Economia

Incertezas impõem teto de 0,50 p.p. para alta de juros, diz ex-BC que vê dólar acima de R $5 no fim do ano

16 mar 2021, 17:08 - atualizado em 16 mar 2021, 17:08
Banco Central
O cenário para a economia real é mais delicado, menos favorável. E isso, por consequência, afeta os ativos financeiros do país (Imagem: Banco Central do Brasil)

A piora nas expectativas para a economia, o ambiente de incertezas citado nas últimas comunicações do Banco Central e recentes medidas sobre compulsórios indicam que o BC vai limitar o aumento da Selic na quarta-feira a 0,50 ponto percentual, com o juro caminhando para fechar o ano entre 5% e 5,50%, disse Sergio Goldenstein, consultor independente da Ohmresearch Independent Insights.

“Teremos um crescimento (econômico) de 2,5% neste ano. É medíocre”, disse, avaliando ainda que as expectativas de inflação para 2022 atualmente o ano mais importante no horizonte relevante da política monetária não foram contaminadas pelas pressões que se abatem sobre o cenário inflacionário para 2021.

Além disso, o consultor entende que ser mais agressivo na política monetária agora poderia levantar dúvidas sobre o conceito de que não há relação mecânica entre as políticas cambial e monetária.

Goldenstein, ex-chefe do Departamento de Operações de Mercado Aberto do Bacen, acredita que a normalização da política monetária dará algum suporte ao câmbio, reduzindo o caso, nas condições atuais, de o dólar ir para 6 reais. Contudo, ele tampouco vê a moeda abaixo de 5 reais.

O dólar estava em torno de 5,61 reais nesta terça-feira.

“O início da correção na Selic ajuda na correção do câmbio, mas o câmbio depende de mais do que a Selic: depende do quadro fiscal, termos de troca, comportamento global do dólar, Treasuries, ambiente político”, disse, afirmando que, na margem, o fiscal ficou mais delicado e o cenário externo se tornou menos favorável.

“O cenário para a economia real é mais delicado, menos favorável. E isso, por consequência, afeta os ativos financeiros do país.”

Do lado da política monetária, o ex-diretor do BC avalia que a própria elevação dos juros é um sinal “hawkish” (mais duro com a inflação) ao mercado e que, no comunicado, o Copom deveria evitar se comprometer com um cenário específico.

“Num ambiente de incerteza o BC não tem ganhos ao sinalizar os próximos passos. O comunicado tem que deixar opções em aberto, de modo que o mercado possa entender que, se o balanço de riscos continuar a deteriorar, o BC pode, sim, ajustar o ritmo na frente”, afirmou, considerando que, nesse caso, “nada impediria” o BC de aumentar os juros em 0,75 ponto percentual à frente.

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