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Ibovespa é tomado por aversão a risco e cai na contramão de Wall Street; dólar sobe a R$ 5,58

14 jul 2025, 17:14 - atualizado em 14 jul 2025, 17:18
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O Ibovespa completou o 6º dia consecutivo de perdas e destoou das altas de Wall Street com a continuidade do tarifaço de Trump (Imagem: iStock/Lemon_tm)

O Ibovespa (IBOV) engatou a sexta sessão consecutiva de perdas com os investidores calibrando os efeitos do “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil.

Nesta segunda-feira (14), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 0,65%, aos 135.298,99 pontos. 

Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5842, com alta de 0,66%

No cenário doméstico, o mercado ainda concentrou as atenções no “tarifaço” aos produtos brasileiros.

O governo brasileiro tem trabalhado em cenários de negociações com os Estados Unidos, a fim de amenizar o impacto do “tarifaço” aos produtos a serem importados para o território norte-americano, segundo informações do colunista da CNN Brasil, Gustavo Uribe.

Um dos cenários é a redução da tarifa imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump, de 50% para 30%, com a criação de cotas de exportação para, pelo menos, café e laranja. Outra possível negociação é o pedido de adiamento para a implementação da nova tarifa entre 60 e 90 dias.

Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu criar um comitê interministerial com o objetivo de ouvir os setores mais afetados pela tarifa de importação anunciada pelos EUA. Também há a expectativa de assinatura e publicação do decreto de reciprocidade.

Entre os dados, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, mostrou uma queda de 0,74% em maio ante abril. No acumulado de 12 meses, o índice acumula um ganho de 0,4%. A expectativa do mercado era de que o índice ficaria estável no quinto mês do ano, segundo as projeções do Investing.com.

O mercado também operou à espera da audiência de entre Executivo e Legislativo sobre as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), marcada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e prevista para amanhã (15).

Altas e quedas no Ibovespa

A ponta negativa do Ibovespa foi liderada por BRF (BRFS3). As ações caíram quase 5% após a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, informar que vendeu todas os papéis da companhia na última sexta-feira (11).

O fundo era acionista desde a década de 1990, quando a empresa era Perdigão e seguiu com posição após a fusão com a Sadia em 2009. O fundo de pensão zerou a posição por R$ 1,9 bilhões e deve realocar o capital em  títulos públicos.

O movimento acontece em meio ao processo de fusão da BRF com a Marfrig (MRFG3). A Previ entrou com recurso contra a combinação de negócios das duas empresas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia adiou a Assembleia Geral Extraordinária (AGE), que estava prevista para hoje, por 21 dias — a ser contados a partir da divulgação de informações adicionais pelos comitês independentes das companhias.

Os pesos-pesados também encerraram a sessão em forte queda, pressionando o principal índice da bolsa brasileira. Entre eles, Vale (VALE3) destoou da alta do minério de ferro e caiu mais de 1% com os investidores mais avessos a risco.

Petrobras (PETR3;PETR4) acompanhou o desempenho do petróleo. Os contratos futuros do Brent, com vencimento em setembro, fecharam com queda de 1,63%, a US$ 69,21 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres, após o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçar tarifar a Rússia caso o país não feche um acordo de paz com a Ucrânia em até 50 dias.

Já a ponta positiva do Ibovespa foi liderada por  Petz (PETZ3), em recuperação das perdas recentes. As ações da empresa acumula queda de quase 6% em julho. Há ainda expectativas de fusão da companhia com a Cobasi.

Exterior 

Os índices de Wall Street recuperaram as perdas da última sessão e começaram a semana em alta com a expectativa de negociações comerciais dos Estados Unidos com países parceiros comerciais.

No último sábado, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou novas taxas  de 30% para a União Europeia (UE) e o México. A alíquota, assim como nos demais anúncios nesta segunda rodada do ‘tarifaço’, entra em vigor em 1º de agosto.

Já nesta segunda-feira (14), Trump voltou a fazer novas ameaças tarifárias e o próximo alvo deve ser a Rússia.

Em entrevista coletiva ao lado do secretário-geral da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, o presidente norte-americano disse que deve elevar as tarifas sobre a Rússia caso o país não sinalize um acordo de paz com a Ucrânia nos próximos 50 dias. Segundo eles, as taxas podem chegar a 100%.

Até agora, o chefe da Casa Branca enviou cartas a 24 países, além do bloco econômico europeu, com novas tarifas de importação que variam entre 20% e 50%. O Brasil o único país tarifado com a alíquota maior.

Os investidores também operaram à espera dos resultados corporativos no segundo trimestre deste ano. Os grandes bancos iniciam a temporada nesta terça-feira (15).

Confira o fechamento dos índices de Wall Street:

  • Dow Jones: +0,20%, aos 44.459,65 pontos;
  • S&P 500: +0,14%, aos 6.268,56 pontos; 
  • Nasdaq: +0,27%, aos 20.640,33 pontos — no maior nível nominal histórico.

Na Ásia, os índices tiveram uma sessão sem direção definida com as novas ameaças tarifárias de Trump. O índice Nikkei, do Japão, caiu 0,28%. Já o Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,26%.

Na Europa, os mercados terminaram o pregão sem direção única com a tarifa dos EUA sobre a União Europeia. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com leve queda de 0,06%, aos 546,99 pontos.

Em destaque, o FTSE 100, principal índice acionário de Londres, encerrou no maior nível nominal histórico, aos 8.998,06 pontos. O Reino Unido, que saiu do bloco econômico em 2020, fechou um acordo de uma tarifa de 10% com os EUA no mês passado.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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