Ibovespa cai mais de 2% com bancos após ‘bloqueio’ da Lei Magnitsky; dólar sobe a R$ 5,50

O Ibovespa (IBOV) perdeu quase 3 mil pontos durante a sessão com o temor de escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil.
Nesta terça-feira (19), o principal índice da bolsa brasileira terminou o pregão com queda de 2,10%, aos 134.432,26 pontos. Durante o dia, o Ibovespa chegou a operar brevemente no nível dos 133 mil pontos.
Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5009, com alta de 1,22%.
No cenário doméstico, os investidores repercutiram a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, determinar que leis e decisões estrangeiras não podem afetar cidadãos, empresas ou bens no Brasil em relação a atos realizados no país.
Embora não cite diretamente, a decisão também impede que sanções estrangeiras, como as aplicadas pelos EUA ao ministro Alexandre de Moraes, também do STF, tenham efeitos no Brasil.
Na avaliação de um banqueiro, que conversou com o Money Times, a decisão de Dino é ‘equivocada’. Para ele, a lei americana é muito clara: ela não está colocando que tem que ser cumprida fora da jurisdição dos Estados Unidos. “Simplesmente está dizendo que se é banco que quer operar nos Estados Unidos, está sujeito a essa regra”.
Para Gabriel Filassi, especialista em investimentos e sócio da AVG Capital, a decisão do ministro foi uma estratégia para ganhar tempo, já que a implementação da Lei Magnitsky, que prevê a restrição dos serviços bancários, ocorre de forma gradual. “Entendo que eles terão que cumprir a exigência internacional na íntegra, apenas não está claro quando.”
Altas e quedas no Ibovespa
As ações dos bancos pesaram no desempenho o Ibovespa (IBOV) em reação à decisão do ministro do STF, Flávio Dino. Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) figuraram como os papéis mais negociados na B3 nesta terça-feira (19).
Além dos bancos, Petrobras (PETR3; PETR4), que é outro peso-pesado do índice, recuou mais de 1% pressionado pelo desempenho do petróleo no mercado internacional.
Contudo, a ponta negativa foi liderada por Raízen (RAIZ4). Os papéis da companhia recuaram mais de 10%, zerando os ganhos da véspera (18), após a Petrobras negar planos de fazer investimentos na empresa. A estatal afirmou que não há qualquer projeto ou estudo de investimento em etanol ou distribuição com a Raízen, em resposta à reportagem divulgada pelo jornal O Globo no fim de semana.
Além disso, o Citi rebaixou a recomendação de Raízen de compra para neutra e cortou o preço-alvo de R$ 2,00 para R$ 1,30 — o que ainda representa um potencial de valorização de 13% sobre o preço de fechamento de ontem (18).
Já a ponta positiva do Ibovespa foi liderada por Minerva (BEEF3) com expectativas melhores para a companhia combinada com a valorização do dólar.
Na visão do Itaú BBA, as oportunidades estão “emergindo” nos números do terceiro trimestre (3T25).
“No 3T25 até agora, os spreads de exportação aumentaram 820 pontos-base em relação ao trimestre anterior, apoiados por uma queda de 4,2% nos preços do gado e um aumento de 3,7% nos preços de exportação da carne bovina. A queda nos custos do gado reflete as crescentes preocupações com as operações dos frigoríficos e a incerteza em torno das tarifas dos EUA e seu potencial redirecionamento”, escreveram os analistas Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama, em relatório.
Eles ainda afirmaram que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou que as Filipinas autorizaram a importação de carne bovina, além da confiança de que o mercado para o Japão será aberto até o final do ano — o que deve impulsionar os números de exportação.
Da carteira téorica com 86 ativos, apenas cinco encerraram em tom positivo: Minerva (BEEF3),Suzano (SUZB3), Hypera (HYPE3), Marfrig (MRFG3) e Vale (VALE3).
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Exterior
Os índices de Wall Street sem direção única com as atenções concentradas nas negociações de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia.
A Casa Branca avalia Budapeste, capital da Hungria, como um possível local para a reunião trilateral entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o russo Vladimir Putin e o ucraniano Volodymyr Zelensky, informou o Politico citando uma autoridade do governo Trump.
Os investidores também ficaram à espera do Simpósio de Jackson Hole. O presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), Jerome Powell, discursará no evento na próxima sexta-feira (22) e a expectativa é de que o chefe do BC dê pistas sobre os próximos passos da condução da política monetária.
Confira o fechamento dos índices de Wall Street:
- Dow Jones: +0,02%, aos 44.922,27 pontos;
- S&P 500: -0,59%, aos 6.411,37 pontos;
- Nasdaq: -1,46%, aos 21.314,95 pontos.
Na Ásia, os índices fecharam majoritariamente em queda com a derrocada das ações do SoftBank após anúncio de um investimento de US$ 2 bilhões na Intel. Entre os principais índices asiáticos, o Nikkei, do Japão, caiu 0,38%. O Hang Seng, de Hong Kong, teve recuo de 0,21%.
Na Europa, os mercados terminaram o pregão de olho nas negociações para um cessar-fogo entre a Rússia e Ucrânia. Ontem (18), líderes europeus e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se reuniram com o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com alta de 0,73%, aos 558,06 pontos.