Perspectiva Semanal

Ibovespa: O que a B3 fez no carnaval passado? Relembre

19 fev 2023, 16:00 - atualizado em 19 fev 2023, 9:07
B3 Ibovespa Mercados Ações
Ibovespa saiu de cena na última sexta-feira, dando palco para o primeiro carnaval livre das restrições impostas pela pandemia; relembre como foi o retorno quando tudo começou (Imagem: Bloomberg)

O Ibovespa (IBOV) saiu de cena na última sexta-feira (17), dando palco para o carnaval. Será o primeiro ano de folia sem as restrições impostas pela pandemia da covid-19. Daí porque a atenção do investidor se distanciou do brilho das telas e se voltou para o ritmo do samba vindo dos blocos de rua, do trio elétrico e do sambódromo.

É uma postura bem diferente do que se viu três anos atrás, quando os mercados caíram na real quanto ao impacto do coronavírus no mundo. À época, a doença já se espalhava para outros países fora da China, inclusive o Brasil. Porém, foi a disseminação de casos na Europa que castigaram os ativos de risco no exterior, disparando uma busca por proteção. 

O problema foi que os mercados internacionais resolveram dar importância ao contágio do vírus SARS-Cov-2, identificado cerca de um mês e meio antes em Wuhan, justamente nos dias em que a bolsa brasileira estava pulando carnaval. Esse choque de realidade adiou fortes ajustes para o tradicional pregão encurtado da Quarta-feira de Cinzas

Ibovespa no Carnaval passado

Mesmo assim, o tombo foi feio. Em apenas meia sessão, o Ibovespa derreteu 7%, queimando quase 8 mil pontos e encerrando perto da mínima do dia. Foi a maior queda diária desde o famigerado Joesley Day, em 18 de maio de 2017. 

O estrago foi semelhante às perdas de 3% das bolsas de Nova York na segunda e terça-feira, cada. Aliás, Wall Street encerrava aquela última semana de fevereiro de 2020 entrando em território de correção (bear market). De quebra, amargou o pior desempenho semanal desde a crise financeira de 2008. 

A propósito, o tombo por aqui foi liderado pelas vendas de ações pelos estrangeiros. Naquele 26 de fevereiro de 2020, os gringos sacaram pouco mais de R$ 3 bilhões em um único dia, na maior retirada de capital externo da história da B3. Mas o pior ainda estava por vir.   

Até que houve algum respiro no início de março. Porém, o inesperado corte na taxa de juros pelo Federal Reserve de Jerome Powell em uma reunião extraordinária logo no dia 3 daquele mês não foi suficiente. Na segunda semana, o Ibovespa acionou o circuit breaker nada menos que quatro vezes – sendo duas em uma mesma sessão, o que não acontecia desde 2008. 

Em nova reunião não agendada, em pleno domingo, o Fed reduziu os juros a zero, assustando de vez os mercados globais. Apenas cinco dias depois da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar pandemia de coronavírus, o Ibovespa desabou quase 15%, ao passo que o dólar fechava acima de R$ 5 pela primeira vez na história.  

Recordar é viver

Ainda que não se espere nenhuma surpresa de tamanha proporção quando a B3 voltar a funcionar no próximo dia 22, é importante recordar o que aconteceu em outros carnavais para colocar em contexto o momento atual dos mercados. Além disso, vale lembrar que no meio do caminho ocorreu a invasão da Ucrânia.

Aliás, a guerra no leste europeu completa um ano nesta sexta-feira (24). O conflito provocou uma segunda onda de alta generalizada nos preços, principalmente das commodities. Porém, o impacto foi sentido no bolso do consumidor, em meio à inflação dos alimentos e dos combustíveis

Diante de tantos fenômenos extraordinários, fica fácil entender por que, três anos depois, a inflação persiste, inclusive globalmente. Afinal, a resiliência na alta dos preços não é uma exclusividade tupiniquim, o que alimenta o debate sobre mudar as metas de inflação. Até mesmo nos Estados Unidos o tema foi colocado na mesa.

Ninguém menos do que o ex-CEO da Pimco Mohamed El-Erian disse, em entrevista à Bloomberg, que, se o Fed tivesse sinalizado que iria perseguir um alvo maior dos que os 2%, não haveria o receio de a taxa de juros nos EUA ir além dos 5%. Tampouco haveria o risco de uma recessão. Para ele, se fosse traçada hoje, uma nova meta seria de 3% a 4%. 

Mas agora é tarde demais para mudar isso, sem que haja uma grande perda de credibilidade do principal banco central do mundo. Ainda que isso custe caro à economia – e não só dos EUA. Ao menos aqui, ainda é possível colocar em prática a questão. Afinal, enquanto o mundo renasce no novo normal, até pouco tempo atrás se achava que a inflação tinha um caráter “transitório”.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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