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Hypera (HYPE3) toma medida ‘radical’ e ação chega a despencar 17% na bolsa, mas recupera fôlego; entenda o que aconteceu

21 out 2024, 12:42 - atualizado em 21 out 2024, 17:33
Hypera
(Imagem: Divulgação)

A Hypera (HYPE3) despenca em meio ao remédio amargo de corte de projeções (guidance) e otimização do capital de giro. A empresa também aproveitou que a ação desaba 37% no ano para recomprar até 4% dos papéis em circulação no mercado.

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Por volta das 12h37, HYPE3 recuava 14%, a R$ 21,95. Mais cedo, o papel chegou a cair 17% e entrar em leilão devido ao alto fluxo de negociações. Porém, a ação virou para alta após o Valor Econômico noticiar que a EMS sugeriu uma combinação de negócios com a farmacêutica.

Com isso, os papéis da farmacêutica terminaram o dia com alta de 1,91%, a R$ 26,16.



A empresa também divulgou uma prévia de resultados do terceiro trimestre, prevendo receitas de R$ 1,9 bilhão, Ebitda de R$ 586 milhões e lucro líquido de R$ 387 milhões.

Dona de marcas como Buscopan, Coristina e Neosaldina, a Hypera pretende obter um incremento na geração de caixa operacional de R$ 2,5 bilhões até 2028 e de R$ 7,5 bilhões nos próximos dez anos.

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Segundo o presidente da companhia, Breno de Oliveira, o plano de seis trimestres será implementado mediante redução de estoques nos clientes distribuidores, como redes de farmácias, e redução de vendas, o que deve impactar as margens no curto prazo.

Números mais fracos que o esperado

De maneira geral, o pacote foi visto com maus olhos pelos analistas. A XP classificou a operação como ‘uma solução radical’. No relatório, os analistas Rafael Barros e Raphael Elage lembram que nos últimos trimestres a empresa tem tido um problema de conversão de caixa.

Porém, a dupla esperava que a questão fosse resolvida sem a necessidade de fazer uma mudança substancial nas políticas comerciais da empresa e que não causasse uma grande mudança nas perspectivas de vendas.

“Vemos o anúncio de forma negativa, pois deve ter um grande impacto na receita e, consequentemente, no Ebitda e nos lucros – mesmo em períodos futuros”, coloca.

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Os números do terceiro trimestre divulgados pela empresa também estão bem abaixo das estimativas anteriores, “que observamos terem sido atualizadas muito recentemente”.

“Portanto, esperamos que a ação tenha um desempenho negativo no pregão de segunda-feira”, coloca.

Já o BTG recorda que nos últimos seis anos, a HYPE superou seu guidance três vezes e entregou, em média, 96% do lucro líquido esperado.

“Mas pela primeira vez em seis anos, a empresa não está (re)ancorando o mercado, pois nenhuma orientação adicional foi fornecida. Acreditamos que as expectativas para o quarto trimestre também estão em risco”.

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Não por acaso, o papel está na mínima de 5 anos, com os preços negociados perto dos patamares de 2016.

O Goldman Sachs, por sua vez, diz que já estava cético com o guidance, o que foi uma das principais razões pelas quais o banco rebaixou as ações para neutro em agosto.

“No entanto, essa preocupação se materializou não apenas mais cedo do que o esperado, mas também com uma falha muito mais pesada, já que a orientação preliminar para o mercado implica uma falha preliminar de 30% do Ebitda em relação ao consenso”

E mais do que isso. O Goldman argumenta que por mais que a estratégia de melhorar a geração de fluxo de caixa na redução dos níveis de recebíveis e estoque de clientes pareça adequada, isso provavelmente desancorará as estimativas de 2025, dada a magnitude da perda de lucros de curto prazo.

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O que fazer com o Hypera?

O Itaú BBA aproveitou o momento para cortar a recomendação da Hypera de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 29, antes em R$ 37.

Segundo o BBA, o movimento inesperado no mercado colocou uma pressão significativa nas previsões da empresa para 2024 e 2025.

“A sensibilidade do mercado à dinâmica de curto prazo tornou os investidores menos dispostos a pagar antecipadamente por potenciais ganhos de longo prazo”.

Os analistas notam também que apesar das características de longo prazo ainda atraentes na tese de investimento da Hypera, a tese pede uma abordagem mais cautelosa até que um sinal mais claro de um ponto de inflexão nos resultados seja visto.

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Já o Bradesco BBI até gostou da notícia, revisando o preço-alvo para 2025 para R$ 35 (de R$ 34) após incorporar:

  1. a melhora no ciclo de caixa e;
  2. menor Ebitda, dada uma visão mais conservadora sobre o crescimento da receita e margem bruta mais fraca.

Porém, os analistas mantiveram a recomendação neutra. Eles calculam que HYPE3 está sendo negociada a 10,4x e 7,4x o múltiplo preço sobre o lucro (P/L) esperado para 2025 e 2026 (15x e 10x assumindo tributação potencial e sem considerar nenhuma contrapartida) ante 12x de sua média histórica.

O BTG também possui recomendação neutra devido ao momento ainda fraco dos lucros, cenário competitivo difícil e riscos relacionados a potenciais mudanças regulatórias em impostos, sem falar nas incertezas decorrentes das notícias recém anunciadas.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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