Comprar ou vender?

Investidores têm US$ 1 trilhão e não se importam com os preços caros das ações

17 jun 2021, 17:46 - atualizado em 17 jun 2021, 17:48
Dólar
Há gente interessada em comprar toda vez que as ações sofrem uma queda (Imagem: Unsplash/ Alexander Schimmeck)

Os observadores do mercado ouviram alerta atrás de alerta: as ações estão caras, o crescimento econômico deve ficar mais lento, impostos mais altos e política monetária mais restritiva representam ameaças.

No entanto, existe uma enorme força contra todas as vozes pessimistas: compradores que continuam comprando.

A demanda sobe de modo generalizado — dos day-traders obcecados com ações promovidas nas redes sociais a fundos negociados em bolsa (ETFs) e até os outrora cautelosos fundos de hedge, que vêm aumentando sua alavancagem para ganhar exposição.

Há gente interessada em comprar toda vez que as ações sofrem uma queda. Assim, o índice S&P 500 (SPX) está há sete meses sem recuar 5%, marcando o período mais longo de sustentação desde fevereiro de 2018.

Mesmo a sinalização surpreendente do banco central dos EUA — de duas altas na taxa básica de juros até o final de 2023, antecipando o aperto previsto anteriormente — não abalou seriamente o ânimo comprador na quarta-feira, quando o S&P 500 se recuperou de uma queda de 1% e fechou com perda de apenas 0,5%.

Ninguém sabe até quando essa demanda continuará robusta. Enquanto isso, tal voracidade enche os bolsos de quem está disposto a vender ações no momento — como fundos de pensão e investidores de fundos mútuos.

Mercados
O S&P 500 subiu 90% desde o ponto mínimo atingido em março de 2020 (Imagem: Unsplash/ M. B. M.)

As compras de ações por pessoas físicas, fundos de hedge e ETFs superaram as vendas em US$ 361 bilhões no primeiro trimestre, a maior diferença desde pelo menos a década de 1950, de acordo com dados compilados pela Reynolds Strategy. O resultado estendeu cinco trimestres consecutivos de entrada de fluxos, quando as compras superaram US$ 1 trilhão, ou cinco vezes mais do que o total acumulado na década anterior.

As grandes companhias dos EUA, que estavam mais reclusas durante a pandemia, agora alimentam a demanda: a recompra de ações se sobrepõe ao total de ofertas pelo segundo trimestre consecutivo.

O apetite por ações nos EUA resultou em uma resiliência do mercado que desafia os céticos. O ano está apenas na metade e o S&P 500 já registrou 29 novos recordes, caminhando para o terceiro melhor ano em termos de pontuação máxima no fechamento do pregão, segundo a Bespoke Investment Group.

“Os investidores de varejo são agora o fator dominante na valorização das ações, mas as empresas estão contraindo dívidas e criando caixa para recompras — se a demanda dos investidores de varejo diminuir, as recompras pelas empresas ocuparão esse lugar”, disse Brian Reynolds, estrategista-chefe de mercado na firma que leva seu nome. “É por isso que este otimismo no mercado é mais durável, além de potente.”

O S&P 500 subiu 90% desde o ponto mínimo atingido em março de 2020, marcando o melhor início de um período de altas no mercado em nove décadas.

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