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IPOs e tokens: quais são as principais teses de investimento cripto para 2021?

30 dez 2020, 11:02 - atualizado em 24 dez 2020, 18:56
Confira, em excerto das “Criptoteses para 2021” da Messari, por Ryan Selkis, a segunda parte das dez principais teses de investimento cripto para 2021 (Imagem: Freepik)

Parte 1

6) O calendário de IPOs cripto

Em termos de megacandidatos de IPOs nos EUA, existem quatro para prestar atenção mas, talvez, a mais interessante vai ser a menos provável.

Coinbase

Ações da Coinbase foram precificadas em mercados secundários entre US$ 7 bilhões e US$ 12 bilhões. Isso faz sentido dada a sua recente arrecadação de US$ 8 bilhões durante o último ciclo inconstante de mercado e as inúmeras ameaçadas que recebe desde 2017. Coinbase possui quatro vantagens em ser listada:

1. por possuir um nome familiar, a Coinbase é dominante devido à sua reputação em evitar fraudes, assegurar custódia e ter um bom design;

2. o modelo de taxas da empresa continuou resiliente, preservando o modelo de taxa de transação de 1% em sua plataforma principal de carteira enquanto diminuir as taxas em sua corretora Pro foi uma tacada de mestre — não se sabe se opções de baixo custo como Square e PayPal terão muita chance por conta da dominância da Coinbase;

3. Coinbase se tornou um grande player no jogo da custódia e lucrará uma receita significativa desse setor conforme staking se torna um componente novo e importante da governança cripto; e

4. a empresa é a “queridinha” dos reguladores. BitMEX, Huobi, OKEx e Binance tiveram problemas com as autoridades em 2020, menos a Coinbase.

Kraken

A Kraken é uma opção interessante. Sua aquisição e integração da plataforma britânica de derivativos Crypto Facilities pode ter sido uma das fusões e aquisições (M&A) mais lucrativas da indústria até hoje. A empresa acaba de lançar um banco cripto em Wyoming. Possui uma plataforma de dados bem-sucedida chamada CryptoWatch. A corretora continua sendo uma das cinco maiores plataformas de negociação à vista em todo o mundo. Sua última valoração de US$ 4 bilhões parece um marco conservador para uma empresa com uma presença global forte e tradicional, bem como um histórico de crescimento atrativo e inorgânico.

BlockFi

A BlockFi tem flertado com a ideia de uma oferta pública desde o início de 2020 e cresceram (e arrecadaram dinheiro) a um ritmo impressionante. Hoje, é a líder no mercado de empréstimos de varejo cripto, mas ainda não ficou claro

a.se têm uma vantagem competitiva sustentável, ou se Coinbase e seus amigos conseguirão abocanhar sua participação de mercado se entrarem para o setor de empréstimos;

1. se a unidade econômica da empresa está em perigo, já que a margem de juros líquida no empréstimo cripto diminuiu rapidamente; e

2. quão efetivas são suas políticas de gerenciamento de risco.

Apenas leva um semestre ruim para falir esse tipo de negócio, conforme demonstrou o Cred.

7) O calendário de não IPOs cripto: DCG

Sinceramente, é difícil imaginar o Digital Currency Group ser listado em bolsa, então talvez nunca saberemos quanto a empresa realmente vale. Barry Silbert não tem ar de CEO de uma empresa listada em bolsa (por que ser Warren Buffett se você pode ser Charles Koch?) e a empresa nunca precisará de mais dinheiro. Uma apresentação de 2018 mostrou que a empresa tinha US$ 500 milhões de ativos e nenhuma dívida ao longo de junho daquele ano. Desde então, o preço do bitcoin triplicou enquanto as subsidiárias DCG aumentaram sua receita em cinco vezes. Juntas, as empresas irão ultrapassar US$ 150 milhões em lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) em 2020 e seu crescimento está acelerando devido ao monopólio da Grayscale sobre o mercado de “ETFs” cripto. Além disso, esses números são basicamente anuidades já que a Grayscale está estruturada de tal forma que ativos sob gestão literalmente não podem alcançar. Suas taxas só serão ameaçadas por competidores quando novos produtos forem aprovados e/ou passem por algum tipo de problema regulatório inexplicável.

“É sério? E a liquidez para investidores iniciais?”

Na verdade, eles têm uma solução lógica para isso.

Segundo SecondMarket, antecessora da DCG, ofertas de aquisição de empresas privadas eram parte integral do negócio. A mesma especialização em mercados privados foi o que ajudou Barry e companhia a identificarem o ardiloso caminho à comercialização dos fundos da Grayscale. DCG realizou diversas aquisições de ações privadas no fim de 2017 como parte de uma reestruturação da empresa. Não seria de se surpreender se realizarem mais dessas aquisições em 2021. A empresa comprou de volta ações a uma valoração de US$ 650 milhões em dezembro de 2017, mesmo que seus balanços com ativos líquidos fossem maiores do que isso na época (graças àquela queda do BTC). A aposta está em Barry por uma grande compra gradual de gestão (até mesmo em conjunto com seu amigo bilionário Glenn Hutchins) quando quiser, antes do DCG ser listado em bolsa.

Não espere que DCG seja listada em 2021. Jack Purdy (Messari) acredita que é uma empresa de US$ 4 bilhões. Acreditamos que está próxima dos US$ 15 bilhões. Isso não importa. DCG poderia ter a primeira impressão de seu EBITDA de um bilhão de dólares em 2021 se o bitcoin chegar a US$ 100 mil e viveríamos felizes (e privados) para sempre.

Valoração de soma das partes do Digital Currency Group (em milhões de dólares)

8) Principais alvos de fusões e aquisições

DCG pode ser um caso isolado em termos de geração de lucro, mas não é a única empresa que está cheia da grana agora. Mercados de alta criam efeitos de riqueza e todas as grandes corretoras e projetos cripto parecidos produzindo senhoriagem terão muito para gastar no próximo ciclo. Ao mesmo tempo, Wall Street pode sentir a necessidade de adquirir infraestruturas, criando três diferentes conjuntos de compradores com orçamentos de bilhões de dólares para investimentos estratégicos. Se BTC atingir a mágica capitalização de mercado de US$ 1 trilhão em 2021, não é possível imaginar quantos bancos podem tentar alcançá-lo sem se comprometerem a um sério crescimento inorgânico por meio de M&As. Precisarão de cerca exposição ao crescimento em um ambiente de juros negativos.

Quais são as principais apostas? Prime brokers (BitGo), custódia (Anchorage) e dados (CoinGecko, Etherscan).

9) Trabalhe para ganhar: financie, vote e desenvolva

No fim do dia, alguém precisa trabalhar. Felizmente, nunca houve um melhor momento para se unir à luta (seja meio período ou em tempo integral) e começar a contribuir. Basicamente, isso significa que você pode trazer uma dentre três coisas à mesa: código, capital ou conteúdo.

A mentalidade sempre foi a de incentivar desenvolvedores a realmente criarem esses protocolos. Este ano, contribuidores, que não são fundos de capital de risco, finalmente tiveram seu momento graças a “liquidity mining” — quando formadores de mercado ganham recompensas para fornecer liquidez a um token específico. Porém, grande parte dos projetos também está começando a abrir suas carteiras para produtores de conteúdo, consultores, marqueteiros e até mesmo supervisores e representantes de votação para patrocinar recursos educacionais, facilitar comunicações com stakeholders em um mercado tumultuoso e garantir que as pessoas revisem propostas e votem em parâmetros do sistema.

10) Ativos indicados pela equipe da Messari (para “HODLing”)

Não quer saber o que a Messari acha? Quer ver o portfólio deles?

Um analista de pesquisa tradicional pode não gostar que a Messari se exponha a risco com alguns ativos que acompanha. Porém, é importante entender que a equipe evitou algumas restrições complexas de negociação em suas análises (com exceções óbvias) porque acredita que isso é contraproducente. Se você entende tão bem sobre cripto, por que não arregaça as mangas e participa desses protocolos?

Ryan Selkis: BTC, ETH, ZEC, YFI, FIL, LTC (via Grayscale, e não à vista), LUNA, SIA, ANT, NXM, REN e vários outros.

Ryan Watkins: ETH, RUNE, YFI, HNT, CVP, ANT, LUNA, CREAM, RPL. Basicamente: compre ativos DeFi e ether e aposte na inovação de governança.

Wilson Withiam: ETH, BTC, HNT, UNI, liquidez entre blockchains (RUNE) e redes de staking de liquidez (RPL), bem como DOT/KSM (ofertas iniciais de parachains que relembram a febre das ICOs em 2017 e KSM pode aparecer por aí).

Aidan Mott: BTC, ETH, renZEC, CVP, HEGIC, CHI (tokens de compra de gás que estão canibalizando o mercado de espaço de blocos na Ethereum), YAX e AXS (junção de CryptoKitties e Tamagotchis: por que não amar?).

Mason Nystrom: ETH, BTC, UNI, YFI, ANT (após a fusão com ANJ), tokens de governança que geram rendimentos, AXS, redes e mercados governados pela comunidade (RARI, AUDIO), blockchains de aplicação específica (HNT), tokens (NFTs e ERC-20) com parcerias exclusivas (NBA Top Shot, SoRare, CHZ).

Jack Purdy: HNT, BTC, ETH, YFI, ALPHA, HEGIC, PERP — derivativos descentralizados são corretoras descentralizadas de 2019: divulgadas, mas (ainda) sem muita usabilidade. Esperamos que chamem a atenção em 2021.

Eric Turner: BTC, ETH, ZEC, YFI, MLN, RUNE, CVP (qualquer coisa que agregue liquidez, rendimento, governança etc.) facilitam a participação das pessoas.

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