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Ivan Sant’Anna: Hong Kong, a bomba-relógio

09 set 2019, 16:24 - atualizado em 09 set 2019, 16:24

Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Antes de mais nada, quero informar que este texto está sendo escrito na tarde de domingo.

Quando o caro amigo leitor começar a ler estas palavras, as sessões dos mercados asiáticos, inclusive e principalmente os da China e de Hong Kong já terão terminado.

Penso, e naturalmente posso estar equivocado, que as bolsas de lá deverão ter levado um tombo, arrastando inclusive a de Tóquio, como é de costume.

Eis o que aconteceu em Hong Kong no sábado e domingo:

Antes de mais nada, durante a semana passada, Carrie Lam, a chefe do Executivo da ilha, nomeada pela China, revogou a lei que permitia a extradição de seus cidadãos para a, digamos, pátria mãe, quando esta assim o determinasse.

Essa era a maior exigência dos habitantes da cidade semiautônoma (não tem forças armadas – apenas policiais –, nem política externa própria), que vinham protestando contra a lei havia várias semanas.

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Se os chineses acharam que Hong Kong voltaria à paz costumeira, enganaram-se redondamente. Eles agora têm uma série de novas reivindicações, entre elas a de eleger seus governantes. Seus métodos de protesto passaram a ser violentos. Muito violentos, coisa que jamais acontecera na antiga colônia britânica.

Os militantes incendiaram prédios e veículos, vandalizaram estações do metrô, shopping centers e construíram barricadas para se protegerem da polícia. Esta, por sinal, até agora não matou ninguém.

Dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria jovens, usando máscaras, capuzes e capacetes, marcharam até o consulado dos Estados Unidos, para pedir ajuda ao governo americano. Pura ingenuidade.

Caso Donald Trump iniciasse um conflito militar contra a China – e a hipótese de ele fazer isso é zero – para ir em socorro dos rebelados em Hong Kong, essa nova guerra faria com que as do Vietnã, do Iraque e do Afeganistão parecessem pequenas escaramuças.

Hong Kong é determinante na política comercial e financeira da China, com um sólido sistema bancário e um status especial nas importações e exportações de e para os Estados Unidos. Por isso, os chineses têm contido sua impaciência, com paciência chinesa (e com minhas desculpas pelo trocadilho).

Até agora os protestos têm sido concentrados nos fins de semana, só que cada vez maiores. No princípio, eram pacíficos. Agora se tornaram violentos.

Enquanto isso, os tanques da linha de frente do Exército do Povo (chinês) estão concentrados junto às cabeceiras norte das três pontes, apenas 30 quilômetros de distancia da ilha-província semiautônoma.

Como Donald Trump é meio amalucado mas de idiota não tem nada, jamais irá em socorro – a não ser teclando raivosamente seus twitters −− de uns ilhéus do outro lado do mundo.

Se, na noite de domingo para esta segunda-feira, as bolsas de Hong Kong e Xangai levarem um tombo, a reação será rápida no mercado financeiro ocidental.

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