Mercados

Ibovespa indica abertura com alívio de 4% após a tempestade global

10 mar 2020, 9:42 - atualizado em 10 mar 2020, 9:53
Mercados sobe
A tensão ainda persiste no mercado em meio à disputa do preço do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia (Imagem: Unsplash/@frankbusch)

O índice futuro do Ibovespa (IBOV) inicia a terça-feira com forte valorização de 4,3% aos 89.810 pontos às 09h20, com o dólar comercial recuando 1,06% a R$ 4,6730. Os mercados reagem com promessa de estímulos econômicos do governo dos EUA para conter impactos do surto de coronavírus. Na China, deflação de preços ao produtor renovou esperança de mais pacote de estímulo na economia pelo governo.

Mas, a tensão ainda persiste no mercado em meio à disputa do preço do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia e os impactos do coronavírus na economia global. No cenário interno, os investidores estão atentos ao ruído político provocado por declarações do presidente Jair Bolsonaro e sua conturbada relação com o Legislativo.

– Cenário Interno

Bolsonaro

– O presidente Jair Bolsonaro minimizou o caos no mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira, colocando a responsabilidade pela turbulência nos preços do petróleo, depois de afirmar durante discurso em Miami que os números da economia vêm mostrando que o Brasil começou a se arrumar.

“Obviamente os números de hoje tem a ver, a queda drástica da Bolsa de Valores no mundo todo, tem a ver com a queda do petróleo que despencou, se eu não me engano, 30%”, disse Bolsonaro durante encontro com membros da comunidade brasileira na Flórida.

Além disso, o presidente afirmou que o novo coronavírus também tem influência no nervosismo dos mercados e, repetindo o que já dissera o presidente norte-americano, Donald Trump, disse acreditar que a epidemia esteja sendo superestimada por razões econômicas.

“Tem a questão do coronavírus também, que no meu entender está superdimensionado o poder destruidor desse vírus, então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica”, defendeu.

Bolsonaro II

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, a uma plateia de apoiadores em Miami, que se até o dia 15 de março o Congresso desistisse da proposta de manter o controle sobre 15 bilhões de reais do Orçamento, as manifestações marcadas para aquele dia poderiam nem acontecer, ou ao menos não terem a mesma força.

Os 15 bilhões de reais do Orçamento que ficaram sob o comando do Congresso, como emendas do relator, são parte de um acordo negociado entre o Executivo e os parlamentares –com aval do presidente– para permitir a manutenção dos vetos de Bolsonaro a partes da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 que tratavam do Orçamento Impositivo e aumentavam o poder do Congresso de definir a alocação e prazos das emendas parlamentares.

Grupos de apoio ao presidente convocaram as manifestações de 15 de março, alguns deles com o objetivo de protestar contra o Congresso e o Judiciário.

Em seu discurso em Miami, no entanto, o presidente ressaltou que, para ele, a manifestação do próximo domingo não é contra o Parlamento ou o Judiciário.

Bolsonaro III

No mesmo evento em Miami, Bolsonaro afirmou novamente que houve fraude as eleições presidenciais de 2018, mas que, agora, teria provas, as quais não divulgou nem respondeu aos jornalistas presentes quando questionado sobre a acusação. Bolsonaro diz que teria sido eleito no primeiro turno e teria tido mais votos que o oficialmente divulgado no segundo. “E nós temos não apenas palavra, nós temos comprovado, brevemente eu quero mostrar”, diz o presidente.

Tesouro

O Tesouro Nacional informou nesta segunda-feira o cancelamento do leilão primário de títulos prefixados (LTN e NTN-F) previsto para 12 de março (quinta-feira), “em virtude das condições mais restritivas do mercado financeiro”, conforme comunicado publicado no site do Tesouro.

O cancelamento é parte de “atuação coordenada com o Banco Central do Brasil”, disse o Tesouro no texto.

Está mantido, contudo, a oferta de LFT (títulos atrelados à Selic) programada para a mesma data.

“O Tesouro Nacional seguirá acompanhando a evolução das condições de mercado, para garantir o bom funcionamento do mercado de títulos públicos e de outros mercados correlatos”, disse a nota.

Cenário Externo

EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que a Casa Branca discutirá com o Congresso na terça-feira a possibilidade de cortar impostos sobre os salários para apoiar a economia no combate ao surto de coronavírus.

“Discutiremos um possível corte ou alívio nos impostos sobre as folhas de pagamento, um alívio substancial, um alívio muito substancial, é um grande número”, disse Trump em entrevista à Casa Branca.

China

Os preços ao produtor da China voltaram a registrar deflação em fevereiro uma vez que a epidemia de coronavírus freou a atividade econômica, levantando a perspectiva de mais estímulo mesmo que a inflação ao consumidor tenha permanecido elevada devido aos altos custos dos alimentos.

Pequim adotou uma série de medidas para aliviar o impacto da crise de saúde em meio aos temores de perdas de empregos, mas analistas não esperam que a inflação ao consumidor perto de máximas de oito anos seja um grande obstáculo para as autoridades.

O índice de preços ao produtor caiu 0,4% em fevereiro na comparação anual, mostraram nesta terça-feira dados da Agência Nacional de Estatísticas, uma vez que as fortes medidas de contenção devido ao vírus provocou interrupções no fluxo de produtos e pessoas.

Zona do euro

A economia da zona do euro registrou apenas leve crescimento no quarto trimestre, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, uma vez que os investimentos e os gastos tanto do consumidor quanto do governo compensaram o impacto de uma forte alta nas importações.

A agência de estatísticas da UE, Eurostat, disse que o Produto Interno Bruto (PIB) dos 19 países que usam a moeda única cresceu apenas 0,1% entre outubro e dezembro, em linha com a estimativa preliminar publicada no mês passado.

Entretanto, a Eurostat revisou seu dado anual para uma expansão de 1,0%, ante 0,9% antes.

O fraco crescimento trimestral segue-se a uma expansão de 0,5% no primeiro trimestre, avanço de 0,1% no segundo e alta de 0,3% no terceiro trimestre.

Bolsas internacionais

Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,85%, a 19.867 pontos. Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 1,41%, a 25.392 pontos. Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 1,82%, a 2.996 pontos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 2,14%, a 4.082 pontos.

Após o forte resultado negativo da véspera, as bolsas europeias apresentam recuperação na sessão, com o DAX, de Frankfurt, somando 2,43% aos 10.893 pontos, enquanto que o FTSE, de Londres, avança 3,33% aos 6.175 pontos. Já em Paris, o CAC tem ganhos de 3,23% aos 4.859 pontos.

Commodities

A jornada desta terça-feira teve como principal característica a forte valorização nas cotações dos contratos futuros do minério de ferro, que são negociados na bolsa de mercadorias da cidade de Dalian, na China. O ativo com o maior volume de operações, com data de vencimento para maio deste ano, somou 4,91% para 662,50 iuanes por tonelada, o que representa um avanço de 31 iuanes em relação aos 631,50 de liquidação da véspera.

Na mesma direção, a sessão foi positiva para os preços dos papéis futuros do vergalhão de aço, que são transacionados na também chinesa bolsa de mercadorias da cidade de Xangai. Assim, o contrato de maior liquidez, com entrega para maio de 2020, avançou 79 iuanes para 3.479 iuanes por tonelada, enquanto que o de outubro, segundo em volume, ganhou 52 iuanes para 3.505 iuanes por tonelada.

Os preços do petróleo também reagem nesta terça-feira, com o barril do tipo Brent, de Londres, somando 10,13%, ou US$ 3,48, a US$ 37,86. Já em Nova York, o WTI avança 9,64%, ou US$ 3000, a US$ 34,13.

Empresas

– Heineken

A Heineken vai fazer uma grande expansão na capacidade de produção de sua cervejaria em Ponta Grossa (PR), em um investimento de 865 milhões de reais a ser aplicado entre este ano e 2021 e que vai se concentrar nos rótulos Heineken e Amstel.

A companhia fez o anúncio nesta segunda-feira, mas não informou a capacidade nominal da fábrica, a terceira maior da Heineken no Brasil. A empresa também não deu detalhes sobre o volume pretendido com a expansão, comentando apenas que após os investimentos a capacidade será ampliada em 75%. A ampliação da fábrica será feita gradualmente, com os primeiros resultados esperados já para este ano.

“Estamos antecipando em um ano todos os investimentos de nosso plano estratégico. O Brasil é um mercado-chave para nós, representa um volume muito grande”, disse o presidente-executivo da Heineken no Brasil, Mauricio Giamellaro, ao ser questionado sobre o momento para o realização do investimento, marcado por um ainda fraco crescimento da economia e fortes turbulências internacionais.

“Um investimento como este não se toma pensando no curto prazo….As duas marcas (Heineken e Amstel) estão crescendo muito aceleradamente no país…A categoria de cervejas no Brasil é extremamente grande. Tem um mercado enorme e consumidores novos entrando na categoria”, disse o executivo. “Basicamente estamos fazendo uma nova cervejaria”, acrescentou.

– IPO da Caixa Seguridade

A Caixa Seguridade decidiu suspender sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), disseram duas fontes com conhecimento do assunto nesta segunda-feira, em meio à turbulência das bolsas de valores causada pela forte queda nos preços do petróleo e temores de investidores sobre os efeitos da epidemia de coronavírus sobre a economia global.

“Agora não dá mais pra fazer, vai atrasar pelo menos três a seis meses”, disse uma das fontes. A previsão inicial era de que o IPO fosse concluído em abril.

O IPO da Caixa Seguridade pretendia levantar mais de 10 bilhões de reais, na maior oferta esperada até agora para 2020.Representantes da Caixa não comentaram o assunto de imediato.

O adiamento pode prejudicar expectativas de bancos de investimentos de que 2020 seja um ano recorde de IPOs e ofertas subsequentes de ações. Construtoras, bancos, varejistas e empresas de outros setores estão entre mais de 25 pedidos de IPOs à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) neste ano.

– CPFL

A elétrica CPFL Energia (CPFE3), da chinesa State Grid, registrou lucro líquido de 857 milhões de reais no quarto trimestre de 2019, crescimento de 27,8% em relação a igual período do ano anterior, informou a empresa nesta segunda-feira.

A companhia teve ainda lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 1,741 bilhão de reais no período, avanço de 28,6%, enquanto os investimentos somaram 672 milhões de dólares, recuo de 3%.

No balanço de todo o ano, a CPFL fechou 2019 com um lucro líquido recorde de 2,748 bilhões de reais, alta de 26,9%, além de Ebitda de 6,394 bilhões de reais, crescimento de 13,4%.

“Os resultados do ano de 2019 refletiram o crescimento das vendas de energia, a nossa disciplina na gestão de custos e despesas, bem como a queda da taxa de juros no Brasil”, disse o presidente da CPFL, Gustavo Estrella, em comunicado.

As vendas de energia elétrica na área de concessão da CPFL totalizaram 68.055 gigawatts-hora (GWh) em 2019, avanço de 1,3%, com crescimentos nas classes residencial (+3,8%) e comercial (+3,4%), mas recuo de 1,4% no segmento industrial, “refletindo a lenta recuperação da atividade econômica”.

– Minério de ferro

As exportações de minério de ferro do Brasil na primeira semana de março registraram forte baixa na média diária em relação ao mesmo mês do ano passado, recuando quase que pela metade, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Os embarques do produto nos cinco primeiros dias úteis de março somaram 3,36 milhões de toneladas, com média diária de 672,5 mil toneladas, contra 1,17 milhão de toneladas/dia em março de 2019.

No mesmo mês do ano passado, aliás, as exportações de minério de ferro haviam registrado o que à época representava o menor volume mensal em seis anos, com 22,18 milhões de toneladas, na esteira do desastre de Brumadinho (MG) e de cortes de produção pela Vale (VALE3).

A queda nos embarques se dá após a Vale ter anunciado no mês passado que sua produção no primeiro trimestre ficará menor que o esperado, devido principalmente a questões operacionais na mina de Brucutu, sua maior produtora de Minas Gerais, que ainda sofre impactos do desastre de Brumadinho.

Agenda

– Jair Bolsonaro

O presidente da República participa da Conferência Internacional Brasil-Estados Unidos: um novo prisma nas relações de parceria e investimentos, viajando em seguida para Jacksonville, na Flórida, para uma visita à fábrica da Embraer (EMBR3). No final do dia, retorna ao Brasil.

– Paulo Guedes

– Audiência com Andres Cardó, representante do Grupo de Mídia Unidad Editorial;

– Reunião com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano;

– Reunião com o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodriges;

– Reunião com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.

*Com Reuters

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