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Infracommerce precisa se provar, mas apertamos o botão certo agora, diz fundador

20 nov 2021, 16:00 - atualizado em 21 nov 2021, 11:09
Kai Schoppen, CEO e fundador da Infracommerce
Resistência: e-commerce não vai acabar por causa de “um pouco de inflação”, diz Schoppen (Imagem: Divulgação/Infracommerce)

Os resultados do terceiro trimestre da Infracommerce (IFCM3) serviram para quebrar mais uma barreira entre os investidores e a companhia. Em entrevista exclusiva ao Money Times, o CEO e fundador, Kai Schoppen, disse que a empresa finalmente “apertou o botão certo” e passou a ser vista pelo mercado de maneira diferente.

De acordo com o empresário, a Infracommerce entrou no mercado de capitais quase no fim da festa, quando as empresas começaram a engrossar a fila de desistência de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês).

Superado o desafio de levar o processo de abertura de capital para frente, a Infracommerce teve que convencer um mercado preocupado com a capacidade da companhia de entregar números crescentes, especialmente diante de uma base de comparação mais difícil (segundo trimestre de 2021 vs. segundo trimestre de 2020) e em um setor onde players como Locaweb (LWSA3) já estão com o nome consolidado.

“Saímos um ano depois de uma Locaweb, que já conquistou os investidores com bastante mérito”, afirma Schoppen. “A gente vai precisar se comprovar. Essa reputação não se cria em três meses. Ela se cria em um ou dois anos, sempre entregando”.

Segundo o CEO, o balanço desta última temporada foi uma surpresa para muitas pessoas que estavam só esperando uma sinalização mais clara da trajetória de crescimento da empresa.

“Muitas pessoas falavam: ‘Quero ver um quadro mais limpo, sem a comparação dura do trimestre anterior’. Agora, a gente apertou o botão certo, e tenho uma convicção muito grande de que, no embalo disso, elas estão olhando para nós com outros olhares”, diz.

Nível de gigante

A Infracommerce divulgou os resultados do terceiro trimestre em 12 de novembro, antes da abertura do mercado. O balanço trouxe um crescimento de 70% na receita líquida, para R$ 105 milhões, e avanço de 43% no GMV (volume bruto de mercadorias), que atingiu R$ 1,7 bilhão.

O aumento das duas linhas fez com que os investidores reagissem de forma positiva ao balanço. No mesmo dia da divulgação, as ações da companhia encerraram o pregão em alta de mais de 6%, enquanto o Ibovespa fechou com perdas de 1,17%.

A Infracommerce terminou o trimestre com ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado estável em R$ 4,4 milhões. O prejuízo líquido saltou de R$ 400 mil para R$ 3,3 milhões, grande parte devido ao aumento das despesas comerciais e administrativas.

Infracommerce
Nos últimos meses, a Infracommerce fez esforços para ampliar o segmento de distribuição e logística (Imagem: Divulgação/Infracommerce)

Além dos investimentos em agronegócio, o terceiro trimestre marcou a entrada do segmento B2B (Business to Business) da Infracommerce nos setores pet e cuidados médicos. Schoppen explica que a escolha desses dois mercados levou em consideração, além do potencial de crescimento dos mercados, a ampla base de distribuidores plugados na plataforma de bens de consumo da companhia.

Schoppen classificou o movimento como uma “oportunidade gigantesca”, com potencial para criar uma empresa de bilhões de GMV em cada área.

A Infracommerce também fez esforços para ampliar o segmento de distribuição e logística. A companhia inaugurou centros de distribuição (CDs) no Ceará, Bahia e Minas Gerais, totalizando 11 unidades em operação.

Além disso, a empresa abriu três novas dark stores (pontos de venda para compras online), terminando o trimestre com 10 micro CDs para entrega em até duas horas, localizados em seis estados brasileiros.

Segundo Schoppen, a ideia da Infracommerce é ser um marketplace white label (ou seja, uma plataforma que não vende sua própria marca, mas a marca do cliente) com o mesmo nível dos experts do segmento – Mercado LivreAmazon e Magazine Luiza (MGLU3).

“Plataforma de e-commerce e pagamento no Brasil, sozinha, hoje você consegue contratar. No fim das contas, não é mais o acesso a uma plataforma. O que falta é como ter tecnologia, logística, pagamento, dados e marketing digital ao nível de uma grande marca”, defendeu o executivo.

Para 2022, a Infracommerce espera atingir R$ 13 bilhões em GMV e uma receita operacional líquida de R$ 950 milhões. As estimativas de ebitda para o próximo ano estão entre R$ 80-100 milhões.

Foco agora não é M&A

E-commerce
“Tese macro de e-commerce não quebra de um ano para outro”, afirmou Schoppen (Imagem: Unsplash/@markkoenig)

A Infracommerce recentemente adquiriu a rival Synapcom, empresa com mais de 60 clientes na carteira (entre eles Samsung, Phillips, Hypera [HYPE3] e Porto Seguro [PSSA3]) e uma receita recorrente anualizada de R$ 275 milhões. Em 2021, a Synapcom tem apresentado crescimento orgânico superior a 100% ao ano.

Com isso, a Infracommerce concluiu seu plano estratégico de aquisições apresentado no IPO, mas continua aberta às oportunidades do mercado.

Para complementar ainda mais as soluções logísticas do seu portfólio, a companhia está de olho em ativos de inteligência artificial, precificação e abastecimento.

O CEO afirma que a Infracommerce tem algumas empresas mapeadas, mas nenhuma delas no “nível Synapcom”. A ideia é complementar cada vez mais o ecossistema com ativos disruptivos.

No entanto, o foco da companhia agora não é M&A (fusões e aquisições). Seguindo a mesma fórmula bem-sucedida do período pré-IPO, a empresa quer se concentrar em crescimento orgânico no ano que vem.

“Diferente de outros empresas que fazem M&A para poder mostrar crescimento para o mercado, a gente realmente está crescendo organicamente, com um negócio que está bem saudável. Usamos isso [M&A] para dar um pulo a uma escala disruptiva, para ser alguém no mundo do e-commerce”, observa Schoppen.

A companhia está bastante otimista com o sucesso da estratégia. A piora das expectativas para o cenário macroeconômico em 2022 não assusta o CEO. “Tem uma migração ainda do mundo físico para o canal digital. Isso dá um pouco de proteção para todos nós do mercado”, afirma. “A tese macro de e-commerce não quebra de um ano para outro, só porque tem um pouco de inflação.”

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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