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Investimentos na recessão? Gestoras dão dicas para não perder dinheiro

26 maio 2022, 15:58 - atualizado em 26 maio 2022, 15:58
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Gestoras deram seus palpites sobre estratégias de investimento (Adobe Stock)

A XP Investimentos conversou com as gestoras globais JP Morgan, Franklin Templeton e Morgan Stanley sobre as previsões de cada uma delas para o comportamento das taxas de juros, inflação e a possibilidade de uma recessão na economia americana, além de perigos e oportunidades para os investidores em cenários variados.

As gestoras, que não entraram em consenso sobre previsões para o cenário econômico dos próximos meses, deram seus palpites sobre estratégias de investimento para quem deseja proteger seu patrimônio contra o que pode acontecer com a economia nos próximos meses.

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JP Mogan: hora de diversificar

A JP Morgan é a gestora que aposta em um cenário mais otimista entre as consultadas.

Considerando o aumento nos juros devido à inflação, uma subida nos preços das commodities e os aumentos de casos de Covid-19 na China, a gestora acredita na possibilidade de uma desaceleração da economia americana, mas em “soft land”, sem maiores danos à atividade econômica geral.

Alguns dos fatores que afastam as chances e recessão mais severa na economia americana seriam o consumo de serviços forte, o alto nível de poupança e o nível de crescimento de lucro das empresas chegando a 10% em 2022, na previsão da gestora.

As incertezas, segundo a corretora, já estariam precificados nos mercados, controlando preocupações.

A diversificação internacional nos investimentos deve ser a chave para atravessar um período como o atual.

Franklin Templeton de olho em bonds renda fixa

A gestora com as expectativas mais ponderadas acredita que o cenário atual de inflação nos EUA é uma consequência de um erro de política monetária e fiscal — o oferecimento de mais de US$ 2 trilhões em estímulos fiscais, através do Plano de Resgate Americano, quando a economia americana já estava em vias de recuperação.

A Franklin Templeton crê que as injeções de liquidez pelos bancos centrais em todo o mundo causaram disfunções nos mercados, pavimentando caminhos para o avanço galopante da inflação.

Impactos da guerra entre a Rússia e Ucrânia, como novos choques nos preços das commodities, e altas demandas por bens podem colocar “mais lenha na fogueira” no aumento dos preços, segundo a gestora.

O Fed deve elevar as taxas de juros para além dos 2,5% considerados como neutros, enquanto a inflação nos EUA deve ultrapassar os 4% em 2022 — e nem mesmo banco central americano tem muita convicção sobre os efeitos do quantitative tightening que reduzirá a liquidez dos mercados.

Para não dizer que estão excessivamente negativos com o cenário, os analistas da gestora apontam fatores que podem fazer com que a inflação ceda de forma consistente sem impactar o crescimento, como:

  • O consumo das famílias, ainda alto nos EUA;
  • Setor de serviços em alta com as reaberturas completas das economias no “pós Covid”, com exceção da China e alguns poucos países asiáticos;
  • Uma redução nas pressões salariais, principalmente nas vagas de trabalho para classes mais baixas que, pressionadas pela inflação, deverão ter que retornar ao mercado de trabalho;
  • E um arrefecimento gradativo nos preços de imóveis e carros, que contribuirão para trazer a inflação naturalmente para baixo.

Se a inflação permanecer acima da média histórica por mais muito tempo, afirma a gestora, as taxas de juros reais também deverão se estabilizar em patamares maiores no longo prazo.

Assim, para o investidor que deseja oportunidades no longo prazo, os portfólios deverão ter exposição estrutural maior em bonds e ativos de renda fixa global em geral.

A JP Morgan Asset Management é a gestora que aposta em um cenário mais otimista  (Money Times)

Morgan Stanley aposta no “stock picking”

Um pouco mais pessimista que as demais gestoras, a Morgan Stanley acredita que o VIX, índice que mede a volatilidade dos preços de uma cesta de opções de empresas do S&P 500 (SPX), atualmente perto de 30%, pode chegar a 40% nos próximos meses. 

E o principal motivo, sem grandes surpresas, é o receio inflacionário.

Em suas previsões, o Fed deverá mudar o ritmo de alta de juros no segundo semestre de 2022, aumentando o ritmo dos atuais 50 bps para controlar a inflação de forma mais incisiva.

Até lá, o setor de consumo, principalmente discricionário, deverá sofrer e apresentar resultados fracos.

O que segura as previsões de entrarem em território ainda mais pessimista são balanços de empresas ainda saudáveis, assim como o nível de poupança das famílias.

Diante de tamanha volatilidade e incerteza, a gestora prioriza a seleção de ativos (stock picking) em detrimento de fundos indexados, como os ETFs.

E em uma carteira que vinha focada em empresas de valor, a Morgan Stanley começa a ter mais olhos para empresas que:

  • Tenham histórico de lucratividade de longo prazo acima dos seus pares;
  • Não tenham problemas fundamentais em seus negócios;
  • Tenham corrigido (caído) 20% ou mais em relação aos seus níveis de preços mais altos;
  • Tenham valuations razoáveis (não precisam estar extremamente baratas).

Disclaimer

Money Times publica matérias de cunho jornalístico, que visam a democratização da informação. Nossas publicações devem ser compreendidas como boletins anunciadores e divulgadores, e não como uma recomendação de investimento.

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Estagiária
Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
laura.intrieri@moneytimes.com.br
Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.