Agronegócio

Indonésia volta a comprar açúcar do Brasil com carga da Alvean

11 fev 2020, 17:01 - atualizado em 11 fev 2020, 17:01
Açúcar
As importações indonésias de açúcar bruto ficaram aquém das necessidades do país em mais de um milhão de toneladas no ano passado (Imagem: Pixabay)

A Indonésia, maior importadora de açúcar bruto, está recorrendo ao Brasil depois que a pior seca das últimas décadas reduziu a safra da Tailândia, segundo a Alvean, maior trading de açúcar do mundo.

A Alvean, uma joint venture criada pela Cargill e Copersucar, deve carregar um navio esta semana para transportar pelo menos 60 mil toneladas de açúcar bruto para a Indonésia, disseram o CEO Paulo Roberto de Souza e o diretor comercial Mauro Angelo em entrevista na Dubai Sugar Conference.

A venda ocorre quase dois anos após a última exportação de açúcar bruto do Brasil para a Indonésia e segue as previsões de uma queda de pelo menos 30% da safra da Tailândia.

Além de mais escassos, os suprimentos do segundo maior exportador do mundo estão tão caros atualmente que a Indonésia prefere comprar do Brasil mesmo com uma tarifa de importação mais alta.

“Quando todo esse problema começou na Tailândia, esperávamos ver a Indonésia recorrendo ao Brasil a partir de maio, junho”, disse Angelo na segunda-feira. “Já está acontecendo em fevereiro, e isso é uma surpresa.”

As importações indonésias de açúcar bruto ficaram aquém das necessidades do país em mais de um milhão de toneladas no ano passado, deixando os estoques em níveis muito baixos, segundo a Alvean.

Embora seja difícil avaliar quanto o Brasil poderia enviar para o país antes do fim da colheita na Tailândia, a Alvean calcula que outras 50 mil a 100 mil toneladas de suprimentos estão em processo de contratação.

A Tailândia geralmente tem uma vantagem no transporte para a Indonésia por causa da proximidade e de uma tarifa mais baixa. Ainda assim, o aumento do prêmio pelo açúcar tailandês no mercado físico já compensou isso.

“Hoje, para comprar açúcar da Tailândia, se disponível, há um prêmio de 220 pontos”, ou 2,2 centavos por libra-peso sobre os preços futuros em Nova York, disse Souza. “É quando o Brasil entra em jogo.”

O Brasil pode enfrentar a concorrência da África do Sul e, possivelmente, da Índia, que tenta fechar um acordo que permita à Indonésia comprar seus suprimentos.

O país do sul da Ásia está em negociações avançadas para que a Indonésia mude as regras de importação, de acordo com a Indian Sugar Mills Association.

A Índia deve exportar de 4 milhões a 4,5 milhões de toneladas de açúcar nesta temporada, mas qualquer venda para a Indonésia deixará uma lacuna em outro lugar que poderia ser ocupada pelo Brasil, disse Souza.

Isso não representará um volume adicional entrando no mercado, atualmente com oferta apertada devido ao declínio da produção tailandesa, acrescentou.

“Depois de quase três, dois anos e meio com a Indonésia totalmente desconectada do Brasil por causa de uma tarifa mais baixa da Tailândia, ela voltará com força total no segundo semestre”, disse Angelo.