Perspectiva 2024

ITUB4, BBDC4, SANB11, BBAS3: Qual bancão merece estar na sua carteira em 2024? Um papel pode virar o jogo; veja qual

15 dez 2023, 19:30 - atualizado em 16 dez 2023, 10:32
banco do brasil itaú santander e bradesco
No terceiro trimestre de 2023, os quatro grandes bancos — Itaú (ITUB4), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) — somaram lucro de R$ 23,2 bilhões (Imagem: Freepik)

Setor presente na carteira de muitos investidores, 2023 pode ser considerado um bom ano para os bancos, destacam analistas que conversaram com o Money Times. É verdade que em janeiro, o rombo de R$ 20 bilhões da Americanas (AMER3), uma das maiores fraudes financeiras da história do Brasil, assustou.

A crise da varejista, concentrada no ‘risco sacado’, quando a empresa ‘tercerizava’ o pagamento de fornecedores via bancos, pegou o setor em cheio. Porém, analistas dizem que o sistema se comportou bem e, apesar do aperto momentâneo, as instituições financeiras conseguiram se recuperar.

No terceiro trimestre de 2023, os quatro grandes bancos — Itaú (ITUB4), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) — somaram lucro de R$ 23,2 bilhões, o quinto maior da história em valores nominais, segundo levantamento de Einar Riveiro, consultor independente e colunista do Money Times.

Por outro lado, a provisão para devedores duvidosos (PDD), que impacta os lucros dos bancos, somou R$ 32,5 bilhões, o segundo maior valor registrado em termos nominais. O pico foi no quarto trimestre de 2022, com R$ 36,3 bilhões em PDD.

A equipe do Itaú BBA está otimista com o setor, dada a potencial combinação de valuation barato, aceleração de lucros via NPLs (taxas de crédito inadimplentes) do varejo e clareza de excessos regulatórios.

De acordo com a corretora, pode parecer cedo, mas a situação dá a entender que existe uma janela de oportunidade de médio prazo para investidores adicionarem exposição.

Bons para uns, nem tão bons para outros

Apesar de destacarem que, de forma geral, houve aumento de rentabilidade e controle da inadimplência, analistas dizem que essas melhoras se deram de maneira diferente entre os bancos.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destaca que enquanto em 2021 e 2022 as intuições foram mais ousadas em capturar participação no mercado oferecendo crédito mais arriscado, em 2023 houve maior controle.

“O grande destaque foi Banco do Brasil, muito porque o seu crédito está concentrado no agronegócio. Naturalmente, ele oferece mais crédito a um setor que está indo bem. Itaú foi muito bem novamente, tem boas iniciativas que trazem resultados, mostra que é o grande banco do Brasil”, coloca.

Eduardo Siqueira, analista da Guide Investimentos, também destaca que o controle de inadimplência foi a tônica dos bancos em 2023. “Itaú e Banco do Brasil de forma mais benigna, bancos mais seletivos na concessão de crédito e carteiras mais defensivas para uma eventual deterioração do cenário”, pontua.

Por outro lado, Santander e Bradesco sofreram mais, já que são bancos com maior exposição aos juros. Com a disparada da Selic, os resultados da tesouraria ficaram comprometidos.

A diferença entre Santander e Bradesco, de um lado, e Banco do Brasil e Itaú, do outro pode, ser sentida no desempenho na bolsa. Enquanto os dois primeiros subiram 15% e 17%, respectivamente, BB disparou 62% e Itaú 33%, segundo dados do Google Finance.

Mas jogo pode virar…

Apesar de analistas não morrerem de amores por Santander e Bradesco, o jogo pode mudar para a dupla. O terceiro trimestre já mostrou sinais de melhora. E a queda dos juros, que deve chegar a 9% segundo expectativas do mercado, será o gatilho que faltava para as ações deslancharem. Contudo, os bancos terão que mostrar resultados.

“Itaú é um bom banco para um portfólio que tem como objetivo uma menor volatilidade e uma performance em linha com o Ibovespa. Mas, para uma tese mais focada em valorização do preço da ação e ganho de capital, gosto de pensar na reestruturação do Bradesco como uma boa oportunidade”, argumenta Nicholas Kawasaki, estrategista-chefe da Nova Futura Private.

Para ele, o banco de Osasco está implementando mudanças na diretoria, enquanto a presidência busca reverter o atual cenário desafiador que enfrenta. Já o Santander tem se esforçado em aprimorar sua análise de crédito, mostrando melhora nas provisões para devedores duvidosos.

Em relatório recente, o BTG lembra que um dos debates mais acalorados no setor hoje é se o BBDC4, que é negociado a um VP historicamente “barato” de 1,1x, é atraente ou não.

“Nós não pensamos assim. Mas muitos investidores, muitos deles “estrangeiros” experientes que cobrem as ações do setor financeiro de mercados emergentes há décadas, acreditam que sim”, coloca.

De acordo com o BTG, no final das contas, os investidores afirmam que muitos dos problemas enfrentados pelo Bradesco são cíclicos e, com base no desempenho passado, deveremos ver uma reversão à média em algum momento.

“O modo de aversão ao risco que o banco foi forçado a adotar para conter perdas e descobrir o que estava acontecendo levou a uma desaceleração massiva no crescimento dos empréstimos e um declínio muito forte de 5% na margem financeira com clientes no terceiro trimestre, que combinado (muito provavelmente) levará a um impacto (“carrego”) altamente negativo para o próximo ano”, prevê.

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Banco do Brasil no topo?

Se a discussão no Bradesco é se ação chegou no chão, no Banco do Brasil é se o papel alcançou o topo. Em relatório recente, o Bradesco BBI afirma que sim.

A corretora rebaixou a recomendação de compra para neutra, com preço-alvo R$ 59, o que oferece um potencial de alta limitado de 9%.

O BBI destaca quatro principais direcionadores para o Banco do Brasil “que parecem estar enfrentando incertezas crescentes”:

  • Banco Patagonia (possíveis mudanças na política macroeconômica na Argentina com a eleição de Javier Milei como presidente reduzem a visibilidade de curto prazo);
  • segmento rural (condições climáticas adversas podem ser negativas para empréstimos);
  • índice de pagamento (sem expectativa de melhora na política de dividendos, que deve permanecer com payout de 40%); e
  • receitas de tarifas, atualmente sob pressão.

Já Kawasaki, da Nova Futura Private, diz que a perspectiva de valorização do Banco do Brasil ainda se mantém, contudo, está ligada à maneira como o governo administrará a estatal.

“Os principais pontos observados pelos investidores são as nomeações e as políticas relacionadas a investimentos e distribuição de dividendos. O desempenho do preço da ação estará ligada diretamente às decisões e diretrizes adotadas nessas áreas”, completa.

Qual banco ter na carteira?

Comprar ou vender Bradesco ou Banco do Brasil está longe de ser um consenso, mas um bancão tem posição unânime: Itaú Unibanco. O banco foi citado por todos os analistas consultados pela reportagem como uma ação que não pode faltar na carteira.

Na visão do BTG, é o banco de varejo incumbente que passou pela transformação digital mais bem sucedida até agora, sendo o primeiro a compreender e aceitar a nova realidade.

“O conselho de administração permitiu que o CEO Milton Maluhy trabalhasse e trouxesse o banco de volta à vanguarda, tanto que já escrevemos há algum tempo que “o banco premium do Brasil está de volta”, analisa.

Além disso, o BTG lembra que o Itaú também fez algumas aquisições muito boas. Somente em 2022, anunciou as aquisições da plataforma global de investimentos Avenue e da corretora digital Ideal e formou uma JV com a empresa de software Totvs (TOTS3). Um dos lemas da empresa: “não sabemos tudo” (é preciso olhar para fora e aprender o tempo todo) e “vamos em equipe” (confiar e saber trabalhar com autonomia, além de ajudar e pedir ajuda).

Analistas da EQI destacam que o banco é o mais
posicionado no mercado, com a melhor qualidade de crédito. “Não esperamos que seu nível de provisionamento tenha que aumentar na mesma proporção que seus principais concorrentes”, discorrem.

Além disso, a casa vê a ação negociando a preços atraentes 7,8x P/E (preço sobre o lucro) 23P, ainda com desconto em relação a sua média histórica (8,5x), o que amplia a margem de segurança caso o cenário macroeconômico seja mais desafiador que o esperado e o crescimento projetado não aconteça.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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