Mercados

Ibovespa fecha em alta, mas recua na semana com pandemia e juros

26 mar 2021, 17:54 - atualizado em 26 mar 2021, 17:54
Mascara Coronavírus
O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 28,3 bilhões de reais (Imagem: Pixabay/jhenning)

O Ibovespa (IBOV) fechou no azul pelo segundo pregão seguido nesta sexta-feira, mas sem força para reverter as perdas dos primeiros pregões da semana, quando prevaleceram receios com o avanço da Covid, com a Europa ampliando medidas de restrição e o Brasil batendo recordes em números de mortos.

A Alemanha, principal economia da Europa, prorrogou um lockdown até 18 de abril, alimentando temores de atraso na sua recuperação econômicas, enquanto especialistas não descartam novas medidas na França, que viu os casos crescerem mesmo após o começo de um terceiro lockdown.

No Brasil, que atingiu 303.462 mortos e 12.320.169 casos desde o começo da pandemia, economistas, ex-BCs, ex-ministros e empresários cobraram ações do governo para acelerar a vacinação e medidas de distanciamento social.

O Instituto Butantan anunciou que pedirá à Anvisa autorização para testar em humanos a Butanvac, sua vacina própria contra Covid-19, e espera iniciar o ensaio clínico em abril e ter o imunizante disponível para a população em julho.

Além da tragédia humana, preocupações com uma deterioração adicional da crise sanitária no país acentuaram apreensões com o quadro fiscal que, combinadas com números elevados de inflação, fizeram a curva de juros aumentar a inclinação, o que afeta o custo de capital das empresas.

Tal movimento ocorreu mesmo após o Banco Central elevar na semana passada a Selic para 2,75% ao ano, acima do esperado no mercado, e adotar um discurso ‘hawkish’ – expressão usada para caracterizar viés mais favorável a aumento de juros a fim de controlar a inflação.

Declarações do presidente da autoridade monetária na quinta-feira, que agentes no mercado entenderam como sinal de que o BC buscará o controle da inflação, mas sem necessariamente acelerar o ritmo de aperto nas próximas reuniões ou que subirá a Selic a ponto de deixar de estimular a economia, trouxeram algum alívio.

Também nesta semana o Congresso Nacional aprovou o Orçamento de 2021, que traz um remanejamento de mais de 25 bilhões de reais, boa parte destinada a emendas parlamentares. Na visão de alguns, há na proposta risco de fuga das restrições do teto de gastos, o que acende um sinal de alerta.

A cena corporativa local mereceu a atenção de investidores, com Petrobras anunciando pedido de renúncia de quatro diretores, o governo indicando presidente para a Eletrobras e Carrefour Brasil comprando o Grupo BIG, além da aprovação da reorganização societária da Gol, com incorporação da Smiles.

A reta final da temporada de balanços do quarto trimestre incluiu os números de JBS, Equatorial, Sabesp, CPFL Energia.

Em paralelo, a surpresa com a troca do comando do banco central na Turquia por divergência sobre a política de taxas de juros adicionou risco a mercados emergentes, como o Brasil. As negociações da Argentina para refinanciar ao redor de 45 bilhões de dólares com o FMI também adicionaram cautela.

Nesta sessão, o Ibovespa subiu 0,91%, a 114.780,62 pontos, mas acumulou perda de 1,24% na semana. Em março, ainda mostra acréscimo de 4,31%. No ano, a queda agora é de 3,56%.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps cedeu 0,18%, a 2.739,25 pontos, com recuo de 1,99% na semana, mas ainda elevação de 2,39% no mês. O declínio em 2021 é de 2,95%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 28,3 bilhões de reais.

Destaques do Ibovespa do Acumulado do Mês:

GPA (PCAR3) sobe 185,8%, após sofrer com ajustes na esteira da cisão do Assaí, com investidores avaliando o potencial de crescimento do grupo. A possibilidade de re-IPO da Cnova também repercutiu, embora o dono da rede Pão de Açúcar tenha divulgado mais cedo nessa semana que não há uma decisão ou processo em andamento a respeito.

Braskem (BRKM5) avança 21,27%, ainda na esteira da repercussão positiva ao resultado do terceiro trimestre, além de um ambiente favorável para preços de resinas e perspectiva de demanda resistente no Brasil, bem como acordo envolvendo o fornecimento de gás para a sua unidade Braskem Idesa no México.

Marfrig (MRFG3) valoriza-se 21,1%, também tendo de pano de fundo lucro líquido no quarto trimestre de 1,17 bilhão de reais, cerca de 43 vezes superior ao do mesmo período de 2019.

Em 8 de abril, assembleia geral deverá ainda avaliar proposta para distribuir 141 milhões de reais em dividendos, equivalente a 50% do lucro líquido distribuível aos acionistas.

B2W (BTOW3) recua 27,7%, com sua controladora Lojas Americanas (LAME4) perdendo 13,29%. Apesar da recepção positiva ao anúncio de estudo para fusão entre as companhias, números do quarto trimestre não animaram. Entre as empresas com presença relevante no comércio eletrônico, Magazine Luiza (MGLU3) recua 17,37% e Via Varejo (VVAR3) sobe 0,84%.

Yduqs (YDUQ) contabiliza perda de 10,06%, ainda afetada por resultado fraco no quarto trimestre, com prejuízo de 102,6 milhões de reais, ante lucro de 58,1 milhões em igual etapa de 2019.

O Ebitda caiu 50,8% e a alavancagem medida pela relação dívida/Ebitda ajustado passou de 0,1 para 1,4 vez.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

Índice financeiro: +5,59%

Índice de consumo: +0,79%

Índice de Energia Elétrica: +6,09%

Índice de materiais básicos: +4,60%

Índice do setor industrial: +4,32%

Índice imobiliário: +7,12%

Índice de utilidade pública: +6,43%

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