Internacional

Índia e China são parceiros, não rivais, dizem Modi e Xi em recado aos Estados Unidos

01 set 2025, 4:06 - atualizado em 01 set 2025, 4:06
Mercados, Bolsas Asiáticas, China, Hong Kong
China e Índia se alinham e colocam pressão sobre guerra comercial de Trump (Reuters/Chaiwat Subprasom)

Índia e China são parceiros de desenvolvimento, não rivais, afirmaram neste domingo (31) o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o presidente chinês, Xi Jinping, durante reunião em que discutiram formas de melhorar os laços comerciais em meio à incerteza tarifária global.

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Modi está na China pela primeira vez em sete anos para participar de uma reunião de dois dias do bloco de segurança regional da Organização de Cooperação de Xangai, juntamente com o presidente russo, Vladimir Putin, e os líderes do Irã, Paquistão e quatro Estados da Ásia Central, em uma demonstração de solidariedade do Sul Global.

Analistas dizem que Xi e Modi estão buscando se alinhar contra a pressão do Ocidente, dias depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs uma tarifa de importação punitiva total de 50% sobre os produtos indianos, em parte em resposta à compra de petróleo russo por Nova Délhi.

As medidas de Trump prejudicaram décadas de laços cuidadosamente cultivados entre os EUA e Nova Délhi, que Washington esperava que atuasse como um contrapeso regional a Pequim.

Modi disse a Xi que seu país está comprometido em melhorar os laços com a China e discutiu a redução do crescente déficit comercial bilateral da Índia de quase US$ 99,2 bilhões, ao mesmo tempo em que enfatizou a necessidade de manter a paz e a estabilidade em sua fronteira disputada depois que um confronto em 2020 desencadeou um impasse militar de cinco anos.

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“Estamos comprometidos com o progresso de nossas relações com base no respeito mútuo, confiança e sensibilidades”, disse Modi durante reunião paralela à cúpula, de acordo com um vídeo publicado em sua conta oficial em rede social.

Problemas em fronteira

O premiê indiano disse que uma atmosfera de “paz e estabilidade” foi criada na disputada fronteira no Himalaia e que a cooperação entre as duas nações está ligada aos interesses de 2,8 bilhões de pessoas dos dois países mais populosos do mundo.

Os vizinhos asiáticos com armas nucleares compartilham uma fronteira de 3.800 quilômetros que é mal demarcada e tem sido disputada desde a década de 1950.

Xi disse que a China e a Índia são oportunidades de desenvolvimento uma para a outra, e não ameaças, informou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

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“Não devemos (…) deixar que a questão da fronteira defina o relacionamento geral entre a China e a Índia”, disse Xi, segundo a Xinhua.

Os laços entre a China e a Índia poderiam ser “estáveis e de longo alcance” se ambos os lados se concentrarem em ver um ao outro como parceiros em vez de rivais, acrescentou Xi.

Os laços entre as nações foram rompidos pelo confronto de 2020, no qual 20 soldados indianos e quatro chineses morreram em um combate corpo a corpo, após o qual a fronteira do Himalaia foi fortemente militarizada por ambos os lados.

O Secretário de Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri, disse a jornalistas no final do dia que a situação da fronteira havia evoluído ao longo do ano passado, após um acordo de patrulhamento em outubro. “A situação na fronteira está caminhando para a normalização”, disse ele.

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Em resposta a uma pergunta sobre as tarifas de importação dos EUA, ele disse que Modi e Xi discutiram a “situação econômica” internacional e os desafios que elas criaram.

“Eles tentaram (…) ver como aproveitar isso para construir um maior entendimento entre eles e como (…) levar adiante o relacionamento econômico e comercial entre a Índia e a China”, disse ele.

Os líderes também discutiram a expansão de pontos em comum em questões bilaterais, regionais e globais, e desafios como o terrorismo e o comércio justo em plataformas multilaterais, informou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Índia.

Voos diretos retomados

Os dois líderes tiveram uma reunião na Rússia no ano passado, depois de chegarem a um acordo de patrulha de fronteira, dando início a uma tentativa de descongelamento dos laços que se acelerou nas últimas semanas, à medida que Nova Délhi procura se proteger contra novas ameaças tarifárias de Washington.

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Os voos diretos entre as duas nações, que estão suspensos desde 2020, estão sendo retomados, acrescentou Modi, sem fornecer um prazo.

A China concordou em suspender as restrições de exportação de terras raras, fertilizantes e máquinas de perfuração de túneis este mês durante uma visita importante à Índia pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.

A China se opõe às altas tarifas impostas por Washington à Índia e “apoiará firmemente a Índia”, disse o embaixador chinês na Índia, Xu Feihong, neste mês.

Nos últimos meses, a China permitiu que os peregrinos indianos visitassem locais hindus e budistas no Tibete, e ambos os países suspenderam as restrições recíprocas de vistos de turistas.

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“Vejo a reunião como um passo na direção de uma melhoria gradual. As leituras indicam muita sinalização política mista… Mas também há um senso de necessidade de estabilizar o relacionamento no contexto de correntes geopolíticas mais amplas”, disse Manoj Kewalramani, especialista em relações sino-indianas do grupo de estudo Takshashila Institution, em Bengaluru.

Outras irritações de longo prazo também permanecem no relacionamento.

A China é o maior parceiro comercial bilateral da Índia, mas o déficit comercial de longa data – uma fonte persistente de frustração para as autoridades indianas – atingiu um recorde de US$ 99,2 bilhões este ano.

Enquanto isso, uma megabarragem chinesa planejada no Tibete provoca temores de desvio de água, o que poderia reduzir o fluxo do importante rio Brahmaputra em até 85% na estação seca, de acordo com estimativas do governo indiano.

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A Índia também abriga o Dalai Lama, o líder espiritual budista tibetano exilado que Pequim vê como uma perigosa influência separatista. O arquirrival da Índia, o Paquistão, também se beneficia do firme apoio econômico, diplomático e militar chinês.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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