativas para fortalecer sua estrutura financeira, incluindo a possibilidade de realizar um aumento de capital via emissão de novas ações.

A realização da operação dependerá de condições favoráveis de mercado e aprovações pelos órgãos societários competentes, disse a companhia, em fato relevante apresentado ao mercado.

De olho na repercussão do anúncio, o Itaú BBA preparou dois relatórios especiais para mapear as alternativas que a Hapvida tem sobre a mesa. Afinal, um aumento de capital é realmente necessário neste caso?

Qual é a situação da Hapvida?

Para entender se um aumento de capital é a única saída para a Hapvida, vale a pena destacar a situação atual da companhia.

Segundo o BBA, a principal preocupação atualmente, com a Hapvida queimando caixa, é a capacidade da companhia de destravar caixa sob as regras regulatórias, o que resolveria o problema de solvência.

O BBA explica que a maior parte das dívidas da companhia está alocada na holding, enquanto as “verdadeiras” geradoras de caixa são as subsidiárias operacionais. Adotando uma visão mais conservadora para a normalização da sinistralidade e das margens, os números sugerem fortemente que a holding, com as subsidiárias não reguladas Ultra Som, Hapvida Participações e BCBF Participações, se encontra em posição de caixa apertada, diz.

O BBA explica que, na base consolidada, a Hapvida tem caixa suficiente para cumprir com sua amortização de dívida e obrigações de juros nos próximos anos.

A questão é que as regras regulatórias aplicáveis às operadoras (que é onde o dinheiro está de fato) impede distribuições a holdings se não houver atingimento do mínimo de caixa requerido, que serve como uma espécie de garantia regulatória. É pelo excesso de caixa que as subsidiárias conseguem repassar dinheiro à sua holding, sendo a forma mais convencional o pagamento de dividendos à controladora.

“Desde que as taxas de juros subiram, criando uma situação de estresse para crédito no país, a demanda por dinheiro de subsidiárias às holdings aumentou, mas, ao mesmo tempo, uma sinistralidade maior que o antecipado reduziu a habilidade das subsidiárias reguladas de distribuir esse dinheiro”, diz o BBA.

Por regra, as operadoras precisam de uma margem de solvência (capital) mínimo para atravessar os períodos de incerteza. A questão é que a deterioração de caixa da Hapvida por conta do cenário macroeconômico desafiador acabou levando a uma deterioração acelerada da suficiência de capital da companhia.

“É importante entender que essa é uma questão de capital regulatório, não que falta dinheiro – um fato visto com alívio por alguns investidores que ouvimos nos últimos dias”, reforça o BBA.

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Itaú BBA tem recomendação de “outperform” e preço-alvo de R$ 4,40 para as ações (Imagem: Facebook/Hapvida)

O que a Hapvida pode fazer?

O processo de reestruturação pelo qual a Hapvida está passando visa tornar as operadoras mais eficientes na hora de gerar excesso de solvência, o que colocaria a companhia em uma situação mais confortável.

A fusão de Hapvida Assistência Médica e Ultra Som é o melhor exemplo desse processo, afirma o BBA.

“Ainda tem a potencial incorporação da Ultra Som, o que poderia adicionar patrimônio líquido que estimamos que poderia facilmente superar R$ 2 bilhões”, explica.

Sabendo que 2023 e 2024 serão anos de muita reestruturação corporativa, seria bom ter uma melhor ideia sobre os próximos movimentos da Hapvida em direção a essas incorporações, pois ajudaria a entender como essas operações vão aliviar a margem de solvência e aumentar o dinheiro máximo a ser distribuído dentro da companhia, diz o BBA.

Na avaliação da corretora, dependendo da agenda dessas incorporações e da magnitude da redução nas regras de capital devido a mudanças na RN 518, a companhia não deve depender de um potencial aumento de capital para honrar com suas dívidas e despesas financeiras.

Ainda assim, por mais que acredite que exista bastante upside (potencial de alta) vindo dessas integrações, o BBA entende que um aumento de capital ajudaria a aliviar a situação atual da Hapvida ao garantir à companhia a possibilidade de honrar com suas obrigações de curto prazo.

O BBA segue com recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”) e preço-alvo de R$ 4,40 para as ações da empresa.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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