Mercados

Ibovespa avança em semana com Fed e Copom sob holofotes

19 mar 2021, 17:08 - atualizado em 19 mar 2021, 18:42
Copom Banco Central
O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 40,2 bilhões de reais (Imagem: Beto Nociti/Banco Central)

O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta sexta-feira, consolidando o desempenho positivo na semana, apoiado na sinalização “dovish” do banco central dos Estados Unidos na quarta-feira, mas também na trégua nos Treasuries nesta sessão.

Apenas na quarta-feira, quando o banco central norte-americano repetiu a promessa de manter a meta de juros próxima de zero nos próximos anos, mesmo melhorando a projeção de crescimento econômico em 2021, o Ibovespa avançou mais de 2%, para a máxima em mais de um mês.

Uma política monetária “dovish” (expressão usada para caracterizar viés mais tolerante com a inflação a fim de estimular o crescimento econômico) pelo Fed tende a beneficiar fluxo para ativos de risco e mercados emergentes, como o Brasil.

No dia seguinte, porém, conforme os rendimentos dos Treasuries voltaram a renovar máximas em um ano, o Ibovespa passou por correção negativa, afetado ainda pelo tombo no petróleo em meio a preocupações com a Covid-19 na Europa.

Da cena brasileira, o destaque ficou para o Banco Central, que elevou a Selic a 2,75% ao ano, com alta de 0,75 ponto percentual, acima do esperado pela maioria no mercado. Além disso, sinalizou aperto da mesma magnitude em maio.

Gestores avaliaram que a decisão não muda o cenário benigno para as ações no longo prazo, mesmo considerando mais altas no horizonte. O movimento tende a atenuar temores com a aceleração recente na inflação – que vinham estressando a parte longa da curva futura de juros, com efeitos mais nocivos à bolsa.

A temporada de balanços teve uma agenda mais leve, porém não menos relevante, com os números de Notre Dame Intermédica, Hapvida, Yduqs, Cyrela, Eztec, Gol, Embraer, Light, e outras.

A última semana também foi marcada por números recordes de mortes e casos de Covid-19 no Brasil, com vários Estados ampliando restrições e anunciando medidas para tentar reduzir o ritmo de contaminação e as lotações nos hospitais. Em Brasília, o governo anunciou a troca do ministro da Saúde.

Apesar do momento ainda complicado em relação à pandemia, a visão do sócio e economista-chefe da Riva Investimentos, Pedro Nunes, é de que olhando mais para a frente há um cenário em que a aceleração da vacinação pode, combinada com uma governabilidade maior no Congresso, trazer surpresas positivas.

Ele avaliou que, na frente doméstica, a decisão do Copom foi um alívio para os mercados. “Se apresentar um pouquinho mais de governabilidade e reformas, (a bolsa) pode surpreender.”

Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 1,21%, a 116.221,58 pontos, acumulando alta de 1,8% na semana e ampliando o ganho em março a 5,62%. No ano, a queda agora é de 2,35%.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps avançou 2,48%, a 2.794,73 pontos, com elevação de 2,12% na semana e 4,46% no mês, reduzindo o declínio em 2021 para 0,98%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 40,2 bilhões de reais.

Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

GPA (PCAR3)  sobe 157,6%, após sofrer com ajustes na esteira da cisão do Assaí e respectiva estreia na B3 em 1 de março, com investidores precificando o potencial de crescimento marca.

A possibilidade de um re-IPO da unidade Cnova, após notícia de que o controlador Casino avalia essa alternativa, também é visto com potencial de gerar liquidez para o GPA.

O BB Investimentos, que tem recomendação de “compra” para as ações, vê um preço-alvo de 42,50 reais para a empresa (dos 28,31 reais no fechamento desta sexta-feira).

Sulamerica (SULA11) avança 19,74%, com forte alta nos últimos três pregões, ante perspectivas de elevação da Selic, o que tende beneficiar reservas ou provisões técnicas, recursos que as seguradora manter no balanço de modo a arcar com compromissos com segurados e costuma estar investido em títulos públicos.

Entre as seguradoras, Porto Seguro (PSSA3) valoriza-se 11,86% e IRB Brasil re (IRBR3) sobe 3%.

Copel (CPLE6) mostra elevação de 19,32%, em semana marcada pelo anúncio de forte alta do lucro do quarto trimestre, além da aprovação de 1,5 bilhão de reais em dividendos e JCP.

Mais cedo este mês houve a aprovação de reforma do estatuto, que pode resultar na venda de fatia do governo paranaense.

B2W (BTOW3) recua 23,91%, com sua controladora Lojas Americanas (LAME4) perdendo 11,12%. Apesar da recepção positiva ao anúncio de estudo para fusão entre as companhias, números do quarto trimestre não animaram.

Entre as empresas com presença relevante no comércio eletrônico, Magazine Luiza (MGLU3) recua 7,82% e Via Varejo (VVAR3) sobe 2,44%.

Yduqs (YDUQ3) contabiliza perda de 8,7%, na esteira de resultado fraco no quarto trimestre, com prejuízo de 102,6 milhões de reais, ante lucro de 58,1 milhões em igual etapa de 2019.

O Ebitda caiu 50,8% e alavancagem medida pela relação dívida/Ebitda ajustado passou de 0,1 para 1,4 vez.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

– Índice financeiro: +6,68%

– Índice de consumo: +3,13%

– Índice de Energia Elétrica: +6,09%

– Índice de materiais básicos: +4,90%

– Índice do setor industrial: +5,86%

– Índice imobiliário: +8,49%

– Índice de utilidade pública: +6,66%

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.