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Isaac Ferraz: O direito à cidade

25 jun 2019, 13:09 - atualizado em 27 jun 2019, 16:46
Sem organização, o crescimento das cidades foi construindo uma realidade obsoleta à maioria dos seus habitantes (Imagem: Pixabay)

Por Isaac Ferraz, pesquisador de Mobilidade Urbana, Coach e Sociólogo – Siga no LinkedIn

Em meio a uma era em que a humanidade se urbanizou, não implica em dizer que haja urbanismo. Melhor: vivemos numa crescente urbanização sem urbanismo. Nas últimas décadas, o aumento da população urbana vem sendo avassalador, porém, com cidades sem infraestrutura básica para abarcar tamanho contingente, comprometendo a mobilidade dos seus habitantes. Num cenário que apresenta deficiências expressivas, compromete-se a mobilidade do capital.

E é assim que se abre o primeiro artigo da nossa coluna – Mobilis Money – um espaço dedicado a publicações, semanais, com textos que trazem a problemática da Mobilidade Urbana como eixo condutor de nossas discussões. Como tratamos de uma temática que “dita” as ordens, não somente do mercado, mas de nossas vidas, cabe trazer questionamentos, discussões, como um direito à cidade como algo ainda não conquistado pela maioria dos seus habitantes.

Sem organização, o crescimento das cidades foi construindo uma realidade obsoleta à maioria dos seus habitantes, ao mesmo tempo em que impulsionou novos cenários de mobilidade, tais como, aplicativos de transporte, bikes, patinetes, dentre outros, o que caracteriza a possibilidade de serem projetados planos de sustentabilidade. Mas há o grande contingente, a grande força de trabalho que movimenta e impulsiona o mercado, e que ainda não tem acesso à maioria dessas alternativas.

Com planos de mobilidade que foram sendo traçados sem ter o habitante, sem ter a força de trabalho como sua primazia, muitos centros urbanos focaram na construção de grandes radiais, sem considerar o seu local de partida, a sua moradia. Com um cenário que já nasce deficitário, a mobilidade das pessoas tem um comprometimento, por si só, potencializado por um transporte público com ampla problemática. Trata-se de um meio de transporte que abarca o grande público.

A diversidade de ângulos de observação estará sempre presente em nossas discussões, sem se ater a um público X ou Y, pelo contrário, mas atender o urbano: visualizarmos as nossas cidades a partir de uma nova ótica e pensarmos um novo cenário para elas, ou seja, para nós. Com uma mobilidade que se tornou uma questão crítica, há uma mudança de paradigma que vem se projetando – a emergência por uma nova forma, tanto de habitar quanto de se locomover pelo espaço urbano – é um direito à cidade.

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