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Ibovespa fecha em queda de 14%; Azul derrete 37% com coronavírus

16 mar 2020, 17:16 - atualizado em 16 mar 2020, 17:54
Ibovespa Mercados
O Ibovespa caiu 13,92%, a 71.168,05 pontos (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de mais de 10% nesta segunda-feira, renovando mínimas desde 2018, em nova sessão com circuit breaker, com as últimas respostas de autoridades aos efeitos da pandemia do novo coronavírus trazendo aflição de que a desaceleração nas economias será maior do que se vem projetando.

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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 13,92%, a 71.168,05 pontos. O volume financeiro somou 52,87 bilhões de reais, influenciado ainda pelo vencimento dos contratos de opções sobre ações, que movimentou 21,36 bilhões de reais.

O circuit breaker foi acionado às 10:24, após o Ibovespa cair 12,53%, a 72.321,99 pontos, o quinto do mês em meio à forte volatilidade nos mercados devido ao vírus e seus efeitos econômicos. Na mínima, o Ibovespa chegou a 70.854,82 pontos, queda de 14,3% e quase disparando um segundo circuit breaker na sessão.

O Federal Reserve e outros bancos centrais, incluindo Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BOJ), agiram de forma agressiva e emergencial com cortes de juros e ofertas de dólares baratos para ajudar a combater os efeitos da pandemia.

“O vírus está afetando profundamente as pessoas nos Estados Unidos e no mundo”, disse o chairman do Fed, Jerome Powell, no domingo, após reduzir a taxa de curto prazo para uma faixa de 0% a 0,25%, e anunciar pelo menos 700 bilhões de dólares em Treasuries e compras de títulos garantidos por hipotecas nas próximas semanas.

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“A decisão inesperada do Fed …acabou gerando uma nova onda de pânico no mercado”, observou o analista de ações Rafael Ribeiro, da Clear Corretora.

“A decisão inesperada do Fed …acabou gerando uma nova onda de pânico no mercado”, observou o analista de ações Rafael Ribeiro (Imagem: Reuters/Chris Wattie)

“Esse senso de urgência acabou intensificando a hipótese de que a desaceleração da economia por conta do coronavírus será mais forte do que o projetado, como os impactos no sistema financeiro, em especial pelo lado do fluxo de crédito, pode ser mais profundo.”

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de 11,98%, também tendo parado os negócios momentaneamente em razão de circuit breaker.

A equipe do Credit Suisse observou que o mercado parece estar mais cético e “preocupado que essas medidas não serão suficientes pra conter o real impacto econômico causado pelo coronavírus, o que pode indicar o início de uma semana ainda bem volátil”, conforme nota a clientes da corretora do banco.

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No Brasil, agentes financeiros monitoram o Banco Central, principalmente a possibilidade de um corte nesta semana na taxa Selic, atualmente em 4,25% ao ano.

Economistas do UBS, porém, em relatório a clientes nesta segunda-feira, afirmaram acreditar que os últimos desdobramentos justificam um movimento mais agressivo e preventivo pelo BC. “Nós agora estimamos um corte imediato de 1 ponto percentual, levando a Selic para 3,25%”, afirmaram.

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Destaques

Azul (AZUL4) fechou em queda de 36,87%, a 15,60 reais, mínima histórica, equivalente a uma perda de valor de mercado de 3 bilhões de reais, para 5,138 bilhões de reais. Os papéis seguem afetados pelos efeitos da pandemia do coronavírus, além da valorização do dólar para acima de 5 reais nesta sessão.

A Azul teve uma perda de valor de mercado de 3 bilhões de reais (Imagem: REUTERS/Rafael Marchante)

A Azul anunciou uma série de medidas, entre elas a redução de sua capacidade consolidada de 20% a 25% no mês de março, e entre 35% a 50% em abril e meses seguintes, até que a situação se normalize. Também comunicou suspensão dos voos internacionais, exceto os que partem de Campinas (SP).

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Gol (GOLL4) caiu 28,02%, a 8,02 reais, mínima desde julho de 2017 e equivalente a uma perda de valor de mercado de 856,6 milhões de reais, para 2,2 bilhões de reais. O papel também segue afetado pelos desdobramentos ligados à pandemia do coronavírus e comportamento da taxa de câmbio. Na sexta-feira à noite, a aérea anunciou o cancelamento da proposta de reorganização societária de seu negócio de programa de fidelidade SMILES, que terminou a sessão em baixa de 28,2%.

CVC (CVCB3) recuou 32,25%, a 10,40 reais, mínima desde fevereiro de 2016, com o setor de viagens como um todo afetado pela evolução do coronavírus, com países fechando fronteiras e companhias aéreas reduzindo capacidade e suspendendo voos. O dólar acima de 5 reais também pesou. A operadora de turismo perdeu 739 milhões de reais em valor de mercado nesta sessão, para 1,55 bilhão de reais.

Petrobras (PETR4) caiu 15% e Petrobras (PETR3) perdeu 17,21%, em nova sessão de tombo dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent fechou em baixa de 11,23%, além do clima mais pessimista nos mercados como um todo.

Vale (VALE3) cedeu 9%, também contaminada pela onda de vendas generalizadas, embora a alta dos preços do minério de ferro na China tenham proporcionado um desempenho melhor do que o Ibovespa.

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Banco do Brasil (BBAS3) caiu 16,69%, pior desempenho entre os bancos do Ibovespa, com Bradesco (BBDC4) cedendo 14,27% e Itaú Unibanco (ITUB4) recuando 9,19%. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou nesta segunda-feira, em reunião extraordinária, medidas para facilitar a renegociação de dívidas bancárias ao afrouxar requerimentos que devem ser cumpridos pelas instituições financeiras, numa resposta aos potenciais impactos do coronavírus sobre a economia brasileira. Os cinco maiores bancos brasileiros prorrogarão vencimento de dívidas a pessoa física e micro e pequenas empresas.

(Atualizada às 17h51)

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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