Indicadores econômicos da semana testam resiliência da atividade no Brasil e no exterior

A semana econômica será marcada por dados que testam a resiliência da atividade, tanto no Brasil quanto no exterior.
Por aqui, a produção industrial de maio deve apresentar a primeira retração do ano, em linha com a perda de fôlego da confiança e o aperto monetário ainda vigente.
No mercado de trabalho, os dados do Caged devem confirmar a manutenção de um cenário robusto, reforçando a perspectiva de juros elevados por mais tempo.
No setor externo, a balança comercial segue positiva, mas limitada por quedas nas exportações.
No cenário internacional, os EUA devem mostrar um mercado de trabalho ainda aquecido, enquanto a prévia da inflação da Zona do Euro indica pressões localizadas, o que pode levar o BCE a adotar uma postura mais cautelosa nos próximos passos de política monetária.
Confira as projeções dos indicadores para a semana
Produção industrial brasileira deve registrar a primeira queda mensal de 2025 em maio
Após quatro meses consecutivos de expansão, ainda que modesta, a produção industrial brasileira deve recuar cerca de 0,17% na passagem de abril para maio. Embora alguns indicadores sinalizem uma possível alta marginal, dados com forte correlação com o desempenho do setor sugerem retração. A desaceleração é compatível com o atual aperto monetário e a queda na confiança de empresários e consumidores nos primeiros meses do ano.
Perda de fôlego das exportações limita melhora do superávit comercial em junho
As estimativas preliminares de comércio exterior apontam para um superávit de aproximadamente US$ 6,3 bilhões em junho. Apesar de uma leve retração nas importações, coerente com a desaceleração da economia doméstica, o recuo nas exportações deve predominar, refletindo a fraqueza da demanda global, especialmente da Europa, e o ambiente persistente de tensões comerciais. Esse cenário restringe um avanço mais expressivo no saldo da balança em relação a maio.
Caged deve endossar mercado de trabalho aquecido em maio
A taxa de desocupação medida pela Pnad caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio — o menor nível histórico para o período. Neste contexto, espera-se a criação de cerca de 142 mil empregos formais em maio, número inferior ao de abril, mas acima do registrado no mesmo mês do ano anterior. A combinação de dados robustos do mercado de trabalho com a forte deflação do IGP-M pode favorecer o real, ao reforçar a perspectiva de manutenção da Selic em 15% por um período prolongado, além de reduzir riscos inflacionários à frente.
Mercado de trabalho americano deve continuar aquecido, refletindo os movimentos de antecipação às tarifas comerciais
Apesar de sinais pontuais de desaceleração, o mercado de trabalho dos EUA segue aquecido, em parte devido à antecipação de contratações diante da iminência de novas tarifas comerciais. A contração do PIB no primeiro trimestre parece ter sido temporária, refletindo ajustes no consumo, produção e importações. Modelos atualizados do Federal Reserve apontam para uma forte aceleração da atividade no segundo trimestre, com crescimento mais expressivo.
Inflação acima do esperado na França e Espanha pode gerar cautela do BCE
Dados preliminares de inflação na França e na Espanha vieram acima do esperado em junho, sugerindo uma possível surpresa altista na leitura agregada da Zona do Euro. Embora o bloco tenha mantido trajetória de desinflação nos últimos meses — o que sustentou o início do ciclo de corte de juros —, os números das duas maiores economias depois da Alemanha levantam dúvidas sobre a continuidade desse movimento. Apesar disso, o cenário-base para o BCE permanece inalterado, com decisões fortemente pautadas pelos dados. A expectativa de uma condução mais cautelosa, no entanto, pode continuar sustentando o euro.
Veja a agenda de indicadores entre 30 de junho a 04 de julho (horário de Brasília):
Segunda-feira, 30 de junho
Horário | País | Indicador |
21h30 (domingo) | Japão | Produção Industrial |
22h30 (domingo) | China | PMI Composto e Industrial |
3h | Reino Unido | PIB |
08h25 | Brasil | Relatório Focus |
Terça-feira, 01 de julho
Horário | País | Indicador |
5h | Zona do euro | PMI Industrial |
6h | Zona do euro | CPI |
10h | Brasil | PMI Industrial |
11h | EUA | PMI Industrial |
11h | EUA | Jolts |
Quarta-feira, 02 de julho
Horário | País | Indicador |
6h | Zona do euro | taxa de desemprego |
9h | Brasil | Produção Industrial |
9h15 | EUA | Relatório ADP |
Quinta-feira, 03 de julho
Horário | País | Indicador |
5h | Zona do euro | PMI Composto |
9h30 | EUA | Pedidos semanais de seguro-desemprego |
9h30 | EUA | Payroll |
10h | Brasil | PMI Composto e de Serviços |
Sexta-feira, 04 de julho
Horário | País | Indicador |
— | EUA | Feriado |
6h | Zona do euro | PPI |
9h | Brasil | PPI |
15h | Brasil | Balança comercial |