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Ibovespa (IBOV) caminha para pior sequência em 40 anos; o que aconteceu? Qual o fundo do poço? Oportunidade?

14 ago 2023, 13:12 - atualizado em 14 ago 2023, 17:33
Ibovespa
Por volta das 12h16, o índice chegou a cair 1,13%, a 116.763 pontos (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O Ibovespa caminha para pior sequência de queda em 40 anos, com perdas acumuladas de mais de 3%. A última vez que isso ficou perto de ocorrer foi no final de janeiro e o começo de fevereiro de 1984, quando fechou em baixa por 11 pregões, segundo dados da Refinitiv.

O tombo provoca questionamentos de investidores, já que o feito amargo acontece, justamente, após o Banco Central cortar a Selic (Taxa Básica de Juros) em 0,5 ponto percentual. A expectativa era de que o índice subisse após a tesoura do BC.

Por volta das 12h16, o índice chegou a cair 1,13%, a 116.763 pontos.

Nesta segunda, pesava contra os preços do petróleo e do minério de ferro. Petrobras (PETR4) operava no negativo, assim como a Vale (VALE3), que juntas correspondem por mais de 20% do peso do Ibovespa.

Além disso, o mercado também digere o Boletim Focus, com as projeções da taxa Selic permanecendo em 11,75%.

Para a equipe da XP Investimentos, as discussões sobre o Orçamento de 2024 devem dominar a pauta fiscal na semana, pois as propostas precisam ser encaminhadas até o dia 31 de agosto, assim como aprovação do novo arcabouço fiscal. Movimentos relacionados ao novo marco fiscal também estão no radar.

Em Wall Street, os índices abriram em baixa com as ações da Tesla entre as principais perdas, enquanto os investidores aguardavam balanços trimestrais de gigantes do varejo dos Estados Unidos e dados econômicos para avaliar a força dos gastos dos consumidores.

Por que o Ibovespa entrou em uma espiral de queda?

Eduardo Firmo, assessor na iHUB Investimentos, elenca fatores que ajudaram o índice a cair nas últimas semanas, entre eles:

  1. bolsa acompanhando queda da China (China caiu 2,95%, Brasil caiu 1,44%) – indícios de recessão na China;
  2. saída de R$ 6 bilhões dos gringos da bolsa; só no dia do Copom foram R$ 1.017 bilhão, o pior mês desse ano (maio) teve resgate de R$ 4.1 bilhões;
  3. divulgação do IPCA acima do esperado, alta de 0,12% frente uma expectativa de 0,07%, e uma deflação de 0,08% em Junho;
  4. ajuste gráfico;
  5. rating dos EUA rebaixado (fuga do risco);
  6. alta do dólar;

Qual é o fundo do poço?

De acordo com a equipe do Itaú BBA, o índice ainda segue em tendência de alta, acima de suportes importantes, e mesmo com esses nove pregões negativos, a queda acumulada nesse período foi pouco mais de 3%. “Ou seja, não foi um movimento de aversão a risco, por enquanto”, discorre.

“O fato é que o índice ainda segue em seu movimento de realização de lucros e o próximo suporte está em 117.400 pontos. Se perder essa região, o mercado encontrará os 116.300/115.700 pontos, que mantém o índice em tendência de alta”, coloca.

Do lado da alta, vê a equipe do Itaú, é possível esperar a retomada do movimento altista se o índice superar os 120.200 pontos nos próximos pregões.

“Caso isso aconteça, teremos como próximo desafio os 123.000 pontos, que será o novo gatilho antes de buscar a máxima histórica em 131.200 pontos”, completa.

Já analistas do BB Investimentos observam que, do ponto de vista da análise gráfica, a correção das últimas semanas deve continuar de forma mais branda.

“Mesmo após 9 sessões consecutivas de baixa, ainda não vemos gatilhos para uma recuperação do Ibovespa nos próximos dias”, afirmaram em nota a clientes, calculando que se fechar abaixo de 117 mil pontos, o índice pode voltar ao patamar de 114 mil pontos.

Oportunidade?

Na semana passada, o Bank of America reafirmou a perspectiva do Ibovespa terminar o ano em 135 mil pontos.

BofA também manteve a classificação overweight (superior a média do mercado) para as ações brasileiras em seu portfólio para América Latina.

Segundo os analistas, o nível atual das taxas de longo prazo já permite a valorização do Ibovespa.

Além disso, os analistas notam que as taxas reais de longo prazo historicamente continuam caindo à medida que o ciclo de flexibilização progride.

“A imagem do fluxo está melhorando, pois as saídas de fundos locais estão finalmente diminuindo e a alocação para ações dentro dos locais permanece baixa”, discorre.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, comentou no Giro do Mercado da última sexta-feira (11) que o cenário não interfere na perspectiva positiva e que ainda há espaço para a bolsa brasileira subir.

“Historicamente, a gente vê que assim que começa o ciclo de flexibilização, o próximo mês imediatamente posterior tende a ser negativo, mas isso não muda a trajetória de 12 meses em si, que costuma ser positiva. Portanto, nós temos alocação em bolsa e estamos construtivos com o cenário de médio a longo prazo”, pontua.

Com Reuters

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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