IOF no varejo: JP Morgan avalia impacto e vê principais riscos para o Magazine Luiza (MGLU3)

O governo federal mexeu com os ânimos do mercado ao anunciar, na quinta-feira (22), mudanças no IOF para crédito de empresas, previdência e operações de câmbio. No que se refere ao varejo brasileiro, o JP Morgan avalia que as principais implicações envolvem transações de financiamento de fornecedores, usadas para financiar capital de giro.
A equipe de analistas liderada por Joseph Giordano pondera que as transações de curto prazo (inferiores a um ano) serão tributadas em 0,95% + 0,0082% ao dia, com um máximo de 3,95% ao ano. Apesar disso, muitas das transações são originadas pelos fornecedores da empresa, que arcam com os custos relacionados a elas.
Dessa maneira, o banco coloca que essas transações não impactam diretamente as demonstrações de resultados das empresas nas despesas financeiras.
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“Pelo nosso entendimento, as operações de antecipação de recebíveis (prática muito usada no setor) não estão sendo afetadas e permanecem como de costume, enquanto potenciais mudanças na tributação dessa linha são um grande temor para os investidores”, dizem os analistas.
Para o JP Morgan, o real impacto nos resultados dos varejistas dependerá do quanto será repassado pelos fornecedores e do que será absorvido pela própria empresa, já que isso pode afetar as vendas, tendo em vista o impacto no preço aos consumidores.
“Embora as medidas possam não impactar as demonstrações de resultados dos varejistas de imediato, nossa visão é que as pressões crescentes sobre seus fornecedores devem se escalar pela cadeia, atingindo os varejistas com custos potencialmente mais altos ou prazos de pagamento mais curtos, e os consumidores finais com preços mais elevados”.
As varejistas em risco pelo IOF
O banco gringo estimou os potenciais impactos nas varejistas brasileiras sob o cenário mais conservador, ou seja, assumindo que a empresa absorveria o ônus total do impacto do IOF.
Ainda que os analistas vejam esse como um cenário improvável, eles entendem que essa visão oferece uma boa imagem das cadeias e empresas que terão que se equilibrar mais (isto é, ajustar as operações) para compensar os impactos.
Assim, a lista considera ordem decrescente em termos de magnitude de financiamento de fornecedores.
Do ponto de vista do capital de giro, os principais riscos são para a Magazine Luiza (recomendação de venda), seguida por Hypera (recomendação de venda) e Vivara (recomendação de venda).
Pensando no impacto potencial no lucro líquido de 2025, o banco estima que os mais impactados seriam Magazine Luiza, Assaí (recomendação neutra) e Natura&Co (recomendação neutra).
“Ainda assim, ao considerar os potenciais aumentos de preço necessários para compensar o ônus potencial em um cenário conservador e o risco incremental de capital de giro (como pecentual das vendas) para a maioria das empresas, vemos que, na maioria dos casos, o mercado está reagindo exageradamente ao anúncio”, diz o JP Morgan.