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Sinal vermelho para o campo: Inadimplência rural dispara no Banco do Brasil (BBAS3) e expõe desafios do agro

16 ago 2025, 11:00 - atualizado em 16 ago 2025, 11:01
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(iStock.com/wsfurlan)

Há mais de um ano venho alertando para o avanço preocupante do endividamento do produtor rural, elo central de toda a engrenagem do agronegócio brasileiro.

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A recente divulgação dos resultados do Banco do Brasil (BBAS3), instituição amplamente reconhecida como “o banco do produtor rural” devido à forte concentração de sua carteira no setor, reforça esse alerta.

O índice de devedores com atraso superior a 90 dias apresentou alta de 1,21 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre de 2024 e de 0,5 p.p. frente ao trimestre anterior, alcançando 4,21%, o que representa um sinal claro de que há, sim, uma crise em curso.

Neste momento, o pior que se pode fazer é tentar “esconder o sol com a peneira”, minimizando ou negando um problema que já se apresenta de forma evidente.

Reconhecer a crise é o primeiro passo para enfrentá-la, pois a negação leva a medidas paliativas que apenas adiam e agravam as consequências.

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O setor precisa trabalhar pela convergência de ideias e ações, unindo lideranças e representações institucionais em torno de uma agenda propositiva.

As políticas agrícolas demandam ajustes profundos e uma nova abordagem, capaz de lidar com a volatilidade climática, as oscilações de preços e as constantes mudanças nas condições de crédito.

Momentos de crise não devem ser vistos como períodos para repetir fórmulas, mas sim como oportunidades para inovar e buscar soluções diferentes, seja por meio do aprimoramento de instrumentos de gestão de risco, como o seguro rural e o uso inteligente do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), seja por meio da criação de linhas de crédito estruturadas que permitam readequação de passivos, alongamento de prazos e modelos híbridos de garantia.

Alguns analistas classificam o cenário atual como um “soluço” passageiro, e é possível que tenham razão; porém, um soluço mal tratado pode se transformar em algo mais grave.

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A diferença estará na capacidade de reação do setor, pois agir cedo, de forma coordenada e com base em dados concretos, pode transformar a instabilidade de hoje em um ponto de virada positivo.

O produtor rural brasileiro já provou inúmeras vezes sua resiliência diante de adversidades, mas resiliência não deve ser confundida com inércia.

O momento exige planejamento financeiro rigoroso, fortalecimento da representatividade e inovação nas políticas públicas e privadas, pois reconhecer a crise é apenas o primeiro passo — o que definirá o futuro do agro será a capacidade de agir com velocidade, estratégia e unidade para preservar a base produtiva e evitar que o sintoma se transforme em uma doença estrutural.

Para atravessar este momento com menor impacto e maior segurança, é fundamental que o produtor rural reforce seu controle de custos, avalie a viabilidade de cada investimento antes de executá-lo, diversifique fontes de receita e utilize instrumentos de proteção de preços e de gestão de risco climático.

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Já os agentes financeiros precisam ampliar a análise individualizada das operações, oferecendo soluções flexíveis de renegociação, incentivando práticas de governança e produtividade, e estimulando o uso de ferramentas de monitoramento e inteligência de mercado.

A combinação de prudência financeira, inovação tecnológica e alinhamento entre produtores, instituições financeiras e políticas públicas é o caminho mais seguro para que o setor não apenas supere a crise, mas saia dela mais sólido e competitivo.

  • SAIBA MAIS: Fique atualizado sobre o agronegócio, um dos pilares da economia brasileira, com o Agro Times; veja como aqui

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Ex-Diretor de Gestão de Risco da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), bacharel em Direito e Administração, e se especializando em Agronegócio pela Esalq/USP. Atualmente, atua como Consultor Técnico da Câmara Temática de Gestão de Risco Agropecuário do MAPA e é sócio e consultor da AgroStratégia Consultoria e Negócios.
jonatas.pulquerio@moneytimes.com.br
Ex-Diretor de Gestão de Risco da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), bacharel em Direito e Administração, e se especializando em Agronegócio pela Esalq/USP. Atualmente, atua como Consultor Técnico da Câmara Temática de Gestão de Risco Agropecuário do MAPA e é sócio e consultor da AgroStratégia Consultoria e Negócios.
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