Money Times Entrevista

Ibovespa: Gestor vê bolsa barata, mas alerta para ponto que poucos falam

16 jan 2024, 13:46 - atualizado em 18 jan 2024, 11:56
Ibovespa
Em entrevista ao Money Times, Maciel diz que o mercado tem tudo para andar, apesar das incertezas no cenário geopolítico (Imagem: Reprodução/Inter Asset)

Que a bolsa está barata, isso o investidor está cansado de saber. Há pelo menos dois anos, o Ibovespa, principal índice de referência da bolsa brasileira, negocia abaixo do seu patamar histórico.

Mesmo com a recente alta, quando disparou mais de 20% entre novembro e dezembro, o mercado de ações continua atrativo, destacam gestoras, corretoras e bancos.

Porém, Rafael Cota Maciel, gestor de renda variável da Inter Asset, chama atenção para dois pontos que o investidor deve se atentar: a forte correlação que o Ibovespa possui com as bolsas no exterior e o fato do S&P 500 estar em sua máxima histórica. Ou seja, uma possível realização de lucro lá fora pode impactar diretamente a bolsa aqui, destaca.

“Muitas vezes desassociamos o nosso mercado dos outros mercados do mundo. Se temos uma realização lá fora, pode pegar os mercados como um todo de carona”, alerta.

Apesar disso, o gestor segue confiante para 2024. Em entrevista ao Money Times, Maciel diz que o mercado tem tudo para andar, apesar das incertezas no cenário geopolítico.

“Parece que o pior já passou, porque estamos tendo ao redor do mundo, e principalmente Estados Unidos e Brasil, um movimento de queda de juros”, completa.

E o que fazer diante de tudo isso? O gestor dá a dica: parar de adivinhar quando o Ibovespa chegou no teto, ou no piso.

“Muitas das pessoas ficam tentando fazer market time, que é comprar e vender de maneira recorrente e tentar acertar quando que a bolsa está no fundo do poço. Sabemos que isso nunca funcionou”, coloca.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Money Times: Após guerras, alta dos juros, inflação e uma pandemia, podemos dizer que o pior já passou?

Rafael Cota Maciel: Eu não sei, porque esses eventos são improváveis e imprevisíveis e nós vivemos muitos recentemente.

Se você perguntar lá para o Joe Biden, se a guerra acabará, ele não sabe.

Ele tem uma noção melhor que todo mundo, pelo serviço de inteligência, mas esses eventos de caudas eles continuarão acontecendo.

Parece que o pior já passou, porque estamos tendo ao redor do mundo, e, principalmente nos Estados Unidos e no Brasil, estamos vendo um movimento de queda de juros; isso, para o nosso mercado, é muito positivo. Selic está a 11,75%, enquanto o Focus espera 9% até o final do ano. Com isso, o custo de capital fica menor.

Acho que depois de 3 a 4 anos vivendo inflação, juros e conflitos, pode ser que 2024 traga ventos mais positivos.

Money Times: O que o Inter Asset está fazendo para passar por esse momento?

Rafael Cota Maciel: Se a gente pega uma visão mais de cima, parece que a bolsa continua barata, apesar de termos vistos nos últimos dois meses, principalmente ali entre novembro e depois dezembro, ela andando bem.

O múltiplo mais usado, o preço/lucro, está em 9 vezes contra 12 vezes da média histórica Ibovespa. Ele chama muito atenção. Temos Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), setor financeiro e utilities. Esses nomes chamam a atenção. Parecem que continuam baratos.

Você tem oportunidades na nossa bolsa. É importante o investidor entender que ele sempre precisa estar investido em ações porque muitas pessoas ficam fazendo market time, que é comprar e vender de maneira recorrente e tentar acertar quando a bolsa está no fundo do poço. Isso nunca funcionou.

Precisa ficar ainda mais seletivo em alguns setores que sofreram muito, mas que podem ter uma recuperação.

Varejo é o maior exemplo. Podemos ter algum alívio. Com juros caindo, isso pode dar alívio no consumo das famílias e nas dívidas das empresas.

Mas um ponto de atenção é que muitas vezes nós desassociamos o nosso mercado dos outros mercados do mundo, principalmente nos Estados Unidos. E o S&P está no todo histórico. Se temos uma realização lá fora, pode pegar os mercados como um todo de carona.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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