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Ibovespa recua com apreensão sobre efeitos econômicos do Covid-19; bancos pesam

07 maio 2020, 17:19 - atualizado em 07 maio 2020, 17:58
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O volume financeiro alcançou 29,4 bilhões de reais. Na semana, o desempenho está negativo em 2,97% (Imagem: YouTube/B3)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quinta-feira, após uma sessão volátil, com as preocupações sobre os efeitos da pandemia de Covid-19  na economia brasileira e o ambiente político ainda cheio de ruídos minando a influência positiva do cenário externo e do corte acima do esperado da taxa Selic na véspera.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,2%, a 78.118,57 pontos, após oscilar da mínima de 78.061,44 pontos à máxima de 80.061,19 pontos, com balanços corporativos também no radar dos agentes financeiros. O volume financeiro alcançou 29,4 bilhões de reais. Na semana, o desempenho está negativo em 2,97%.

A decisão do Banco Central de reduzir o juro básico do país a 3% ao ano, fez o dólar acelerar, chegando a 5,8780 reais na máxima da sessão no mercado spot, o que deu suporte a ações de exportadoras, em movimento ainda respaldado por dados de comércio exterior da China melhores do que o esperado.

O corte de 0,75 ponto percentual também reforça o ambiente de juros mais baixos no país, que tende a favorecer a migração de recursos para ativos como ações, em busca de mais rendimento.

Mas esses potenciais componentes positivos para o Ibovespa esbarraram em preocupações sobre o tamanho do estrago nas empresas brasileiras, em razão das medidas de confinamento, bem como nas contas do país por causa das ajudas governamentais. Tudo isso tendo de pano de fundo uma cena política mais tensa.

Na quarta-feira, o Senado aprovou o projeto de auxílio a Estados e municípios, que segue à sanção presidencial, que prevê o repasse de 60 bilhões de reais aos entes federativos. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, afirmou nesta quinta-feira que vai vetar parte do projeto.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou mais cedo que empresários alertaram o governo que, mantidas as medidas de contenção ao coronavírus, em 30 dias pode começar a faltar comida e produtos na prateleiras.

“E aí você entra em um sistema não só de colapso econômico, mas de desorganização social”, afirmou na porta do Supremo Tribunal Federal (STF), onde participou ao lado de Bolsonaro e de uma comitiva de empresários de audiência de última hora com o presidente da corte, Dias Toffoli.

Para o analista Ilan Arbertman, da Ativa Investimentos, a declaração alinhada de Bolsonaro e Guedes repercutiu bem, mas não há discurso que tire o risco e a efervescência política do radar dos investidores, que segue penalizando ativos domésticos.

“Tudo isso em um momento frágil da economia do país. Não dá para ignorar ‘termos’ como 10 milhões de empregos perdidos, colapso da economia. Tudo isso tem reforçado o entendimento no mercado de que a retomada da economia pode ser mais demorada do que se previa”, acrescentou.

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Ambev fechou em queda de 2,45%, após forte queda no lucro do primeiro trimestre e perspectiva de que o que o impacto da pandemia de Covid-19 (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

Nesta quinta-feira, Roberto Setubal, copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, estimou que pode levar dois anos para que a economia tenha recuperação completa da crise do coronavírus. E acrescentou ser impossível salvar todas as empresas.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 1,15%, apoiado em balanços corporativos, com destaque para os números do PayPal, que ajudaram investidores a desviarem as atenções de mais dados mostrando fraqueza do mercado de trabalho por causa da pandemia de coronavírus.

Destaques

–  Banco do Brasil (BBAS3) caiu 2,7%, mesmo com resultado considerado positivo por analistas, mas incapaz de evitar a pressão negativa nos papéis de bancos, que responderam pela maior pressão de baixa no Ibovespa, dadas as perspectivas econômicas sombrias, além do corte da Selic. Bradesco (BBDC4) caiu 4,3% e Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 3,6%.

Ambev (ABEV3) fechou em queda de 2,45%, após forte queda no lucro do primeiro trimestre e perspectiva de que o que o impacto da pandemia de Covid-19 nos resultados do segundo trimestre seja materialmente maior.

Totvs (TOTS3) perdeu 7,52%, mesmo após receita e lucro do primeiro trimestre pouco abaixo da previsão de analistas, reforçando que o setor de tecnologia foi um dos poucos a ter passado quase ileso aos primeiros efeitos econômicos da pandemia do coronavírus.

Notre Dame (GNDI3) subiu 4,11% após divulgar forte aumento do lucro trimestral, passando praticamente ilesa pelos efeitos da pandemia do coronavírus que atingiram a maioria dos setores econômicos do país desde a segunda metade de março.

Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) avançaram 7,50% e 10,93%, respectivamente, tendo ainda de pano de fundo relatórios de analistas do Bradesco BBI elevando recomendação para Suzano a ‘outperform’ – e o preço-alvo de 42 para 58 reais – e reiterando ‘outperform’ para Klabin – com alta do preço-alvo de 21 para 27 reais.

Marfrig (MRFG3) subiu 7,33% e Miverva (BEEF3) fechou em alta de 7,30, também beneficiadas por perspectivas de exportações recordes de carne bovina pelo país em 2020. JBS (JBSS3) valorizou-se 5,68%. No caso de Marfrig, o Credit Suisse iniciou a cobertura com ‘outperform’.

Vale (VALE3) fechou com acréscimo de 3,88%, favorecida ainda pela alta dos preços do minério de ferro na China, com o setor de mineração e siderurgia como um todo em alta. Gerdau (GGBR4) avançou 6,96%.

Petrobras (PETR4) valorizou-se 0,93% e Petrobras (PETR3) ganhou 2,01%, mesmo com a piora dos preços do petróleo no mercado internacional. Fontes ouvidas pela Reuters afirmaram que a Petrobras adiou planos para a venda de fatia do polo de Marlim, na Bacia de Campos.

Localiza (RENT3) recuou 8,4%, entre os destaques negativos. O prefeito de São Paulo anunciou nesta quinta-feira que o rodízio de veículos retornará à cidade na próxima segunda-feira em uma forma ainda mais restrita, na qual apenas metade dos carros poderá circular por dia na capital.

Ecorodovias (ECOR3) perdeu 6,69%, tendo de pano de fundo dados mostrando queda de 24% no tráfego consolidado de veículos no período de 16 de março a 5 de maio de 2020 em relação a intervalo similar em 2019. CCR (CCRO3) terminou em baixa de 7,08%.

(Atualizado às 17h56)

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