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Inter (INBR32): Papel pode disparar 40%, mas números do 1T23 reforçam tese arriscada

09 maio 2023, 14:11 - atualizado em 09 maio 2023, 15:04
Banco Inter
Banco Inter divulgou resultados trimestrais na noite de ontem. Veja o que o BB Investimentos achou dos números. (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

O Banco Inter (INTR:INBR32) divulgou ontem os resultados corporativos do primeiro trimestre do ano, sob pressão dos investidores.

Afinal, o banco apostou em um modelo atabalhoado de crescimento de crédito, trazendo como efeito pegajoso a alta da inadimplência. Além disso, o histórico recente de demonstrações trimestrais mostra que o banco tem patinado quando o assunto é gerar lucro líquido de maneira consistente.

É nesse contexto que chegam os resultados de janeiro a março de 2023, o primeiro dentro do ambicioso objetivo ’60-30-30′ (60 milhões de clientes ativos, 30% de índice de eficiência e 30% de ROE), apresentado por pelo CEO João Vitor Menin no Investor Day do início do ano.

Ao que consta o BB Investimentos, equipe de research do Banco do Brasil, os números são um passo inicial, encorajador em direção ao cumprimento do plano mestre.

O Inter reportou lucro de R$ 28,8 milhões, equivalente a um ROE trimestral de 1,4%, mas que denota uma queda de 16% em relação ao lucro obtido no último trimestre de 2022; a receita bruta alcançou a R$ 1,8 bilhão e a base de clientes ativos ultrapassou a marca dos 26,3 milhões.

Houve favorecimento por parte de maiores receitas em geral, incluindo de juros e de serviços, assim como menores despesas, sobretudo da parte de despesas de pessoal.

Dinâmicas do Inter são positivas também ‘embaixo do capô’

Além de números satisfatórios na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), o BB Investimento disse ver “dinâmicas positivas ‘embaixo do capô’”. Assim se refere o BB aos direcionamentos que o Inter vem se propondo como forma de corrigir os seus principais problemas.

Em primeiro lugar, a casa de análise destaca um recuo do ímpeto de crescimento de crédito, sinalizando maior ênfase em produtos menos voláteis, como consignado e imobiliário.  Em segundo, o enxugamento do quadro de funcionários ajudou nas despesas da fintech.

Por fim, sublinha-se um custo de aquisição de clientes (CaC, na sigla em inglês) em estabilidade, à medida que as taxas de ativação, principalidade e receita média por cliente (ARPAC, na sigla em inglês) avançam.

Mas nem tudo são flores para o Inter. O contraponto crítico continua sendo os devedores duvidosos da instituição. “A inadimplência reflete a safra pouquíssimo restritiva de concessão praticada no pós-pandemia e ainda avança, atingindo 4,4%, ante 4,1% no trimestre anterior”, aponta o BB Investimentos.

Considerada a crítica, o BB menciona que as safras mais atuais de concessão de crédito apontam para uma direção mais saudável, escalando mais lentamente forma menos íngreme.

O que vem pela frente?

Em uma avaliação geral do braço de investimentos do Banco do Brasil, há ainda uma longa trilha para o Banco Inter.  Antes mesmo de alcançar os objetivos próprios, o laranjinha precisa primeiro pensar em como peitar seus concorrentes.

Considerando a estrutura de custo ‘congelada’ em R$ 1 bilhão, um índice padrão de eficiência de 33% e o patrimônio líquido de R$ 7 bilhões, o BB conclui que o Inter precisaria ter o triplo da receita atual para alcançar o ROE médio do setor bancário, de 20%.

Mas como continuar apoiando um crescimento, com a necessidade de frear os custos? Essa é a equação que o Inter vai precisar responder para reconquistar a paciência perdida do investidor.

Os papéis INTR perderam cerca de 50% do valor desde junho do ano passado, data do IPO. Nas mínimas, a queda chegou aos 60%. Às 13h45, o ativo sobe cerca de 4,32% na Bolsa de Nova York.

Para a BDR INBR22 listada na B3, o BB Investimentos precifica um potencial implícito de 40% do ativo em 2023. No entanto, essa alta está condiciona a um “valuation altamente sensível às premissas sobre a capacidade do Inter em converter crescimento em rentabilidade”.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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